NÚMERO DE MULHERES CEOs DOBRA NO BRASIL EM CINCO ANOS, MAS REPRESENTATIVIDADE AINDA É DESAFIO

NÚMERO DE MULHERES CEOs DOBRA NO BRASIL EM CINCO ANOS, MAS REPRESENTATIVIDADE AINDA É DESAFIO

Nos últimos cinco anos, o número de mulheres em cargos de CEO no Brasil dobrou, passando de 3% para 6% entre as 250 maiores empresas do país. Apesar desse avanço, a equidade de gênero ainda está longe de ser uma realidade no mundo corporativo. A pesquisa Sem atalhos: o caminho para a representatividade da mulher no topo e o valor para as empresas, realizada pela consultoria Bain & Company, revela que, embora haja progresso na inclusão feminina na liderança, barreiras estruturais e culturais ainda dificultam esse crescimento.

O levantamento, que entrevistou mais de mil profissionais, destaca que empresas com lideranças diversas são percebidas como mais inovadoras e abertas a novas soluções. Além disso, reforça que a diversidade não é apenas uma questão de justiça social, mas também um fator essencial para a competitividade e o crescimento sustentável dos negócios. Dados da pesquisa mostram que a presença de mulheres na alta gestão aumentou nos últimos anos, com o número de executivas subindo de 23% para 34% e o de conselheiras dobrando de 5% para 10%. No entanto, as mulheres ainda perdem representatividade à medida que avançam na carreira, especialmente na transição para cargos de média gerência, o que indica desafios estruturais que precisam ser enfrentados.

Para Luiza Mattos, sócia da Bain & Company responsável pelo estudo e líder das práticas de Saúde e Customer Experience na América do Sul, os números mostram avanços, mas também reforçam que há um longo caminho pela frente. “Precisamos ressaltar que houve uma evolução e a representatividade da mulher em cargos de liderança virtualmente dobrou nos últimos cinco anos, mas ainda está longe da equidade”, afirma.

A inclusão feminina na liderança traz vantagens evidentes para as empresas. O estudo aponta que organizações com equipes diversas são 1,8 vezes mais propensas a serem vistas como focadas na ação e na geração de valor, além de mais inovadoras e abertas a novas soluções. Outro ponto importante é a capacidade dessas empresas de incorporar a voz do cliente nas decisões e atrair talentos qualificados. A pesquisa também desconstrói o mito de que as mulheres não aspiram a cargos de liderança. Elas têm ambição semelhante à dos homens, mas por razões diferentes. Enquanto eles buscam o topo 1,7 vezes mais devido à pressão social e familiar e 1,3 vezes mais pelo status, as mulheres veem a liderança como uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

Para que a equidade de gênero avance de forma mais acelerada, a Bain & Company destaca algumas estratégias que as empresas devem adotar. O uso de dados para embasar decisões é essencial, permitindo que os resultados das políticas de diversidade, equidade e inclusão sejam monitorados e vinculados a indicadores de desempenho do negócio. Além disso, é necessário revisar os processos de liderança e estabelecer planos de ação específicos para a alta gestão, com metas claras e iniciativas de longo prazo. A comunicação também deve ser intencional, com a divulgação de avanços e objetivos em diversidade, promovendo uma cultura de oportunidades iguais para todos. Por fim, o engajamento da alta liderança é um fator determinante para o sucesso dessas iniciativas, garantindo que os executivos assumam corresponsabilidade na promoção da diversidade dentro das organizações. “Diante do crescente questionamento sobre a validade dos investimentos em diversidade, a pesquisa destaca a importância de lideranças diversas para o crescimento sustentável das empresas, expõe as barreiras à ascensão feminina e sugere ações para acelerar esse avanço”, reforça Luiza Mattos, que também lidera o grupo de afinidade Women at Bain.

Os dados da pesquisa deixam claro que, além de ser um compromisso ético, a equidade de gênero é um diferencial estratégico. A construção de um ambiente corporativo mais inclusivo não apenas fortalece a inovação e a competitividade, mas também contribui para um mercado de trabalho mais justo e equilibrado. Embora os avanços sejam evidentes, ainda há muito a ser feito para garantir que mais mulheres cheguem ao topo e contribuam de maneira significativa para um ambiente de negócios mais diverso e sustentável.

Foto: Luiza Mattos, sócia da Bain & Company responsável pelo estudo e líder das práticas de Saúde e Customer Experience na América do Sul.

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