AUMENTARAM AS DORES NAS COSTAS DURANTE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

As atividades do comércio já retornaram e estão perto do normal, assim como os demais setores da economia. Porém, as orientações das autoridades de saúde continuam apontando para as pessoas ficarem em casa o máximo que puderem, afinal, a pandemia ainda não acabou e não existe, ainda, vacina para combater o coronavírus. As academias de ginástica retornaram com horários reduzidos, assim como muitas empresas tem preferido manter seus funcionários em home office. Assim, a nova rotina que mistura trabalho em casa, sedentarismo e quilos extras vem deixando claras as queixas de dores nas costas, que aumentaram notadamente nos atendimentos médicos. “Percebemos que pacientes que já tinham algum problema de coluna relataram aumento da dor. E muita gente que não apresentava nenhuma queixa antes da pandemia começou a sentir dores nas costas em razão das mudanças nas atividades habituais, principalmente a falta de exercícios e os ambientes improvisados para trabalho e estudo em casa”, aponta o neurocirurgião Marcelo Sabbá.

Um apontamento interessante vem do Google Trends, serviço de análise de tendências do buscador Google, que apontou que a expressão “dor nas costas” nunca foi tão pesquisada como nos últimos meses no Brasil. Um aumento de quase 80% durante os meses de confinamento mais intensos. “É um problema grave e incapacitante. Dois estudos recentes (porém realizados antes da pandemia) apontaram que a prevalência pontual da dor lombar é de 12% da população e, com o envelhecimento da população, a tendência é aumentar. Trata-se de um dos problemas de saúde mais onerosos do mundo, gerando custos enormes em tratamentos e tempo perdido no trabalho. Pelo menos uma vez na vida, 80% das pessoas já sentiram esse tipo de dor”, comenta o médico.

Dr. Sabbá afirma que já era esperado entre os especialistas o aumento nos relatos de dor durante a quarentena em que o país vive. De toda forma, na maioria das vezes, as causas são o sobrepeso, o sedentarismo, tabagismo e má postura (a posição do pescoço dobrado para ver smartphone) ou, ainda, posições inadequadas para trabalhar no computador e a junção de tudo com os afazeres domésticos. “Porém, as dores podem indicar problemas mais graves como, por exemplo, uma hérnia de disco; então, é importante ter a avaliação de um médico’, diz.

Como avaliar a dor?

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que que lombalgia é a segunda maior causa de visita aos consultórios médicos, perdendo apenas para dor de cabeça. ”Automedicação é algo muito comum quando o assunto é dor nas costas. Mas isso deve ser evitado”, explica. Massagens, alongamentos e compressas podem ajudar. Os sinais de alerta e de gravidade, de acordo com Dr. Sabbá, incluem irradiação para os membros, perda da força, tempo da dor, variação conforme a posição do corpo, alteração da sensibilidade, choque, formigamento e até dificuldade para urinar. “Com esses sinais, é preciso procurar o médico”, orienta.

Exercício físico previne dor nas costas

Artigo científico publicado no The Journalofthe American Medical Association (JAMA), em 2016, confirma que o exercício físico é o pilar na prevenção das dores nas costas. Além disso é essencial reforçar, segundo o neurocirurgião, a importância da ergonomia no trabalho e das medidas educacionais para afastar a possibilidade de dor. “Com tudo o que estamos vivendo, estamos em um momento potencialmente perigoso para a saúde da coluna”, continua Dr Sabbá.

É muito mais desafiador treinar em casa, mas as pessoas não devem desistir ou, ainda, ficar esperando o retorno das academias e a abertura dos parques, de acordo com o neurocirurgião. “É preciso conseguir criar um planejamento de atividades físicas em casa. Melhor quando se tem a orientação de um treinador, para evitar qualquer risco de lesão. E lembrar sempre da importância do alongamento”, aponta.

Somado aos exercícios, Dr. Sabbá pede atenção com os espaços de trabalho (ou estudo): a tela do computador deve estar na mesma linha da visão, os pés devem estar sempre apoiados no chão e as pernas flexionadas em um ângulo de 90 graus em relação ao tronco e ao piso, eo dorso do corpo encostado corretamente na cadeira.

O neurocirurgião ainda reforça que as pausas são importantes. Às vezes, o trabalho exige que fiquemos na mesma posição por bastante tempo, entretanto é necessário parar de tempos em tempos e se movimentar. Assim,mantemos os músculos em atividade, evitando possíveis complicações.

Marcelo Sabbá é neurocirurgião com atuação em neuro-oncologia, Microcirurgia Vascular, tratamento da dor, patologias da coluna vertebral, além de procedimentos minimamente invasivos no cérebro e na coluna. Realizou especialização em neuro-oncologia na Cleveland Clinic, além de pós-graduação no Hospital Sírio-Libanês. Atua como neurocirurgião assistente no Hospital Boldrini e Instituto Radium de Oncologia. É membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e da Society for NeuroOncologyLatinAmerica (SNOLA).

 

Foto 1 – Dr. Marcelo Sabbá.

Foto 2 – Dr. Marcelo Sabbá realizando exame em paciente.

Crédito: Divulgação.

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