SETORES DE VAREJO E SERVIÇOS INDICAM CRESCIMENTO DA ECONOMIA

COLUNA DO CONSULTOR JORGE BAHIA – CEO DO GRUPO BAHIA ASSOCIADOS

Dois setores sensíveis quanto ao acompanhamento da perspectiva econômica, acenam com cenário mais promissor para a recuperação da economia. Apesar dessa boa projeção, especialistas recomendam cautela na análise e principalmente quanto as perspectivas pois, como exemplo, se considerarmos o aumento da demanda das famílias, uma contrapartida forte a ela é a recuperação do mercado de trabalho que indica, atualmente, a baixa qualidade em termos estatísticos dos empregos gerados, ou seja, não há, ainda, dados seguros para se afirmar que temos a geração de emprego que não seja com base em demanda pontual. A sustentabilidade empregatícia de mão de obra precisa ser confirmada nos próximos meses.

O segmento de hiper e supermercados ratifica a recuperação das vendas no varejo, e indica que a mesma ocorreu nesse setor específico, pela redução de preços de produtos básicos voltados ao sustento das famílias. Dessa forma se considerarmos que no varejo, em geral, tivemos impacto positivo pelo aumento do crédito e pela empregabilidade, podemos também considerar que nessa linha de atividade específica do varejo, os hiper e supermercados, tivemos a redução de preço de alguns produtos importantes no consumo das famílias. Essas três variáveis ajudaram o setor varejista a reagir e demonstrar que temos uma reação simples, mas sem dúvida, trata-se de uma reação.

Ponto importante nessa avaliação é a taxa SELIC e o seu comportamento no tempo. O COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu, no mês de setembro a taxa SELIC de 6% para 5,5%. Essa mudança da taxa tem três impactos diretos que estão relacionados ao controle da inflação, aos rendimentos para os investimentos realizados, e ao custo de empréstimos oferecidos. Caso ela fosse aumentada a sinalização do Banco Central para o mercado estaria voltada a desacelerar a economia, o que atualmente não é a melhor alternativa.

A baixa da SELIC aquece o consumo inclusive com a disponibilização de créditos mais acessíveis ao consumidor. O fiel da balança aí, fica sendo, a meta de inflação projetada pelo governo, pois o aumento da SELIC é empecilho para uma inflação alta, já a baixa da SELIC é incentivo para aumento da inflação. Essa é a mediação realizada pelo COPOM, e atualmente com a inflação dentro da meta projetada há a condição de termos uma queda da SELIC como ocorreu em setembro, buscando o aquecimento da economia inclusive com a diminuição de juros tornando possível a disponibilidade de crédito ao consumidor. Esses fatores explicam a reação do setor de varejo o que para muitos foi uma surpresa.

Já o setor de serviços tem uma relação bem direta com o comportamento do varejo quanto aos serviços disponibilizados para as famílias, ou seja, quando temos o crescimento de consumo de itens básicos, o setor de serviços para a família, para a pessoa, tende não como regra, mas há essa tendência, a apresentar o mesmo ritmo.

Mesmo com esse crescimento que demonstrou ser mais forte nos serviços relacionados a informação e telecomunicações, e a em tecnologia da informação, a recomendação é de termos prudência na análise dos dados, pois busca-se nos mesmos evidencias de que tenhamos um crescimento sustentável e gradual para o setor.

Assim como o aumento da arrecadação federal no mês de julho último foi um forte indicativo de que os piores tempos com relação à economia, tudo indica, são passado, os dados dos setores de varejo e serviços ratificam essa recuperação.

Por outro lado, a reação do setor industrial deve demorar mais um pouco sendo vista, também, com otimismo, mas para o início de 2020.

Ponto importante nessas avaliações, considerando a reação da indústria para o início do próximo ano, é o fato da nossa economia estar aprendendo a se distanciar de questões políticas e de momentos conturbados com relação a atos, ações e declarações de nossos políticos. Fora isso as reformas em andamento acenam de maneira positiva para momentos futuros. Precisamos torcer para que essa recuperação e esse otimismo dos setores de varejo e de serviços contagie, de vez, a indústria e possamos virar essa página de retração e estagnação econômica.

 

Jorge Bahia, consultor e sócio proprietário do Grupo Bahia Associados, bacharel em administração de empresas, contador, consultor de empresas, palestrante, professor em cursos profissionalizantes, com experiência profissional de mais de 20 anos em empresas multinacionais atuando na área fiscal, tributária, contábil e controladoria

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