VENDAS DE PÁSCOA DEVEM CAIR 50% NA REGIÃO DE CAMPINAS

As previsões otimistas para o comércio na Páscoa 2020, feita em fevereiro passado, caíram por terra com o efeito do fechamento das atividades do comércio e serviços não essenciais, a partir de 24 de março até 7 de abril, no Estado de São Paulo, para a contenção da disseminação do coronavírus. O comércio de Campinas deverá sofrer retração de 45% (50% na Região Metropolitana), e não deverão ser abertas vagas para trabalhos temporários. Pelas análises de fevereiro havia uma perspectiva de contratação de mão de obra de 2.570 empregados em Campinas, e de 5.110 na sua

Região Metropolitana, o que representava uma oferta de trabalho temporário superior em 3,86% em comparação a 2019. “Não deverá ocorrer contratação de temporários, sendo que o comércio utilizará os funcionários próprios, que seguem empregados. Os trabalhadores perderão um total de 7.680 vagas temporárias nesse período”, calcula o economista e diretor da Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC) Laerte Martins. O impacto financeiro no volume de vendas deverá sofrer uma redução drástica, uma vez que o foco de vendas na Páscoa se concentra em ovos de chocolate, chocolates e seus derivados.  Por outro lado, há outros os produtos tradicionais da data, como bacalhau, peixes em geral e frutos do mar.  Nesse aspecto, o que chama a atenção é o nível de preço. “Normalmente, há uma elevação no preço desses produtos, porém, no momento, o mercado não há de se aventurar em uma precificação abusiva, além dos 6% previstos”, acredita o economista.

O volume de vendas na Páscoa, não deverá ultrapassar em Campinas os R$ 132 milhões (contra R$ 270 milhões vendidos em 2019) e R$ 267 milhões na RMC (contra R$ 533 milhões auferidos no ano passado). O ticket médio deverá, também, sofrer uma redução, ficando em torno de R$ 100,00, na média, por presente, considerando, principalmente os Ovos de Páscoa. Em 2019 o ticket médio foi de R$ 131,00.

Balanço de março

O levantamento apresentado pela ACIC (baseados nas consultas e pesquisas do Boa Vista – SCPC e indicadores do IBGE, CAGED/RAIS, Ibovespa, FGV) indica, de acordo com o SCPC de março de 2020, uma redução de 55% em relação às vendas de março de 2019, e uma queda de 37,3% se comparadas a fevereiro de 2020. Na primeira quinzena (do dia 1º até 15 de março) a queda foi de 9,5%. Já na segunda quinzena (de 16 a 31), com a decretação da Pandemia da Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e as consequentes restrições na circulação de consumidores em todo o País, a queda foi de 44,5%. A queda no “poder de compra”, provocou a iliquidez do mercado consumidor, motivando o fechamento de um grande número de micro e pequenos empreendedores que, juntamente com os informais, ficaram desempregados.

Além desse aspecto, a iliquidez do mercado provocou no mês passado uma rápida evolução da inadimplência em Campinas e região, que cresceu em 124,72% em relação a março de 2019. Para as vendas digitais no varejo na região, a ACIC calcula um aumento de 5% no volume do ticket médio de compra, embora o valor efetivo (estimado em R$ 60 milhões), não tenha ainda sido avaliado neste momento. Vale lembrar, de acordo com a Boa Vista – SCPC que para 42% das empresas, as vendas online representam apenas 10% do faturamento total.

Panorama geral

Sob o efeito da Covid-19, o Ibovespa acumulou uma desvalorização de 29,9%. O dólar teve a terceira maior alta desde o Plano Real, com uma valorização de 29,5%, fechando a R$ 5,20 / US$.  Por outro lado, a crise influenciou na queda do preço do barril de petróleo para U$ 22,74, o menor valor desde 2002. Para conter a pandemia, as principais economias globais paralisaram atividades, o que, segundo economistas, deve gerar uma das piores recessões da História. A redução prevista para o PIB é de 2,5% a 3% (de R$ 7,2 trilhões em 2019 para R$ 6,9 trilhões, em 2020), provocando um impacto nominal de R$ 300 bilhões. Não se sabe quanto tempo durará a crise, mas os governos devem tomar medidas para financiar o efeito da Covid-19, a fim de salvar as vidas e evitar uma queda maior na economia.

Será necessário um aumento temporário e substancial do déficit público, que poderá atingir R$ 500 bilhões para socorrer o desemprego, o fechamento de empresas, a perda de renda dos menos favorecidos na economia formal e informal, além de outras medidas macroeconômicas. “Com certeza, essa conta será cobrada de todos, lá na frente, mas temos que manter a situação de isolamento e locomoção na população de maior risco –  os idosos – para reduzir ao máximo a taxa de mortalidade que já está a níveis elevados, em vários países”, orienta Laerte Martins.

 

Foto 1 – Economista da Acic, Laerte Martins.

Foto 2 – Comércio regional.

Crédito: Divulgação.

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