ARTIGO – INTERNET DAS COISAS: A REVOLUÇÃO QUE AINDA ESTÁ POR VIR

Dane
Avanzi
A internet das coisas, nome dado à
futura geração de eletroeletrônicos, veículos automotores e qualquer outro tipo
de dispositivo capaz de se comunicar via TCP/IP, compartilhando informações e
interagindo com outros dispositivos, é literalmente a “bola da vez”
no planejamento estratégico de grandes e pequenas empresas em todo o mundo.
O Google, por exemplo, que já tem
investido pesado há anos no projeto do automóvel sem condutor guiado por GPS,
comprou recentemente a Nest, empresa de termostato, por US$ 3,2 bilhões. Dentre
outras inovações e interações, a próxima versão do sistema operacional do
smartphone da Apple, o iOS 8, permitirá que você controle dispositivos
smart-casa a partir de seu iPhone.
Com a possibilidade de integrar o
protocolo TCP/IP a dispositivos dos mais comuns aos mais sofisticados, desde
uma cafeteira a um automóvel, a internet das coisas pode criar diferenciais
competitivos para todos os tipos de indústrias. Nesse contexto, muitas empresas
estão se unindo para unificar o padrão tecnológico e alinhar aspectos técnicos
que deverão ser comuns à todos os dispositivos.
Para tanto, mais de 40 organizações,
incluindo British Telecom, IBM, Google, uma série de startups e universidades,
estão trabalhando conjuntamente para permitir que sensores e dispositivos
possam compartilhar dados automaticamente com muito mais facilidade e
viabilizar a popularização e disseminação da internet das coisas.
Eles apelidaram tal projeto de
HyperCat. O grupo espera poder incentivar uma internet das coisas com base em
padrões abertos que possibilite o acesso de pequenos players, ao
invés de um modelo no qual todos os dados estarão limitados por padrões e
aplicativos ligados a produtos de grandes empresas. Grandes empresas,
geralmente usam a estratégia de criar sistemas operacionais, protocolos e
padrões próprios, que não se comunicam com o de concorrentes. Exemplo clássico,
Windows e Apple.
O projeto HyperCat formou oito
equipes com foco em diferentes mercados no qual a internet das coisas poderiam
trazer benefícios, tais como educação, veículos, aeroportos e cidades
inteligentes. Os grupos utilizaram a especificação HyperCat para criar
interoperabilidade dentro de seu cluster e, em seguida, entre
os clusters. O projeto já trouxe resultados tangíveis com redução
de custos de energia e geração de outras informações, incluindo a
disponibilização de dados que outros possam usar.
No entanto, padronização de
protocolos é apenas um dos desafios dessa nova tecnologia. Estamos hoje na
transição do IPV4 para o IPV6, sistema que gerencia a quantidade de IP’s
existentes em toda a internet hoje. Com a internet das coisas, a quantidade de
endereços IP’s crescerá exponencialmente, pois cada dispositivo terá um
endereço na rede. Outro desafio, esse bem mais difícil de suplantar, é que
todos os dispositivos utilizarão o espectro radioelétrico para se comunicar.
Ocorre que o espaço radioelétrico é um recurso natural finito, escasso e não
renovável. Hoje a situação já é bem crítica.
Seja como for, esse não é o primeiro
desafio de padronização de tecnologia do homem no que tange a evolução das
telecomunicações. O primeiro da história, que coincide com a criação da UIT
(União Internacional das Telecomunicações) em 1854, ocorreu por ocasião da
padronização das linhas telegráficas. Na época, cada país tinha uma codificação
e um padrão de telégrafo.
Recentemente, a própria internet só
alcançou abrangência global quando fabricantes de produtos de informática e
telecomunicações padronizaram o protocolo TCP/IP, pois inicialmente a grande
variedade de protocolos não possibilitavam a interoperabilidade entre
dispositivos. Dessa vez, não será diferente. Não obstante as dificuldades, a
capacidade de criação humana engendrará uma nova tecnologia que trará profundas
transformações no estilo de vida das pessoas e na maneira de se relacionar com
a internet e a própria existência.
Dane Avanzi é vice-presidente
da Aerbras, diretor superintendente do Instituto Avanzi, advogado especializado
em telecomunicação e autor dos livros “Radiocomunicação digital: sinergia e
produtividade” e “Como gerenciar projetos”.

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