JUNHO AMBIENTAL

30 de julho de 2015.
ARTIGO DA ENGENHEIRA CIVIL MARCIA RAMAZZINI

Todo 5 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, porém nunca
se falou tanto sobre o tema como neste ano.
A Conferência do Clima em Paris, será realizada de 30 de novembro a 11
de dezembro, deverá atrair cerca de 50.000 pessoas de 95 países. A
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCC)
visa conter as emissões de carbono, visto que as Nações Unidas têm como objetivo
limitar o aquecimento global em 2ºC.
As mudanças climáticas estão ocorrendo nos quatro continentes. Seca na
Califórnia, ondas de calor na Índia ocasionando mortes, falta de água na região
sudeste do Brasil que já está na iminência de ficar sem energia, inundações no
deserto do Atacama e isso sem falar no terremoto do Nepal, dentre outras
catástrofes ambientais. Assim, a Conferência do Clima virá no momento adequado
para acordos de redução da emissão de carbono.
Representantes de 200 países se reuniram em Bonn, na Alemanha no início
de junho com objetivo de preparar o acordo para a Conferência de Paris. Porém,
houve pouco progresso. Os participantes reclamaram do tempo exíguo, sendo que
basicamente cinco temas foram discutidos.
Objetivo a longo prazo: limitar a 2ºC o aquecimento global.
Divisão de esforços: é o mais polêmico. A novidade é a liderança
que a China adotou como país em desenvolvimento. O país do oriente quer manter
as condições da Rio 92, onde os países em desenvolvimento não assinaram o
protocolo de Kioto visando não limitar seus crescimentos. Porém, a China se
esquece que é a maior emissor de carbono da atualidade.
Adaptação à mudança climática: alguns países da América Latina
querem receber “perdas e danos”. Afirmam terem sido afetados por mudanças
climáticas em algumas ilhas e estados, com prejuízos ao seu desenvolvimento.
Financiamento: países desenvolvidos deverão desembolsar 100 bilhões de dólares
até 2020 para que países em desenvolvimento se adequem à energia limpa.
Forma jurídica do acordo: retificar a fórmula utilizada
no protocolo de Kioto ou transformar em Declaração Política acarretando menor
impacto.
Enfim, uma nova reunião deverá ocorrer em setembro para acertos antes da
Conferência de Paris.
Por outro lado, a grande novidade positiva do mês foi o lançamento, no
dia 16 de junho, da Encíclica Papal “Laudato si” ou “Louvado Seja”, sobre
ecologia. Pela primeira vez o Vaticano se manifestou sobre o tema meio ambiente
e veio no momento certo. O Papa Francisco é uma pessoa carismática, respeitada
e progressista.
Há um ano, o pontífice vem consultando especialistas e, agora,
responsabiliza a sociedade pela situação climática atual, pede por mudança de
hábitos, racionamento e conscientização.
Segundo ele “ecologia não é apenas uma questão de economia, mas também
de ética e de antropologia”. Penso que nada do que disse é novidade, porém,
teme que a escassez de recursos naturais possa levar futuramente a guerra entre
nações .
Já no dia seguinte a publicação “Laudato si” foi o lançamento de Jeb
Busch como candidato a presidente dos Estados Unidos pelo partido republicano.
Filho e irmão de ex-presidentes, sempre teve a imagem de um político mais
moderno e maleável, mas começou mal.
Criticou o papa publicamente no discurso de lançamento de sua campanha,
embora sempre tenha vendido a imagem de católico fervoroso. Casado com uma
hispânica, tem tudo para amealhar voto dos imigrantes. Mas, católicos não
gostam que falem mal do papa e hispânicos são na maioria católicos. Portanto,
Sr. Jeb Busch, perdeu uma grande oportunidade de ficar quieto, visto que os EUA
são um dos maiores emissores de carbono. Seu pai não assinou o protocolo de
Kyoto, mas com certeza Barack Obama em final de mandato vai assinar acordo
firmado na Conferência de Paris. Se Jeb for o vencedor terá que cumprir!
Portanto, meio ambiente foi o foco do mês de junho.
E o Brasil? Nossa região sudeste continua a mesma. Nossas reservas
aumentaram graças a chuvas fora de época e a escassez de recursos hídricos
deixou de ser foco. Adotaram medidas punitivas apenas, ou seja, o valor da
conta de luz foi aumento em até 45% e só. As obras que estavam sendo feitas
pelo governo do estado foram postergadas e, ainda por cima, reduziram nossa
cota de retirada de água do rio Atibaia.
Bem, continuamos como a dois meses atrás, sem ações eficazes e na
eminência de racionamento de água e energia e aguardando a vontade de Deus
visto que para alguns ministros é o grande responsável por esta situação.
Marcia Ramazzini é engenheira civil pela PUC Campinas, Engenheira em
segurança do trabalho e Meio ambiente pela Unicamp e mestranda em Saúde
Ocupacional também pela Unicamp. Tem especializações em Riscos Industriais e
Construção Civil pela OSHA (Occupational Safety Health Administration),
Ministério do Trabalho dos Estados Unidos. Marcia é diretora da Ramazzini
Engenharia e tem 20 anos de experiência de mercado.
Compartilhe:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Veja também

LEGISLAÇÃO DE TRANSPORTE DE PETS PELAS COMPANHIAS AÉREAS

ARTIGO DA ADVOGADA LAURA FALSARELLA O recente caso do cão Joca causou uma comoção geral, …

Deixe uma resposta

Facebook
Twitter
LinkedIn