O LADO NEGRO DA INFORMAÇÃO

29 de março de 2016.
ARTIGO DO PROFESSOR E PSICÓLOGO ALEXANDRE ROMEIRO
As novas tecnologias
da informação e da comunicação são celebradas como a nova onda revolucionária.
Ela viabiliza o armazenamento e a troca de informação como: e-mails, mensagens,
registro e compartilhamento de fotos vídeos e áudios, além da criação de bancos
de dados da nossa própria vida. Essa conectividade e acessibilidade é fabulosa.
Trouxe facilidades que a vida pareceria impraticável sem ela – imagine nós,
homens das cidades, sem computador e sem internet.
Entretanto, com o que
é bom veio algo de ruim. A informação tem o seu lado negro. Assim como os
computadores tem cada vez mais dificuldade de processar tantos dados (Big Data)
e precisam ter capacidade de processamento aumentada e softwares melhor
desenhados, as funções executivas da nossa mente também sofrem.
Por natureza, nossa
mente tem a função de operar novas informações e problemas do mundo. Seu papel
é compreender, lembrar, solucionar problemas, decidir, planejar, memorizar,
criar, inibir, entre outros. Seu tamanho representa apenas 4% do tamanho do
cérebro e é a última região desenvolvida evolutivamente, o que denota sua
eficiência energética e de processamento ainda pouco desenvolvidos.
Especialistas apontam
que o lado negro da informação para o cérebro está na quantidade e na
fragmentação. Cada vez que estamos com foco em uma tarefa e somos distraídos
por algo (como uma mensagem no celular), em especial se o conteúdo dispara
emoções negativas, gastamos considerável energia para retornar no foco da
atividade principal. Como a energia mental é escassa, retornamos com
empobrecida capacidade de processamento. Segundo pesquisadores, 28% do tempo de
trabalho é gasto com interrupções pelo formato da TI, pelo ambiente de trabalho
e por características pessoais, o que implica significativo custo financeiro e
para a qualidade de vida.
O pensador italiano
Franco Berardi diz que essa torrente de informação pode ser tão invasiva e
prejudicial para a qualidade do pensamento, até o ponto em que os estímulos não
são mais processados criticamente. Entramos em estado de torpor e de escolhas
pouco conscientes, na esfera do que ele chama de Neuromagma. Nessa condição,
ficamos mais expostos ao pânico e à depressão, afinal, está mais difícil
processar saídas.
Nosso desempenho
mental afunda e nós não conseguimos simplesmente instalar uma placa maior de
memória no cérebro. O que conseguimos fazer é ajustar nossa maneira de lidar
com a informação e como organizamos nossa vida no trabalho. Seguem algumas
sugestões.
Primeiro, quando você
precisar trabalhar focado em uma tarefa desafiadora, elimine todas as distrações
externas: desligue o celular, o bip de novos e-mails e outros alertas sonoros;
elimine outras possíveis interferências do ambiente de trabalho; se necessário,
avise os outros que não pode ser incomodado. Segundo, reconheça e acalme seus
ruídos internos, como emoções negativas, utilizando uma ou mais técnicas de
mindfulness. Terceiro, deliberadamente, planeje a execução das suas atividades
no dia e na semana. Isso possibilita escolher o que fica e o que não fica no
seu foco em cada momento, inibindo pensamentos ou temas desnecessários. Quarto,
ao invés de ter uma infinidade de meios de comunicação e de entrada de
informação, analise, escolha e concentre os inputs e outputs de informação em
alguns poucos canais, a fim de facilitar o gerenciamento do fluxo de
informação.
Alexandre Romeiro, é
psicólogo, mestre pela FGV-EAESP e diretor do Centro Mindsight. Atua com
coaching de executivos e de negócios e é professor da IBE-FGV.
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