AS REDES, O TÁXI E O UBER

29 de janeiro de 2016.
ARTIGO DO PROFESSOR RENATO JANNUZZI

O que são redes
sociais? Facebook, Twitter e outras similares são redes sociais? Não! Estas são
mídias sociais. É preciso diferenciar redes sociais de mídias sociais. Facebook
e outras similares são exemplos de mídias sociais, pois são plataformas proprietárias,
baseadas na internet para que pessoas interajam entre elas através de seus
perfis. Já uma rede social é simplesmente a interação entre 3 ou mais pessoas.
Portanto uma escola é uma rede social, a empresa onde você trabalha também, a
igreja que você frequenta também. E todas estas redes também se ligam a outras
redes sociais. Para a rede social existir é necessário que haja interação entre
as pessoas.
E o que as redes
sociais tem a ver com o serviço de Táxi e o Uber? O atual conflito entre Táxi e
Uber nos mostra muito bem como uma mudança na organização das interações entre
as pessoas pode mudar completamente um modelo de negócio estabelecido. Neste
caso uma parte do serviço de transporte.
O diagrama a seguir
mostra como as interações entre as pessoas evoluíram alterando a dinâmica nas
redes sociais. Este diagrama foi construído nos anos 1960 por Paul Baran,
pesquisador do começo da era da computação. A ele foi solicitado um estudo que
apresentasse a melhor conformação de redes de computadores que garantisse a
ligação entre pontos finais de uma rede se a mesma sofresse um ataque nuclear.
Eram os tempos da guerra fria e essa ameaça era considerada. O diagrama
apresenta as redes centralizada, descentralizada e distribuída.
Neste diagrama os
pontos representam estações em uma rede de computadores e as linhas representam
a forma como uma estação se liga às demais. Entre os modelos centralizado,
descentralizado e distribuído, o último provou ser mais eficiente, pois
consegue manter e buscar novas formas de conexão, mesmo com a eliminação de
qualquer estação, pois todos se conectam com todos. E esta analogia serve muito
bem para falarmos de redes de pessoas. Grande estudo nesta área foi produzido
por Augusto de Franco, Físico e Netweaver fundador da Escola de Redes.
Vejamos a questão do
Uber x Táxi. O argumento dos taxistas é que eles são regulamentados por lei,
pagam taxas para exercer sua profissão e devem seguir determinadas regras.
Estes pedem que as câmaras municipais e prefeituras impeçam a operação do Uber
nas cidades. Pedem isso pois, em tese o Uber pode inviabilizar seu negócio.
Segundo os taxistas o controle existe e não pode deixar de existir. Assim,
existe um controle que não está com os passageiros e sim com os órgãos
reguladores e sindicatos. Essa é uma lógica de rede descentralizada, com seus
nós principais controlando e permitindo quais os serviços que podem ser
utilizados pelos nós das pontas, os consumidores. Já o Uber se apoia na
possibilidade do passageiro que deseja um serviço com um nível de prestação de
serviços melhor do que os existentes. Para isso ele conecta o cliente que
precisa de transporte com uma pessoa que se disponibiliza a fazer este
transporte, com seu veículo de qualidade superior a um táxi. É uma ligação
ponto a ponto, como os nós de uma rede distribuída.
É interessante ver
que não se trata só da concorrência entre serviços de transporte. E não se
trata também apenas de concorrência entre modelos de negócio diferentes. São
estruturas se utilizando de topologias diferentes de rede. O conflito é no
nível das redes, no nível da interação entre as pessoas. Estas querem decidir
de que forma devem percorrer seus caminhos.
Portanto, se
quisermos entender o futuro das empresas e dos negócios, é necessário
estudarmos e entendermos as redes e a interação entre as pessoas.
Renato Jannuzzi
Cecchettini é professor de Marketing e Estratégia da Inova Business School.
Graduado em Engenharia Civil, atua em empresas como consultor nas áreas de
Gestão e Marketing. Especialista em Geração de Modelo de Negócios (BMGen).
Diretor da BADU+COP, consultoria empresarial de branding, inteligência em mídia
e planejamento e ativação de negócios, no Brasil e na Itália.
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