CEO DA FARMACÊUTICA LUPIN/MEDQUÍMICA REVELA ESTRATÉGIA QUE PROPORCIONOU MAIOR RENTABILIDADE PARA A EMPRESA

O que norteia a mente de um executivo no momento de retirar uma empresa do vermelho? Para Alexandre França, CEO da farmacêutica Lupin/MedQuímica há quase dois anos, o caminho foi mudar o rumo da empresa alterando a estratégia comercial alinhada à necessidade do mercado. E isso vem garantindo uma maior rentabilidade para a companhia, que possui 47 anos, e em 2015 foi adquirida pelo Grupo Lupin. Com mais de 26 anos de experiência no mercado farmacêutico, sua chegada marcou a transformação de gestão da companhia, fazendo com que todos os colaboradores entendessem que a empresa deveria ser sustentável e gerar lucros. França também prioriza a comunicação com os colaboradores, estabelecendo um canal livre e aberto com todos.

O executivo começou a carreira como estagiário não-remunerado e, depois, como atendente da rede de fast food McDonald´s. “Eu sabia que o McDonald’s era uma empresa grande, com escritórios no Brasil e pensei que havia muitas chances de conseguir me movimentar lá dentro. E foi isso que aconteceu. Após um ano no restaurante, virei assistente de marketing. Mas queria experimentar mais e então, depois de formado, me inscrevi em programas de trainee e fui aprovado na L’Óreal. Entrei como vendedor, mas sempre procurei colocar 100% de mim em tudo que eu fazia e acabei sendo promovido várias vezes. Cheguei a ser gerente nacional de vendas”, conta.

No segmento farmacêutico, França ocupou cargos de liderança em grandes companhias do setor, como Bristol-Myers Squibb, Glaxo Smith Kline e Merck. O CEO criou uma metodologia no planejamento dessas empresas e a seguiu até o fim.

Alexandre França foi presidente por 10 anos da filial brasileira da farmacêutica sul-africana Aspen Pharma, onde implementou mudanças seguindo a ordem de processos, produtos, clientes e pessoas. Consolidou a empresa no mercado nacional de medicamentos e conduziu a filial brasileira ao primeiro lugar um entre as operações do Grupo Aspen Pharmacare no mundo. Além disso, realizou estratégias eficazes que tornaram alguns produtos do portfólio sucesso de vendas, como o Leite de Magnésia de Phillips e Calman.

Liderança

Ao longo desses anos, o CEO da Lupin/MedQuímica destaca lições que considera valiosas. A primeira é humildade. “Humildade sempre, porque as coisas mudam o tempo inteiro. Então, saber que ninguém é melhor que ninguém e que você vive momentos de altos e baixos é fundamental”; Planejamento e disciplina: “Não acredito que alguém possa desempenhar qualquer trabalho sem ter o mínimo de planejamento e disciplina. É fundamental na carreira de qualquer pessoa. Um líder precisa entender os detalhes para entender o todo”, diz.

Alexandre França aponta a comunicação como uma parâmetro importante dessas lições. “Costumo dizer que 99,9% dos problemas das nossas vidas, pessoal e profissional, é ausência de comunicação ou comunicação mal feita, tipo telefone sem fio. Um bom gestor tem que ser um guardião do bom fluxo de comunicação. Pessoas são o ativo mais importante de uma companhia”, aponta.

Alexandre França elenca algumas habilidades que considera importantes para qualquer líder, como fazer o que fala – “Liderar pelo exemplo é fundamental”. Ser transparente e ético – “Pode parecer óbvio, mas acho extremamente necessário, e em todos os âmbitos da sua vida”. Ser justo – “As pessoas às vezes confundem justiça com democracia. Um líder não necessariamente tem que ser democrático, mas ele precisa ser justo. A diferença é você aplicar o que é correto e que deve ser feito”, completa.

O CEO da Lupin/MedQuímica revela que no momento da contratação, o comportamental pesa mais do que o currículo. “Eu hoje olho menos currículo e mais comportamento. E acho que isso está se tornando uma tendência. Óbvio que se o candidato tem um background robusto, precisamos prestar atenção. Mas caso não tenha um comportamento e perfil que desejamos para o cargo e empresa em questão, a pessoa não vai ser feliz na função”, reforça.

França revela que o espírito empreendedor e questionador chama a sua atenção. “Não me incomoda ter pessoas que pensem diferente de mim. Se todos pensarem igual e por acaso eu me equivocar e levar todo mundo para o abismo, vai todo mundo cair. Eu preciso que alguém grite, porque um líder erra. É uma imagem errada essa de que o líder é o senhor absoluto da verdade e tem resposta para tudo”, pontua.

Atualmente Alexandre França mora no Rio de Janeiro, o escritório da Lupin/MedQuímica fica em São Paulo e a fábrica está localizada em Juiz de Fora (MG). Ele se divide entre os três endereços, mas não vê isso como uma dificuldade. “Aí que entra muito o planejamento e a disciplina. Se eu abrir a minha agenda até o fim do ano tenho todas as semanas em que estou organizado para ir a Juiz de Fora e as semanas que estarei em São Paulo. Mas claro que não é algo engessado”, conta.

Para ele o modelo híbrido de trabalho veio para ficar. “Eu acredito no modelo híbrido, acho que a pandemia trouxe algumas coisas boas para o mundo corporativo. O fato de as pessoas poderem estar mais em casa, curtir a casa, quem tem filho pequeno… acho que é importante. Eu gosto de pelo menos uma semana, ou 10 dias, ficar em casa no Rio para ver minha família, filhos e amigos”, avalia.

Para ele isso não tem a ver com performance. “É velho a ideia de que a qualidade do trabalho está atrelada à quantidade”, afirma.

Alexandre França também se posiciona com relação à diversidade. “Eu sou um feminista em estado de evolução. Muito pela minha filha mais velha. No mundo, no universo das empresas multinacionais, as mulheres passam por descriminações. Quantas vezes um homem é interrompido em uma reunião, comparado a uma mulher?. Isso pra mim é muito grave. Ou então não contratar a melhor candidata porque ela é do gênero feminino. Eu como gestor não acho que uma mulher está em desvantagem porque tem direito à licença maternidade. Condeno terminantemente a gestão que demite uma mulher porque voltou da licença”, firma sua postura.

Alexandre França reforça a importância de ter obrigatoriamente políticas de inclusão nas empresas: “Que a empresa deve ter uma política de inclusão de gênero e raça, deve. Se eu tenho 60% de homens e 40% de mulheres, eu preciso equilibrar isso”, revela.

O executivo é veemente quando fala sobre responsabilidade social. “Eu acho que a empresa não tem que ter responsabilidade social. Ela tem que ter obrigatoriedade social. Isso não pode ser um favor para a sociedade e sim uma obrigação. Não é mais aceitável sob minha ótica uma empresa não tomar partido. Exemplo: ‘briga de marido e mulher não se mete a colher’, se mete sim. Se eu tenho um colaborador que tem um caso desse, eu preciso me manifestar”, ressalta. Ele ainda reforça. “Não basta eu dizer que a Lupin/MedQuímica não é racista, é preciso dizer que nós somos antirracistas”, pontua e completa. “A mesma coisa quando envolve ESG. Não poluir um rio não me faz melhor, me faz normal. Buscar fontes alternativas de energias não me faz inovador, me faz correto. Se eu tenho a minha fábrica em uma zona carente de infraestrutura e oferta, eu preciso ver como eu posso ajudar, eu estou ali, eu faço parte desta comunidade”, ratifica.

 

Foto: Alexandre França, CEO da farmacêutica Lupin/MedQuímica.

Crédito: Divulgação.

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