PESQUISADORA DA FGV SE POSICIONA CONTRÁRIA À POLÍTICA DE COTASPARA MULHERES EXECUTIVAS

05 de junho de 2015.
Mulheres ocupando posições no alto
escalão nas empresas já não é peça tão rara de se ver quanto há décadas atrás,
mas a verdade é que ainda há um longo caminho a percorrer para que elas
consigam se equiparar aos homens nesse quesito. Estudo produzido pelo Grupo de
Pesquisas de Direito e Gênero da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas
(FGV), em São Paulo, mostra que a presença feminina nos altos cargos é de
apenas 8%. Os pesquisadores também constatam que esse percentual não sofreu
sequer alteração nos últimos 15 anos.
Para reverter esse quadro, há várias
soluções. Uma delas, que suscita divergências, é a imposição de cotas de
participação de mulheres nos conselhos administrativos. A proposta, que já
tomou forma em um projeto de lei – arquivado pela Comissão de Assuntos Econômicos,
reservaria, até 2022, 40% das vagas em conselhos de administração de empresas
para as mulheres. O tema foi capa da edição de abril da revista América
Economia, que contou com participação da professora do Mestrado Executivo em
Gestão Empresarial e coordenadora do Núcleo de Estudos em Sustentabilidade e
Gestão de Excelência, ambos da FGV, Dra. Carmen Pires Migueles.
A pesquisadora se posiciona contra as
cotas, pois a questão é bastante complexa. Para ela, a posição em conselhos é
normalmente um passo após a passagem pela presidência ou diretoria das
empresas. Nessas posições há uma predominância de engenheiros. Ainda há muita
desigualdade nos cursos e na alta gestão e o número dos conselhos é
consequência disso. Segundo recomendações da ONU e Banco Mundial, é importante
olhar para a difícil associação entre desigualdade entre gêneros e pobreza
persistente. No Brasil, “a desigualdade dificulta a vida das mulheres da base e
facilita a das do topo”, salientou em entrevista à revista. O problema é
complexo, por isso demanda foco.
Segundo ela, muitas das que defendem
as cotas em conselhos advogam em causa própria, parecendo mais uma questão de
benefício próprio, ou buscam uma promoção facilitada. “O que se vê é uma
conjunção terrível entre pobreza persistente, baixa qualificação e violência
contra as mulheres. O arranjo social faz com que a mulher fique mais
responsável pelos filhos que o homem, o que muitas vezes, a impossibilita para
o trabalho”, defendeu Carmen, que sugere políticas públicas que deem suporte à
maternidade, como aumento da quantidade de creches, escolas em tempo integral,
apoio à criança e estimulo e reflexão sobre valores e escolhas. “O Brasil é
carente deste tipo de projeto porque nós, mulheres, somos muito mal
representadas politicamente”, enfatizou na matéria da América Economia.

Para a diretora da
Weplace Talent, Viviane Gonzalez, com vasta experiência como Executive
Search na região de Campinas, as empresas modernas se renderam à capacidade
feminina e dificilmente dizem “não” a uma profissional que deseja um posto
superior. “O segredo é saber aonde se quer chegar, buscar os resultados e
negociar a posição. O que percebo é que muitas mulheres ainda não fazem uso do
seu poder de comunicação, não falam abertamente sobre seus objetivos, seus
planos, e, pior, não mostram suas possibilidades e condições”, diz.

Ela exemplifica, ainda, que
atualmente algumas posições são quase que exclusivamente formada por mulheres.
“Já me pediram um candidato homem para uma determinada posição gerencial e não
encontrei nenhum. Naquele segmento, as mulheres são esmagadora maioria”, afirma.
A especialista revela, ainda, que principalmente em cargos mais altos,
dificilmente são exigidos idade ou sexo do candidato.
Viviane concorda
que falta estrutura institucional para conciliar a vida profissional e pessoal.
“Em muitos casos, as mulheres vão até certo ponto e depois optam por não
prosseguir na carreira porque não querem cortar os laços familiares. Elas
evoluíram no mercado de trabalho e conquistaram novos espaços, mas o cuidado
com as tarefas domésticas e filhos continua sendo delas e isso cota nenhuma
pode resolver”, destaca.
Segundo ela, a
maternidade não atrapalha a mulher que consegue se organizar. Quando decide ter
filhos, é necessário que programe suas prioridades, como por exemplo, se vai
contratar uma babá ou colocar a criança na escola, se vai trabalhar aos finais
de semana ou, ainda, como manter os momentos de lazer. “A maternidade ajuda as
executivas quando estas percebem como são eficazes ao conseguir conciliar as
inúmeras demandas de sua vida, o que traz mais confiança”, afirma.
Foto 1 – Professora do Mestrado Executivo em Gestão Empresarial e coordenadora do Núcleo de Estudos em Sustentabilidade e Gestão de Excelência, ambos da FGV, Dra. Carmen Pires Migueles.
Foto 2 – Diretora da Weplace Talent, Viviane Gonzalez.
Crédito: Divulgação.

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