ALTA DO DÓLAR E O BARATEAMENTO DOS ATIVOS LOCAIS

28 de janeiro de 2016.
COLUNA DO CONSULTOR DE EMPRESAS JORGE CARLOS BAHIA
Estamos, atualmente,
presenciando um fato que provavelmente 
há uns três ou quatro anos não imaginaríamos que pudesse ocorrer. Os
mais pessimistas poderiam até imaginar algo parecido, mas com certeza não na
intensidade que vivenciamos.
A atual crise
econômica associada às investigações que estão ocorrendo sobre atividades de várias
empresas nacionais e companhias que encabeçam alguns elos na cadeia de
fornecimento, ou seja, que são consideradas grandes motores da economia local,
fazem com que  todas essas empresas,
(primeiro, segundo ou localizadas em outros elos da cadeia)  tenham que se desfazer de ativos para honrar
compromissos trabalhistas, comerciais ou de qualquer natureza.
Em paralelo, mas com
situação totalmente vinculada a essa necessidade de geração de caixa, temos a
alta do dólar que na prática reforça uma situação de desiquilíbrio econômico,
ou seja, nos apresenta um real desvalorizado e direta ou indiretamente o
empobrecimento das nossas indústrias.
Juntando essas duas
variáveis, estamos diante de um cenário em que uns precisam vender patrimônios,
a moeda local está em queda, desvalorizada frente à moeda forte – base para
essas negociações – e o momento político e econômico não é garantidor de nenhum
tipo de investimento que possa ter base sólida quanto a valor e data de
retorno.
Concluímos que o
possível comprador desses ativos, diante do atual cenário, pode ser
identificado como um investidor que no primeiro momento, momento atual, fará
aquisições sem perspectivas de alocar recursos adicionais aos negócios,
considerando a falta de visão quanto a um horizonte mais nítido de
acontecimentos políticos e econômicos. Em resumo, muitos ativos locais  somente mudarão de mãos e o investimento de
fato ficará para depois. O ficar para depois pode indicar que no momento de
colher resultados, os frutos dessa junção entre capital e trabalho terão
proprietários externos, em outras palavras, 
não ficarão aqui.
Acho muito difícil
que qualquer pessoa, por maior defensora que fosse da indústria local quanto à
geração e manutenção de empregos, manutenção de renda, crescimento patrimonial
da indústria local suportado em aplicação de recursos para tecnologia e
capacitação, imaginasse  uma situação
como essa. Não temos a geração e a manutenção de empregos, a renda está em
baixa, capacidade de compra está se deteriorando, os investimentos estão
escassos, tecnologia e capacidade colocadas em segundo plano, pois a
prioridade  hoje é sobreviver e junta-se
a tudo isso o barateamento dos nossos ativos, ou dos ativos dos bravos
empreendedores locais.
O jargão relacionado
à crise para uns é oportunidade para outros fica aqui bem evidente. Frise-se
oportunidade de adquirir algo de qualidade a preço barato.
Importante que haja
da nossa parte a mesma análise crítica daquele lá de fora, que vê localmente
uma oportunidade de negócios neste momento. Juntar forças seja em uma fusão,
seja na análise de uma cisão parcial com imediata incorporação, na análise de
uma incorporação total, em aquisições societárias, em contratos de
industrialização, em contratos de fornecimento em longo prazo com variáveis de
preço por quantidade de tempo de aquisição ou por outra forma qualquer que
caracterize uma parceria, são fatores que não devem estar fora do ângulo de
visão dos empreendedores locais.
Na realidade, não
pedimos para estar nessa situação, fomos colocados nela. Porém, nossas
solicitações para sairmos dela estão sendo infrutíferas, daí ser fundamental a
junção de forças para suplantarmos essa má fase.
Suplantar essa má
fase em parceria significa que o retorno em termos de resultado de capital
investido ficará localmente, podendo gerar novos negócios e novos investimentos
aqui. O desafio está em passarmos esse momento não muito favorável mantendo
ativos que hoje podem ser desvalorizados se considerarmos a necessidade de
venda e a situação da moeda local frente à moeda da negociação, mas que irão
recuperar o valor de mercado. Só esperamos que em um tempo não muito distante.
Jorge Carlos Bahia,
bacharel em administração de empresas, contador, consultor de empresas,
palestrante, professor em cursos profissionalizantes, sócio proprietário do
Grupo Bahia Associados,  com experiência
profissional de mais de 20 anos em empresas multinacionais atuando na área
fiscal,  tributária, contábil e
controladoria.
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