BRASIL É O QUARTO PAÍS MAIS VIOLENTO PARA ATUAR COMO JORNALISTA

19 de novembro de 2015.
ARTIGO DA ENGENHEIRA MARCIA RAMAZZINI

A cada cinco dias um
jornalista morre no mundo pelo simples fato de estar exercendo a sua profissão.
Diferentemente do que se imagina, países em conflitos apesar da difícil
atuação, não são os mais perigosos para a profissão. O Brasil não possuí
indicadores próprios, porém, registrou um aumento significativo nos últimos
anos.
Exemplo disso é que
em 2010 o nosso país ocupava o 18º lugar neste ranking. Hoje estamos em 4º
lugar, ficando atrás somente da Síria, Somália e Paquistão. Em pleno século
XXI, jornalistas estão pagando por defenderem direitos fundamentais – o direito
de informação e liberdade de expressão.
Segundo a diretora da
Unesco, Irina Bokova, 90% das mortes ficam impunes, ou seja, apenas um em cada
10 casos é elucidado. Os indicadores ainda apontam que a maioria das mortes é
por armas de fogo. A maior incidência é registrada em municípios de baixo
número populacional geralmente devido a histórias locais. As mortes são um
aviso para que assuntos que estão sendo investigados ou divulgados pela mídia
parem de ser abordados.
O Comitê de Proteção
a Jornalistas (CPJ) revelou indicadores do Brasil de 1992 até 2014 por setores
de atuação. Os números são assustadores. Do total de mortes dos profissionais
de imprensa, 62% foram devido a corrupção, 46% relativos a crimes, 31% por
causa da política, 15% por direitos humanos, 4% por causa de negócios, 4% por
esportes e, em alguns casos, as categorias foram somadas. Desses profissionais,
46% atuavam no impresso, 38% no rádio, 19% na TV e 15% na internet.
Diversas instituições
como Jornalistas sem Fronteiras, International Press Institute, Press Emblem
Campaign possuem outros indicadores, porém com critérios de avaliação
diferentes. Graças a estes organismos e registros internacionais, essa grave
situação já foi discutida pela ONU (Organização das Nações Unidas) e segundo o
secretários, Ban Kii Moon, é necessária a criação de um ambiente livre e
seguro, que fortaleça a paz, democracia e desenvolvimento do mundo inteiro.
A ONU, inclusive,
criou um Plano de Ação para a Segurança de Jornalistas e Questão de Impunidade
cujo objetivo é simples: “assegurar que todo jornalista possa exercer seu
trabalho com segurança”. Assim, a Organização pressiona para que seus países
membros, hajam com mais rigor, criem leis mais severas, diminuindo estes
índices e minimizando a impunidade.
A situação é muito
grave, pois, vai além dos ataques físicos. Muitos jornalistas estão presos e
são ameaçados e, além disso, o índice de crimes sexuais aumentou muito. Os
jornalistas também sofrem riscos cibernéticos, com invasões de notebooks e
celulares.
Com este cenário de
insegurança está havendo a aceleração de uma tendência mundial, o aumento de
jornalistas freelance, profissionais sem vínculos empregatícios. Ser um
profissional autônomo nem sempre é a melhor opção, porém, muitas vezes é a
única.
Com tantos riscos e
problemas na profissão, levantamos a seguinte a questão. Será que estes
profissionais estão psicologicamente preparados?
Enfim, cabe a nós,
sociedade, cobrar de nossos governantes uma legislação mais severa para
minimizar a impunidade para interromper este terrível ciclo de violência,
preservar a vida destes profissionais e não termos nossos direitos de acesso a
informação cerceados nos levando ao retrocesso. Vivemos em democracia! Cada
jornalista que morre é um dia sem notícia!
Marcia Ramazzini é
engenheira civil pela PUC Campinas, engenheira em segurança do trabalho e meio
ambiente pela Unicamp e mestranda em Saúde Ocupacional também pela Unicamp. Tem
especializações em Riscos Industriais e Construção Civil pela OSHA
(Occupational Safety Health Administration), Ministério do Trabalho dos Estados
Unidos. Marcia é diretora da Ramazzini Engenharia e tem 20 anos de experiência
de mercado.
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