CAMPINAS TEM 30% DE ANALFABETISMO FUNCIONAL

Uma política pública consistente e integrada
no setor e um compromisso concreto, e não retórico, não “pictórico”, de toda
uma comunidade com a educação, foi defendida pelo filósofo Mario Sergio
Cortella, na segunda-feira, 04 de novembro, à noite, na cerimônia de abertura
da 4ª Semana da Educação de Campinas (SP). O evento aconteceu no Teatro Brasil
Kirin do Iguatemi Campinas e teve a presença do prefeito de Campinas, Jonas Donizette e do secretário estadual adjunto de Educação do
Ceará, Maurício Holanda Maia, que apresentou as experiências educacionais
exitosas ocorridas e em curso naquele estado.

Professor da PUC-SP, Cortella defendeu que as
escolas públicas devem ter, acima de tudo, humildade em sua busca pela melhoria
da educação. “Sempre é possível fazer melhor e, sozinhas, as escolas não
farão”, destacou. O filósofo observou, entretanto, que a escola pública tem sido sobrecarregada, soterrada
de atribuições e, apesar disso, muito cobrada pela sociedade. “Mas se a
sociedade lhe der condições a escola faz, sim, o seu papel, que é a
escolarização, é dar os fundamentos em português, matemática e outros conteúdos
necessários à formação do aluno”, complementou.

Nesta
terça feira (05/11), segundo dia de evento, o Instituto Paulo Montenegro
divulgou o Indicador de Analfabetismo Funcional em Campinas. O analfabetismo
funcional na população de 15 a 64 anos em Campinas é de 30%. O resultado inclui
os 3% da população considerada analfabeta e 27% da população com alfabetismo
rudimentar. Os dados foram divulgados durante o evento “Observando Campinas: novos dados do Observatório da Educação”,
realizado na Fundação FEAC (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas).
A apresentação foi feita por Rosi Rosendo, em nome do Instituto Paulo
Montenegro, que levantou o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) de
Campinas em 2013. O contingente com alfabetismo básico era de 43% da população
pesquisada, e o de alfabetismo pleno, de 28%, somando 70% da população
pesquisada. O evento integra a programação da 4ª Semana da Educação de
Campinas, iniciativa da FEAC, no âmbito do Compromisso Campinas pela Educação
(CCE).  

 

O INAF de
2013 do município foi levantado pelo Instituto Paulo Montenegro, como uma das
pesquisas contratadas pelo Observatório da Educação de Campinas, iniciativa
lançada em maio deste ano pela Fundação FEAC, também no âmbito do Compromisso
Campinas pela Educação. O objetivo do Observatório é justamente democratizar e
ampliar o direito de acesso às informações sobre Educação, bem como
disponibilizar dados, de forma simples, ao grande público, com ênfase na melhoria
da educação pública em Campinas. 

Braço
“social” do IBOPE, o Instituto Paulo Montenegro realiza a pesquisa nacional do
INAF desde 2001, quando a iniciativa foi criada em parceria com a ONG Ação
Educativa. A metodologia seguida considera quatro níveis de alfabetismo na
população: analfabetismo e alfabetismo rudimentar, compondo o contingente de
analfabetos funcionais, e alfabetismo básico e pleno, compondo o grupo de
funcionalmente alfabetizados. O INAF revela os níveis de habilidade em leitura
e escrita (letramento) e em atividades matemáticas (numeramento) da população
entre 15 e 64 anos, com vistas a subsidiar o planejamento de ações educacionais
de uma localidade.

Para o
Instituto, o nível de analfabetismo é aquele caracterizado por pessoas que não realizam
tarefas como a leitura de palavras e frases. Uma parte consegue ler números
familiares (números de telefone, preços etc). O nível de alfabetismo
rudimentar, considerado aquele característico de analfabetismo funcional, é
aquele em que as pessoas apenas localizam uma informação explícita em textos
curtos e familiares e leem e escrevem números usuais em situações cotidianas.

O INAF de
2013 de Campinas foi apurado a partir de 406 entrevistas domiciliares, feitas
entre 3 e 16 de junho e 2 e 10 de setembro. O intervalo de confiança estimado é
de 95% e a margem de erro máxima é de 5 pontos percentuais para mais ou para
menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. O INAF de 2013 de
Campinas também levantou, junto à população da área em estudo, seus hábitos de
leitura, escrita e cálculo.

Quando a
pesquisa é decomposta por faixas etárias, ela revela que a maior proporção de
analfabetos em Campinas está entre o grupo de 50 a 64 anos: são 8% de
analfabetos nesta faixa. Em termos de alfabetismo rudimentar, a maior proporção
também está no grupo de 50 a 64 anos: são 40% de pessoas com alfabetismo
rudimentar nesta faixa. Foi apurado um índice considerado muito preocupante de
21% de jovens de 15 a 24 anos com alfabetismo rudimentar em Campinas, sendo,
portanto, classificados como analfabetos funcionais.

Em termos
de escolaridade, o INAF de 2013 de Campinas apurou que 74% dos entrevistados
cursando até a 4ª série do ensino fundamental eram considerados analfabetos
funcionais (18% de analfabetos, mais 56% com alfabetismo rudimentar, neste
segmento escolar). Entre entrevistados cursando da 5ª a 8ª série do ensino
fundamental, 44% eram analfabetos funcionais, todos com alfabetismo rudimentar.
Entre os entrevistados cursando ensino médio, 21% eram analfabetos funcionais,
sendo todos com alfabetismo rudimentar. E, entre os entrevistados cursando
ensino superior em Campinas, 6% eram analfabetos funcionais (todos considerados
com alfabetismo rudimentar), 45% eram classificados na dimensão de alfabetismo
básico e 49% no alfabetismo pleno.

Fotos: 4ª semana da educação de Campinas.
Crédito: Valéria Abras (Feac)

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