COLUNA DA PROFESSORA E PSICÓLOGA ELINE RASERA

25 de setembro de 2014.
CAMPEÃO BRASILEIRO
Eline
Rasera
Acaba de ser lançada a autobiografia
do tenista brasileiro número 1 na década de 90 – Gustavo Kuerten.
Dentre os relatos da entrevista que
concedeu à Época Negócios – (22/09/2014), uma frase sua chamou a
atenção: “Se eu não fosse brasileiro, não teria sido o número um do mundo”.
Numa época de discursos e
acontecimentos lamentáveis em nosso país, é de causar, no mínimo, certa
estranheza. Mas, apesar de parecer incoerente, a frase mostra que sim, o
brasileiro tem condições de ser vencedor, de ser o número 1 não só nos
esportes, mas no trabalho e na vida.
E o que pode ser impedimento nesse
caminho rumo ao sucesso? Dentre as causas, destaca-se a baixa autoestima, ou
seja, o sentimento de inferioridade, incapacidade e de falta de condições para
vencer.
Infelizmente nossa cultura (brasileira)
favorece essa realidade. É também na educação das crianças que se inicia a
formação da autoestima. Em supermercados, shopping centers, parques infantis e
outros lugares públicos, não é raro presenciar pais ou cuidadores que se
dirigem às suas crianças com termos e expressões bastante inadequadas como:
“você não é capaz de fazer isso, não sabe fazer, vai fazer errado, é burro” e
outras frases semelhantes, acreditando que estão educando.
Essas são as mensagens que ficarão
gravadas no cérebro. Não se trata de crítica, uma vez que eles (pais e
cuidadores) foram assim educados e estão apenas repetindo o padrão. No entanto,
é assim que se inicia o que a criança, e mais tarde o adulto, vai pensar de si
mesmo: o de ser incapaz. E essa interpretação (auto) pode impedir superação de
obstáculos, avanços significativos na carreira profissional, enfrentamento de
situações desconhecidas e assim por diante. O que temos então? Pessoas com
potencial brilhante, mas com atuação medíocre.
No caso do nosso querido Gustavo, ele
se refere a uma condição de que, como brasileiro, precisou acreditar no que era
capaz de realizar e, junto com familiares e amigos, vencer os obstáculos. Ainda
de acordo com seu relato… “Comparado ao Agassi, Sampras, Hewitt, Nadal e hoje
Federer, todos eles eram predestinados a ser campeões de tênis. A minha
história não foi essa. Eu tive que criar muitas forças, passar por muitas
dificuldades até ter condições de enfrentar os melhores”.
E todas as vezes que enfrentamos
situações difíceis ou complicadas que envolvem muitas vezes o medo, despreparo,
desconhecimento, estaremos registrando, além da performance (o como fazemos),
também os resultados e sentimentos da situação. Então, todo aprendizado torna a
pessoa “aprendiz de si mesma”. E a cada nova situação, o conhecimento já
registrado compõe, com novas performances e novas informações, um novo e melhor
conhecimento.
Então o que falta para mais
brasileiros campeões?
Pais, família, educadores,
cuidadores, líderes espirituais, ou seja, todos os responsáveis pela educação
dos pequenos, mostrarem a eles que são capazes e que serão bem sucedidos. A
criança naturalmente vai tentar descobrir e aprender com novas experiências e,
cabe a todos a tarefa de corrigir, zelar e também a de proporcionar condições
para que ela acredite no seu potencial, evitando termos e frases que inserem
dúvidas e medos.
E isso não é utopia, uma vez que
observando a educação em outros países desenvolvidos, fica bem evidente o
quanto todos estimulam e incentivam as crianças.
Também conforme o relato de Guga,
“tem um momento que falo no livro que eu acho que é importante, que é o
brasileiro se permitir mais ao sucesso… o próprio brasileiro acha que não
pode vencer”.
Somos dotados de condições para
superar obstáculos inacreditáveis, de conquistar posições de vencedores, de
contribuir muito mais com a humanidade, mas é necessário acreditar, e isso faz
toda a diferença. Preparo, conhecimento, disciplina, incentivo, apoio e a
crença de ser capaz. Ingredientes na formação de um campeão.
Obrigada, Gustavo Kuerten, por ser um
brasileiro vencedor e por compartilhar sua história com todos nós.
Eline Rasera, psicóloga,
coach e professora do curso de Pós-graduação em Administração de Empresas da
IBE-FGV.
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