DO POPULISMO AO ABISMO: UMA VISÃO APARTIDÁRIA

21 de julho de 2015.
COLUNA DO CONSULTOR DE EMPRESAS JORGE CARLOS BAHIA

Não é pretensão  desse
comentário discutir ou analisar ideologias políticas, o objetivo do mesmo é com
base em uma visão financeira e econômica, abordar as ações que estão sendo
necessárias para a administração ou gestão das empresas nos últimos anos.
Fomos da euforia do crescimento a
decepção da estagnação. Investimentos realizados em momentos que acenavam como promissores 
foram feitos, vislumbrava-se uma economia forte e sustentável com demanda
crescendo e facilitação de crédito. Problemas poderiam ocorrer, mas seriam
facilmente administráveis. Os investimentos naquele momento focaram mais diretamente
a indústria e o comércio, as perspectivas se mostravam realmente promissoras.
Acompanhamos empresas que buscaram
aumentar sua capacidade produtiva em volume e em qualidade, adquiriram
equipamentos, almejaram modernizar o parque industrial ou de distribuição,
contrataram profissionais, investiram em capacitação e em instalações. Agora, o
momento é outro, há a necessidade de justificativas para os investimentos
e de manutenção de rentabilidade ou de pelo menos trabalhar para cobrir os
gastos diante do cenário atual. Se “zerarmos” as contas o sucesso já estará
garantido.
O que será que deu errado? Muitos
gestores nos colocam essa pergunta como se esperassem como resposta a
afirmativa de que houve um erro de avaliação da parte deles. Não é o caso!
 Podemos sim ter alguma falha de avaliação, mas não podemos indicar que
houve um erro brutal nas mesmas. A análise concisa de dados  tem como
alicerce a transparência dos fatos. A  transparência tem todo um
revestimento de sinceridade e de lealdade para com os envolvidos no
processo. Ora, quando estamos administrando um investimento e identificamos que
há ou haverá a necessidade de ajustes devemos trabalhar nos mesmo de forma que
nas doses suportáveis ele seja realizado sem prejudicar ou prejudicando o
mínimo possível os fornecedores, clientes, colaboradores, enfim todos os
envolvidos na operação.
Não é de boa prática  segurarmos
aquele determinado ajuste até  termos, por exemplo, a concretização de um
contrato de fornecimento, e após a sua assinatura retornarmos para o nosso cliente
e informá-lo que o preço vai aumentar por erro na nossa precificação de forma
que possamos repor gastos que sabíamos que ocorreriam, apenas estavam
represados para divulgação no momento considerado conveniente. Também não é de
bom grado voltar-se para dentro da empresa  e dizer que trabalhamos todos
para conseguir  a vitória quanto ao sucesso de abarcarmos o contrato
de fornecimento, mas agora, por segurarmos demasiadamente ajustes tidos
como necessários já há algum tempo, eles devem ser realizados de uma só
vez  para que a empresa não entre em uma bancarrota financeira,
trazendo esses ajustes, impactos a várias áreas no que se refere à redução de
gastos com possibilidade, inclusive, de dispensa de colaboradores.
Ao mencionarmos o populismo não é
nossa intenção  a crítica  a conceitos geopolíticos quanto ao mesmo ser
caracterizado por uma forma de governar na qual o governante utiliza recursos
da administração pública para obter apoio popular e com base nesse uso faz
divulgações voltadas a propagar seus feitos. A visão do populismo nesse texto tem
uma vertente positiva e reconhecedora de fato relacionado a possibilitar
chances concretas de ascensão de integrante das classes sociais menos
favorecidas. Sem dúvida essa ascensão ocorreu e também por causa dela tivemos
lampejos de crescimento econômico.
A reação em cadeia desse populismo a
que nos referimos com outros fatores situacionais fizeram com que tivéssemos um
período de bonança  com relação a crescimento econômico, não temos como
negar que todos imaginavam que crises passariam as margens de tudo que
acreditávamos ser o ideal.  Fazendo um pequeno paralelo com a nossa
empresa que teve sucesso em arrebanhar o contrato de fornecimento, porém
trabalhando sobre orçamento ou números não realistas, ela também pode ter 
transparecido para os seus colaboradores que o céu era de brigadeiro, mas de
fato não o era.
Não podemos de forma alguma 
corroborar com posicionamentos que sejam indicadores de que gestores sérios e
competentes cometeram erros de avaliação ao orçar ou planejar seus negócios.
Podem eles sim ter falhado em acreditar demais em uma sustentabilidade
econômica, mas devemos admitir que todos nós acreditávamos, agora, novamente
fazendo um paralelo com a nossa empresa que teve sucesso em ser a escolhida
para o contrato de fornecimento, a transparência de dados bem como a sinceridade
nas ações e divulgações realistas  fariam com que ela pudesse manter seu
preço sem  ter que voltar ao cliente para negociá-lo o que demonstrou
sério erro de gestão, ou mesmo, sem ter que dispensar colaboradores por 
não saber ministrar o “remédio” na dose e na hora certa.  
Não devemos ficar somente olhando no
retrovisor, a estrada é longa e com trechos sinuosos, a visão deve ser para
frente, com breves desvios de verificações no retrovisor para não cairmos no
mesmo erro quanto a acreditar demais.
Jorge Carlos Bahia, bacharel em
administração de empresas, contador, consultor de empresas, palestrante,
professor em cursos profissionalizantes, sócio proprietário do Grupo Bahia
Associados,  com experiência profissional de mais de 20 anos em empresas
multinacionais atuando na área fiscal,  tributária, contábil e
controladoria.
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