ESPECIALISTAS APONTAM QUE LÍDERES PRECISAM MUDAR PARA DIMINUIR MORTALIDADE DE EMPRESAS

Uma em cada três empresas do mundo tende a desaparecer nos próximos cinco anos, e a chave para reverter esse quadro temeroso exige uma mudança na mentalidade dos líderes. O assunto foi tema da 98ª Reunião do G100 Brasil, realizada nesta quinta-feira (22/11), em São Paulo, que contou com a participação de dois especialistas na área: Luiz Carlos Cabrera, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e sócio da PMC Panelli Motta Cabrera & Associados e Carlos Aldan, CEO do Grupo Kronberg e Regional Network Director da Six Seconds para a América Latina, ambos Membros Conselheiros do G100 Brasil. 

Cabrera e Aldan enquadram o sistema corporativo atual como parte do chamado mundo V.U.C.A. (acrônimo em inglês com as iniciais de volatility, uncertainty, complexity, ambiguity – volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade). O conceito surgiu nos Estados Unidos, nos anos 90, para caracterizar a constante mudança do mundo e tem como um dos parâmetros o crescimento exponencial da tecnologia em comparação ao crescimento linear da produtividade humana – o que exige uma mudança no mindset das lideranças para se adaptar às constantes transformações.

Diante dessas constantes mudanças no mundo corporativo, Luiz Carlos Cabrera aponta duas características fundamentais que as lideranças precisam ter: ética e integridade. “O que inspira o liderado é saber que tem um chefe íntegro, que é sempre a mesma pessoa, e ético, ou seja, justo e parcimonioso. Antigamente, o símbolo de autoridade era o cargo. Hoje, cada vez mais os símbolos de autoridade estão sendo caracterizados por essas ética e integridade. Estamos em um momento de transição de um modelo de gestão baseado em comando e controle para um modelo de gestão compartilhada. É um processo que não é homogêneo, está ocorrendo gradual e lentamente”, aponta o professor da FGV.

Cabrera também identifica três pontos que são cruciais na atuação de um líder nas empresas: não se preocupar em agradar a todos, saber lidar com situações de conflito e criar um ambiente em que os colaboradores não tenham medo de pedir conselhos. Também salientou a importância de se fazer política nas empresas. “Quando eu digo que a liderança é necessariamente política, muitos não gostam ou entendem, mas é preciso quebrar a resistência à palavra política, e não confundir com politicagem. É fundamental fazer alianças e parceiras, e uma gestão eficaz é aquela na qual o líder conhece as pessoas de sua equipe, com apoio constante”, completa.

Também estudioso do mundo V.U.C.A., Carlos Aldan destaca que a mudança também passa, necessariamente, pela consciência dos líderes de que as competências técnicas e de gestão já não são mais suficientes para gerar engajamento entre os colaboradores das empresas, e cada vez mais a inteligência emocional e a capacidade de inspirar funcionários se tornam fundamentais. “As empresas precisam de líderes que inspiram pessoas. As novas gerações veem como principal benefício a oportunidade de aprendizado e desenvolvimento, e o líder ideal é aquele que se preocupa, que dá um feedback aos colaboradores. O líder antigo, paternalista, que se baseia no comando e o controle, dificilmente terá o engajamento necessário para essa nova geração, que já representa mais de 50% da força de trabalho”, diz o especialista.

O processo de transformação a que Cabrera e Aldan se referem traz alguns prognósticos alarmantes. A taxa de mortalidade de empresas já é seis vezes maior que há 40 anos atrás, e a expectativa de longevidade média das organizações em 2026 será de 13 anos – em 2006, era 20 anos. No Brasil, outro dado preocupante: o grau de desengajamento de colaboradores é de cerca de 70%, fator que contribui para o fechamento de empresas. “Muitas organizações globais já estão acordando para essa realidade e fazendo investimentos em programas de liderança, desenvolvendo competências emocionais que são fundamentais, mas a maioria ainda subestima. Não é a competência técnica das lideranças que vai inspirar pessoas e desenvolver talentos, mas sim a inteligência emocional. Hoje ela vem sendo incorporada nas empresas como ferramenta indispensável para esse processo de requalificação profissional dos líderes. Essa é a solução”, completa Aldan.

O G100 Brasil é composto de 100 Membros Titulares (exclusivamente Empresários, Presidentes e CEOs), divididos nos setores de Indústria, Varejo, Serviços e Agronegócios, somado a 20 Membros (Economistas-Chefes, Cientistas-Políticos, Acadêmicos e Especialistas em Segmentos), efetivos e nomeados, congregando assim o alto intelecto necessário para o desenvolvimento destes trabalhos. Orientado por Alianças de Conteúdos com Universidades reconhecidas de nosso país, somado a uma ampla rede de Parceiros Estratégicos Nacionais e Internacionais, este núcleo de estudos têm por objetivo, através de reuniões fechadas e restritas aos Membros, o debate e o aprofundamento de temas atuais e de alto impacto, auxiliando na assertividade das estratégias planejadas e nas decisões corporativas, considerando o benchmarking e cooperação entre seus integrantes.

 

Foto: Reunião do G100 Brasil.

Crédito: Divulgação.

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