2015 REGISTRA 100% DE AUMENTO NOS PROCESSOS TRABALHISTAS

06 de janeiro de 2016.
O ano de 2015
terminou com um aumento superior a 100% nos processos trabalhistas. Os números
foram estimados pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) 2ª Região, que abrange
a Grande São Paulo. De acordo com os dados, em 2013, o órgão protocolou 201.193
processos. No ano passado, o número subiu para 204.908 e somente no primeiro
semestre de 2015, cerca de 222.085 novos processos foram registrados no TRT da
2ª Região.
Segundo os
especialistas, a crise econômica que se abateu pelo país foi o principal
motivo, porém outros aspectos contribuíram para o aumento de casos nos
tribunais e fóruns trabalhistas. “Os problemas econômicos do Brasil abalaram os
empresários. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas ou demitir um
grande número de funcionários e não estavam preparadas para essa situação”,
explica a engenheira de segurança do trabalho e assistente técnica em processos
trabalhistas e previdenciários, Marcia Ramazzini.
Com uma legislação
antiga, “o Brasil virou o país do vale tudo”, diz Marcia, o que contribui ainda
mais para o aumento nos processos trabalhistas. “Ao acompanhar audiências
trabalhistas, percebo que em 90% dos casos, o reclamante (funcionário) nem ao
menos sabe porque está ali. Outras vezes, ele começa a discorrer sobre as
atividades diárias que realizava, mas se realmente as realizassem o dia teria
que ter 96 horas”, conta Marcia.
Para a engenheira,
muitos funcionários mantêm comportamento errado dentro da empresa com objetivo
de ocasionar problemas ocupacionais e assim conseguir processos futuros contra
a empresa. “Durante uma visita técnica, é fácil perceber que alguns
colaboradores não desempenham corretamente a sua função, não utilizam os EPIs
necessários ou mantêm uma postura inadequada no ambiente. O que muitos não
percebem é que não há indenização suficiente para perda de um membro do corpo,
doença ou para a impossibilidade de retorno ao trabalho”, indigna-se Marcia.
Para o especialista
em RH, Gestão de Pessoas, Coaching Executivo e professor da IBE-FGV, Vagner
Sandoval, em tempos de crise é necessário colocar todos os funcionários na
“mesma página” e informá-los sobre as reais turbulências do momento do país e
da empresa. “Mostrar como a participação de cada colaborador/área contribui
fortemente para o resultado final, divulgar as ações que estão sendo implementadas
para vencer este momento de crise e, principalmente, ouvir as sugestões de
todos que estão nesta travessia, podem ser estratégias importantes para evitar
processos trabalhistas no futuro”, diz o especialista.
Para o professor,
integrar a equipe e aumentar o nível de comunicação e de transparência sobre a
saúde do negócio são estratégias que dão resultados positivos. “Reúna todo o
time e informe mensalmente, quinzenalmente ou até semanalmente os resultados
dos indicadores críticos para o negócio, tais como, valor vendido, valor
faturado, valor devolvido, custos com fretes e com reclamações”, conclui
Sandoval.
Para minimizar o
número de processos e pagamento de ações trabalhistas, os especialistas
reservaram algumas das principais atitudes que devem ser tomadas pelas
empresas.
Em épocas de crise e
demissões em massa, a boa relação com sindicatos e conhecimento da legislação
trabalhista é essencial para encontrar boas saídas e não abalar a relação entre
patrão e empregado.
Realizar uma boa
gestão na área de Saúde Ocupacional é outra ação imprescindível. “Empresas com
uma gestão efetiva estarão sempre na frente das demais caso venham a ter
processos trabalhistas”, afirma Marcia. A engenheira também destaca a
importância de manter todo o histórico registrado, como os exames realizados
pelos colaboradores, documentos assinados, além de termos de entrega de EPIs,
entre outros.
Os exames periódicos
dos colaboradores devem estar em dia. “Exames admissionais bem feitos já
minimizam, e muito, os processos. Os exames clínicos complementares e os
monitoramentos devem ser feitos conforme os riscos aos quais os funcionários
serão expostos”, acrescenta a engenheira.
Contratação de
assistente técnico em processos judiciais. Este profissional é o responsável em
analisar os documentos a serem enviados ao advogado visando a preservação da
empresa.
Divida mais e escute
mais! “Divida o máximo de informações possíveis com todos os funcionários,
principalmente os resultados alcançados, e escute o que eles tem a dizer e a
sugerir para atravessar este momento de crise”, diz o professor IBE-FGV.
Promover os
conhecidos Diálogos de Segurança, desenvolver e manter atitudes de prevenção na
empresa, através da conscientização de todos os empregados também são
essenciais.
Manter os
colaboradores informados. “É fundamental que todos tenham consciência dos
riscos e cuidados que envolvem as suas atividades e a importância dos EPIs
necessários”, conclui Marcia Ramazzini.
Foto 1 – Engenheira de segurança do trabalho e assistente técnica em processos trabalhistas e previdenciários, Marcia Ramazzini.
Crédito: Flavio Oliveira.
Foto 2 –  Especialista em RH, Gestão de Pessoas, Coaching Executivo e professor da IBE-FGV, Vagner Sandoval.
Crédito: Hilda Vicente.
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