ARTE DESPONTA COMO OPÇAO DE INVESTIMENTO EM MEIO À CRISE

Além de funcionarem como peças decorativas, obras de artistas modernos e contemporâneos que fazem parte da própria história movimentam um mercado ainda pouco explorado no Brasil que é o da arte como investimento. Para a marchand Lívia Doblas, que possui no currículo parcerias com artistas do mundo todo, investir em arte tem uma dinâmica semelhante aos investimentos em ações, em alguns aspectos. “Temos o investidor mais conservador, que vai querer adquirir a obra de um artista que dispensa apresentação e de fácil liquidez, por exemplo”, diz. Livia Doblas em ambiente da ultima Casa Cor projetado por Selena Pelegrini com obra de Isabela Senatore. Creditos- Gustavo Tilio.E há o investidor mais arrojado, que prefere apostar em obras que possuem projeção de valorização no futuro, o que levaria a maiores margens de lucro. “Entretanto esse é um investimento que precisa de no mínimo 5 anos para ter o retorno”, avalia a profissional.

Para ela, a sensação de instabilidade da economia, especialmente no cenário atual do País, motiva as pessoas a migrarem dos investimentos tradicionais para outros alternativos, como é o caso da arte. E é justamente nesse ponto que entra o trabalho do marchand, que atua como uma espécie de consultora na formação e ampliação de coleções de arte. “Além de garimpar as obras consagradas, tenho como missão estipular quais são as melhores opções de investimento para o capital disponível e harmonizar isso com o estilo do cliente, com o que ele busca”, explica.

Segundo Lívia, quem investe em arte geralmente é a pessoa que já possui imóvel próprio e outras aplicações em bancos, e está procurando uma diversificação em seu portfólio de investimentos. “No entanto, isso vem mudando. Hoje, depois de 2 anos atuando na cidade de Campinas, interior de São Paulo, construí uma cartela de clientes com outro perfil e que procura por obras mais acessíveis. E meu desafio se encontra aí, também: proporcionar oportunidade a essas pessoas de terem uma artista consagrado em casa ou escritório nem que seja através de gravuras de série ou desenhos. Para quem deseja começar a investir em arte, já existem obras interessantes entre R$ 5 a 10 mil reais”, pontua.

Dinâmica da precificação e valor agregado

Até mesmo pelo fato de ser um segmento de peças únicas, não é tão simples estipular e avaliar preços no mercado de arte como acontece em outros mercados, como o imobiliário por exemplo.  A precificação requer metodologias de pesquisa que envolvem o contexto da obra, sua relevância histórica e diversos outros fatores. “O artista começa com um preço. Conforme ele vai participando de exposições e o trabalho começa a ter relevância, galerias começam a adquiri-los, e esse histórico é uma grande referência para se chegar aos valores”, explica Lívia.

Quando o artista está iniciando sua carreira ou se introduzindo no mercado de arte, a orientação relativa aos valores ainda leva em conta fatores como: quais são os colecionadores que estão adquirindo suas obras, quais são os profissionais que estão assessorando sua carreira, quais são os projetos para os quais o artista está sendo convidado, além da originalidade e relevância da sua obra.

A maioria dos clientes que já são colecionadores e procuram a marchand, no entanto, já chega com uma ideia fechada sobre o que querem. “Esses já vêm querendo algo em específico. Normalmente um artista consagrado e difícil de encontrar suas obras no mercado como: Burle Marx, Di Cavalcanti, Candido Portinari, Tarsila. São artistas que construíram a historia das artes plásticas no Brasil. Essas obras são provenientes do que chamamos de mercado secundário, ou seja, elas vêm de galerias, leilões e colecionadores, diferente do mercado primário, que é quando a obra vem direto do ateliê do artista ou galeria- representante”, conta.

Lívia ainda frisa a importância do valor agregado presente na arte. “São muitos valores além do monetário. Tem o valor representativo, tem significado”, observa. Entre os destaques brasileiros no mercado , ela cita a arte brasileira de rua , que é muito bem recebida fora do País. “Os Gêmeos foram abrindo esse caminho. Eu vi uma tela deles subir de R$ 200 para 600 mil reais em seis meses. E é por meio desses nomes que a arte brasileira vai sendo valorizada por associação”, completa.

Campineira, a marchand Lívia Doblas é formada em Rádio e Televisão pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo, e sempre esteve em contato com o meio artístico. No mercado de arte, transita em dois ambientes: produção e venda de arte. Já viveu e trabalhou na Alemanha e no México, atuando como marchand. Também comercializa e realiza trabalhos nos Estados Unidos.

Em Campinas trouxe o maior grafiteiro do Rio de Janeiro, Tomaz Viana, mais conhecido como TOZ, para grafitar a fachada do prédio The Brixton Campinas, na Rua Professor Jorge Hennings, 953, no Castelo, que passou por um retrofit.

O acervo do Escritório de Artes Livia Doblas se recicla dia a dia e é resultado de uma pesquisa incessante. Em sua essência, é formado por artistas consagrados como Burle Marx, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake, Hércules Barsotti.

Foto: Marchand Lívia Doblas.

Crédito: Gustavo Tílio.

 

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