COLUNA DO JORNALISTA VIEIRA JUNIOR

20 de setembro de 2014.

Um país sem educação
Vieira Junior
O site UOL Educação publicou uma
matéria que pode ser considerada um choque de realidade e um atestado de
incapacidade (ou malandragem) a todos os políticos brasileiros. Em pleno
período de eleição, com Dilma tentando convencer a todos de que os 12 anos de
PT foram um sucesso e Alckmin parecendo já ter conseguido conquistar a todos
com os seus 20 anos de PSDB, o Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) vem a público dizer que, em 2013, o Brasil registrou 13 milhões de
analfabetos com 15 anos ou mais. Tudo isso no país que é a sétima economia do
mundo, mas que possui uma massa “pensante” que, em vez de discutir os temas
vitais para uma sociedade basicamente desenvolvida, com a educação, prefere
incluir nos debates políticos questões ainda tratadas sob a ótica de opiniões
religiosas e interesses pessoais.
Ao todo, o contingente de pessoas que
não sabem ler no Brasil supera a população de São Paulo, com 11,8 milhões. Isso
representa 8,3% do total de habitantes do país. Aqui, não são contabilizados,
ainda, os chamados analfabetos funcionais, que sabem ler a disposição de letras
em um quadro mas não têm a capacidade de interpretar um texto. Se levarmos isso
em consideração, a situação margeia o desespero, no estado de São Paulo e no
país inteiro, inclusive entre aqueles que possuem ensino superior.
Todo esse resultado representa o pífio
valor que os governantes brasileiros dão ao setor que é a base para tudo.
Representa, também, a importância que o próprio povo brasileiro dá para a
educação. É uma espécie de ciclo: se o povo não reivindica, o governo não se
mexe, se o governo não se mexe, o povo continua sem educação. Os candidatos
desse ano ganham e perdem votos de acordo com a sua posição com relação a
assuntos como casamento gay, abordo, apoio a religiosos e outras questões que,
de fato, são importantes, mas que não representam a urgência da realidade
brasileira, carente (para não dizer ausente) de saúde, segurança, transporte,
educação e tantas outras áreas básicas para uma sociedade ser considerada
desenvolvida.
Todos os assuntos que afligem as
pessoas de uma sociedade devem ser debatidos, mas é fato que não há
representantes suficientes em todas as categorias que estejam preparados para
debater essas questões mais polêmicas com o mínimo de imparcialidade e senso de
realidade. Sem preparo, os assuntos continuarão sendo debatidos sob a ótica da
religião, gosto e interesse pessoal, além de serem ferramenta para manipulação
de massas para fins eleitorais.
Vale ressaltar, ainda, que se o Brasil
tivesse um bom sistema de educação e uma população com alto nível de instrução,
talvez essas questões fossem discutidas em outro patamar e já estariam
resolvidas há muito tempo. Outras áreas também seriam beneficiadas com isso. O
caso de racismo contra o goleiro Aranha, do Santos, por exemplo, representa um
ato de pura deformidade educacional das pessoas envolvidas. O Brasil, um dos
países mais influenciados pela migração africana nos séculos passados, hoje, é
considerado racista. Burrice? Não, apenas falta de conhecimento da própria
história.
Faltam planos, projetos, estrutura,
incentivos e, o mais básico, educação. O primeiro passo para isso passa,
obrigatoriamente, pela valorização do professor. Se políticos esbanjam salários
e benefícios milionários por conduzirem o destino do país, os professores
merecem, no mínimo, um salário diferenciado por serem a base para o
desenvolvimento e sucesso da nação em todas as áreas citadas neste texto,
inclusive a política.
Vieira
Junior, jornalista, pós-graduando em Administração de Empresas pela Fundação
Getúlio Vargas (IBE-FGV).
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