Estabelecimentos comerciais paulistas vão ter copo exclusivo para clientes que solicitarem bebida sem açúcar. Os recipientes deverão ser disponibilizados em cor predominantemente azul com a inscrição “Zero Açúcar” para utilização em máquinas de refrigerantes. A cor escolhida foi inspirada no tom usado na campanha de conscientização denominada Dia Mundial do Diabetes, que é realizada todo mês de novembro. A medida visa acabar com um erro comum e que pode ser fatal: servir bebidas com açúcar para os clientes que não podem ingeri-lo.
O responsável pela iniciativa da lei, o advogado e presidente do Instituto Deborita, Fábio Siqueira, atesta a frequência com que esse erro é cometido em cinemas, restaurantes e nos demais estabelecimentos. Sua filha, Débora, 7 anos, é portadora do diabetes tipo 1 e já teve mais de uma complicação por causa desse engano. Toda vez que ingere açúcar ela passa mal e precisa de cuidados médicos. “Além do caso grave de saúde pública, a lei também defende que prevaleça o direito do consumidor de escolher um tipo de produto, pagar por ele e efetivamente recebê-lo”, afirma Siqueira, que já elaborou mais de 10 projetos de leis em defesa dos diabéticos. A nova legislação foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de SP a partir de propositura (PL 1185/2017 – Lei do Copo Azul) do deputado estadual Chico Sardelli (PV-SP).
Números do Brasil
De acordo com relatório da OMS publicado em 2016, estima-se que no Estado de São Paulo cerca de 2,5 milhões de pessoas enfrentem o diabetes e, por isso, devem controlar rigorosamente a ingestão de açúcar. No Brasil, a projeção é de 16 milhões de diabéticos, sendo que possivelmente metade ainda não constatou o problema. É que, diferentemente da Débora, que convive com o tipo mais raro do diabetes, a maior parte dos afetados (algo em torno de 90%), possui o tipo 2 da doença, que geralmente é assintomático, o que torna o tratamento mais difícil.
O diabetes não tratado pode ocasionar complicações graves, tais como cegueira, morte por ataque cardíaco, casos de acidente vascular cerebral, dentre outras problemáticas. Sedentarismo e excesso de peso são vilões que ajudam o diabetes tipo 2 a se proliferar. Todo ano, no Brasil, ainda segundo o relatório da OMS, por volta de 106 mil pessoas morrem em decorrência dessa doença silenciosa.
Diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. Mas o que é insulina? É um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. O corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, que obtemos por meio dos alimentos, como fonte de energia.
Quando a pessoa tem diabetes, no entanto, o organismo não fabrica insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. O nível de glicose no sangue fica alto – a famosa hiperglicemia. Se esse quadro permanecer por longos períodos, poderá haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
A missão do Instituto Deborita é encontrar e organizar os portadores de diabates do Estado de São Paulo em grupos e associações de apoio, gerando envolvimento para desenvolver ações de saúde pública e prevenção.
Como ações de utilidade pública, o instituto Deborita promove diversos eventos públicos e gratuitos para medição de glicose a fim de diagnosticar os casos de diabéticos não identificados, além de receber reclamações de falta de medicamentos e encaminhá-las aos órgãos responsáveis, cobrando a devida solução.
Foto: Advogado e presidente do Instituto Deborita, Fábio Siqueira.
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