FALTA CONFIANÇA E SOBRAM RECURSOS

29 de fevereiro de 2016.
ARTIGO DO PROFESSOR MARCOS FONTES

Estamos no final do
segundo mês do ano de 2016 e finalmente estão definidos os recursos totais que
a Indústria da Construção Civil, segmento residencial, pode contar para sair da
terrível crise e do início de novo ciclo vicioso a que foi inserida em decorrência
da crise político-econômica dos últimos dois anos.
O volume de crédito
imobiliário atingiu o pico de 9,7% do PIB em final de 2013, promovendo o
encerramento do maior ciclo virtuoso da Indústria da Construção Civil. Foram
quase R$135 bilhões aplicados pela Caixa Econômica Federal, que detém 70% do
mercado, no Sistema Financeiro da Habitação (Recursos FGTS e Poupança). No
final de 2015 o volume aplicado atingiu apenas R$ 91 bilhões, queda de mais de
32%, segundo dados do banco estatal. Esta queda acentuada foi motivada pela
dificuldade com o déficit de saldo de depósitos de poupança, de mais de R$53
bilhões em 2015.
O Conselho curador do
FGTS anunciou ontem suplementação de recursos de R$21 bilhões, elevando o
volume total para aplicações deste funding em R$104 Bilhões. A novidade é que
numa operação importante para reforçar o caixa utilizando de funding
alternativos o FGTS investirá R$10 bilhões em CRI – Certificados de Recebíveis
Imobiliários (taxa de 7,5% ao ano). Estes recursos serão aplicados pelos bancos
com a venda dos títulos. Mais um reforço, portanto, para fazer frente à queda
do volume aplicado da poupança.
Estamos falando de
aproximadamente R$145 bilhões de recursos disponíveis para o crédito
imobiliário em 2016, sem considerar as faixas 1 e 1,5 (recém-criada e ainda não
regulamentada) do Programa Minha Casa Minha Vida na fase 3.
O sistema financeiro
todo então terá disponibilidade suficiente para alavancar o volume contratado
em 2015 (R$91 bi) e distribuir boas metas às instituições financeiras que
operam no SFH.
Para que isto
aconteça bastará somente melhorar o nível de confiança entre todos os outros
atores da Indústria. Necessitará o empreendedor restabelecer o nível de
confiança para colocar em prática seus projetos e apresentá-los aos bancos.
Caberá principalmente
ao cliente final, o comprador do imóvel, restabelecer também sua confiança
frente à terrível crise que assola o país e que diminui sua condição de
endividamento de longo prazo considerando sua incerteza do emprego e de renda.
Para as empresas o
processo de maturação é longo até disponibilizar os produtos imobiliários aos
compradores e torna-se um alento saber que pelo menos recursos para o
financiamento a produção dos imóveis e o financiamento aos clientes finais não
vai faltar dos produtos.
A confiança para
todos será restabelecida quando as regras forem claras e duradouras e quando as
pessoas e as instituições inspirarem credibilidade em suas ações e estratégias.
Marcos Fontes é diretor
da Habita’z e professor de Economia da IBE-FGV especialista nas áreas de
Finanças e Imóveis com ênfase em crédito imobiliário e construção civil.
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