PÁTRIA DESEDUCADORA

12 de fevereiro de 2016.
ARTIGO DE RUBENS PASSOS
O fato de o Brasil,
ultrapassado pelo Sri Lanka, ter perdido mais uma posição no ranking do Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH), que acaba de ser divulgado, posicionando-se em
75º lugar dentre 188 países, está diretamente relacionado à precariedade do ensino.
A educação é um dos três indicadores que compõem esse indicador das Nações
Unidas, ao lado da saúde e da renda.
A boa escolaridade,
contudo, é decisiva para os dois outros requisitos. Afinal, pessoas com boa
formação técnico-acadêmica ganham mais, geram mais renda e são mais instruídas
quanto aos cuidados com a saúde. Assim, não é sem motivo que o ensino público
de qualidade seja considerado a grande base do desenvolvimento.
Por isso, é
lamentável observar que estamos caminhando na direção contrária do que apregoa
o marketing oficial do governo. Na verdade, somos a Pátria Deseducadora, pois
continuamos negligenciando o ensino público, de péssima qualidade, e ainda se
passam maus exemplos de cidadania e urbanidade aos nossos jovens, que assistem
diariamente aos espetáculos grotescos da corrupção, da incompetência, do
oportunismo político e dos “barracos” entre parlamentares e autoridades,
reproduzidos na mídia de todo o mundo, para o nosso constrangimento.
Um dos exemplos de
nossa “deseducação” está em estudo da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), no qual o Brasil aparece em terceiro lugar
dentre as nações que, proporcionalmente, mais destinam recursos à educação.
Seria ótimo não fosse a péssima qualidade da escola pública. Pode-se depreender
que o dinheiro está sendo mal aplicado, pois 17,2% dos gastos públicos
brasileiros são direcionados ao setor, informa o relatório, intitulado
Education at a Glance 2015.
No entanto, essa
conta não fecha. Vejamos: nosso Magistério, numa absurda distorção, é mal pago
(um professor em início de carreira no Brasil ganha cerca de 12 mil dólares por
ano, menos da metade da remuneração inicial dos docentes de países da OCDE); as
escolas, com raras exceções, estão mal cuidadas; este ano, cortaram-se e se
reduziram os programas federais, estaduais e municipais de compras de livros
para os alunos; as universidades públicas estão vivendo graves crises
orçamentárias; o governo paulista queria fechar quase cem escolas;  e o Brasil, segundo o estudo,  gasta, por ano, 3.441 dólares para cada
estudante matriculado na rede pública do ensino básico até o superior, ante
média da OCDE de 9.317 dólares.
Assim, cabe
perguntar: o que está sendo feito com a terceira maior verba mundial do ensino
proporcional à arrecadação? Com um detalhe: temos uma das maiores cargas
tributárias do Planeta! Tais impostos, aliás, contribuem muito para outro
indicador que conspira contra a escolaridade: os materiais escolares têm em
média, alíquotas de tributos superiores a 40%, o que onera muito o seu preço. A
quem o País está educando? A quem se pensa que se está enganando?  
Rubens F. Passos,
economista pela FAAP e MBA pela Duke University, é presidente da Associação
Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório
(ABFIAE) e Diretor Titular do CIESP Bauru.
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