PRAZER DO FUMO IMPLICA EM RISCO

À medida que se aproxima o Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto, é imperativo refletir sobre os malefícios do cigarro e seus efeitos devastadores na saúde. Uma das mais sombrias conexões entre o tabagismo e a saúde é o aumento do risco de câncer, que não se limita apenas aos pulmões, estômago e intestino, mas também inclui cânceres de cabeça e pescoço. A previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o Brasil, neste ano de 2023, é de que surjam 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço, incluindo nessa soma os cânceres de cavidade oral, tireoide e laringe. Cerca de 10% da população brasileira fuma, ou cerca de 21 milhões de pessoas.

Os especialistas do Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço – IOU, na Unicamp, tratam diariamente pacientes com esse perfil e alertam sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce nessa luta contra as consequências do tabagismo.

O Dr. Carlos Takahiro Chone, médico, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IOU, frisa que o cigarro, repleto de produtos químicos tóxicos, tem sido comprovadamente um catalisador para uma série de cânceres, afetando múltiplos sistemas do corpo. “A exposição prolongada a essas substâncias pode desencadear cânceres de boca, língua, faringe, laringe e esôfago. Com a exposição ao cigarro, essas regiões apresentam um risco 20 vezes maior. O fumo compromete a integridade das células nesses tecidos sensíveis, tornando-os mais suscetíveis à mutação e ao crescimento tumoral”, adverte.

A prevenção é uma ferramenta poderosa nessa batalha contra o câncer relacionado ao tabagismo. Abandonar o cigarro é a decisão mais eficaz que qualquer indivíduo pode tomar para reduzir o risco dessas doenças debilitantes. O tabagismo é o fator de risco para câncer mais evitável que deve ser enfrentado com seriedade. Além disso, estar atento aos sintomas e aderir a exames de rastreamento regulares é vital. O Dr. Flavio Mignone Gripp, médico assistente do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IOU, salienta que a detecção precoce é crucial para um tratamento bem-sucedido. “Mudanças na voz, dor persistente na garganta, dificuldade para engolir e feridas que não cicatrizam são sinais de alerta que não devem ser ignorados. Quanto mais cedo um câncer for detectado, maiores são as chances de tratamento e de uma recuperação completa”, enfatiza Gripp.

Segundo o Dr. Gripp, através de exames endoscópicos e outros procedimentos os médicos podem identificar lesões suspeitas e iniciar intervenções médicas oportunas, contribuindo para um melhor prognóstico.

A equipe de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IOU foi pioneira em algumas técnicas inovadoras no país quanto a tratamentos de câncer de cabeça e pescoço. O diretor do IOU, o otorrinolaringologista Agrício Crespo, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, destaca a cirurgia endoscópica com laser de CO2 para câncer de laringe (cordas vocais). “Nesse tipo de cirurgia o paciente recebe alta em menos de 24 horas e não tem a necessidade de usar traqueostomia ou sonda nasogástrica. Já a cirurgia convencional requer internação de até uma semana, alimentação por sonda e respiração por traqueostomia”, compara Crespo.

Pulmão, esôfago, estômago e intestino

O câncer de pulmão é outra trágica consequência do tabagismo. Os pulmões, órgãos vitais para a respiração, são diretamente impactados pelas toxinas inaladas do cigarro. As células pulmonares podem sofrer alterações genéticas que resultam em tumores malignos. O risco de câncer de pulmão é significativamente elevado entre os fumantes, servindo como um lembrete alarmante do preço que o hábito de fumar cobra da saúde.

O sistema digestivo também sofre com as substâncias químicas presentes no cigarro. A lesão provocada no revestimento do esôfago e estômago pode levar a mutações celulares e o crescimento descontrolado de células, resultando no desenvolvimento do câncer gástrico.

Além disso, não se deve negligenciar a associação entre o tabagismo e o câncer de intestino. As substâncias químicas presentes na fumaça do cigarro podem afetar o sistema digestivo, aumentando o risco de câncer no cólon e no reto. A inflamação crônica e as mutações celulares induzidas pelo fumo desempenham um papel nesse processo, acentuando ainda mais a urgência de eliminar o hábito de fumar.

 

Foto 1 – Carlos Takahiro Chone, médico chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do IOU.

Crédito: Matheus Campos.

Foto 2 – Flavio Mignone Gripp, médico cirurgião de Cabeça e Pescoço do IOU.

Crédito: Mário Moreira da Silva.

Foto 3 –  Otorrinolaringologista Agrício Crespo, diretor do IOU e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Crédito: Claudinei Fortes.

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