ARTIGO DO PROFESSOR RODRIGO LANDUCCI

24 de outubro de 2014.
A banalização da TI
 Rodrigo Landucci
Ultimamente tem-se banalizado em muito
a terminologia TI, promovendo, muitas vezes uma amplitude exacerbada do termo
para descrever tudo que envolve, quaisquer componentes de tecnologia.
Até muito pouco tempo atrás, e diria,
hoje também em muitas empresas o departamento de TI ainda é considerado o que
podemos chamar de “curva de rio”. Para uma descrição breve do que isto
significa, curva de rio é um local onde toda matéria que é deslocada pela sua
ação tende a parar, provocando um acumulo de material em suspensão e por vezes
até bloqueando o seu curso, transpondo para o mundo dos negócios, a TI é um
departamento que deve ter a resposta para tudo aquilo que ninguém sabe onde
perguntar ou como resolver. A exemplo deste caso, temos em muitas organizações,
sob a responsabilidade direta da TI, problemas relacionados à manutenção de
infraestrutura, seja predial, elétrica, tecnológica ou de máquinas.
A confusão é tamanha, que com o avanço
da tecnologia, equipamentos outrora manuais se tornaram automáticos/eletrônicos
e, portanto, sob a responsabilidade da TI, uma vez que sua operação depende de
programas e, por sua vez, do uso de computadores com seus sistemas de
informação.
Tamanho é o problema que em muitas
organizações a TI passou a ser um dos principais departamentos senão o
principal e o que era para ser apoio ao negócio passa a ser parte decisória dos
rumos das organizações, influenciando na estratégia de ação das empresas no
mercado e muitas vezes ditando as regras, o que pode acarretar em tomadas de
decisão erráticas.
Para analisar este caso e conseguir
enxergar além deste horizonte, é necessário entender toda a complexidade
envolvida. Analisando a etimologia das palavras que o compõe:
·         O
que entendemos por informação? Do dicionário é o “Ato de Noticiar”,
“Esclarecer”, “Dar forma ao intangível”;
·         E
o que seria a informática? “É a ciência que se ocupa do tratamento automático e
racional da informação, suporte dos conhecimentos e das comunicações e está
associada a utilização de computadores e seus programas”;
·         E
o que seria então a tecnologia? “É a ciência cujo objeto é a aplicação do
conhecimento técnico e científico para fins industriais e comerciais”.
Destes três conceitos surge o de
Tecnologia da Informação ou somente TI, consistindo em uma fusão de informação
com informática e tecnologia.
É praticamente impossível viver sem a
sua interação, por mais remoto que seja o local onde se reside, direta ou
indiretamente estamos ligados a tecnologia da informação. Seja utilizando
bancos, enviando ou recebendo mensagens por e-mail, efetivando compras, mesmo
que diretamente no local da venda, fazendo uma ligação ou até mesmo,
passivamente, sendo monitorados por sistemas via satélite.
Uma das grandes preocupações das
empresas e diria, até da nossa geração é o quanto impactante é a sua influência
na produtividade funcional e por conseguinte nos negócios. Até pouquíssimo
tempo atrás, evitar fatores improdutivos era uma tarefa de gestão que podia ser
produzida adotando-se ferramentas de gestão de pessoas e TI. Contudo, as
facilidades ofertadas pelo mercado atual para o uso das tecnologias,
incrementam mais um desafio neste “caldo”. Como evitar fatores de
improdutividade, com os atuais métodos de medição e controle, uma vez que o
funcionário não está se utilizando de equipamentos da organização para o contorno
destas regras, sem ferir os direitos legais (jurídicos) do cidadão e mais do
que isso, trazê-lo de volta ao foco do trabalho? Como criar esta motivação?
As gerações advindas das décadas de 80,
90 e posteriores ao ano 2000, não aceitam mais as regras impostas de outros
tempos, não se motivam mais por fatores de aumento financeiro, enfim, não se
comportam mais como as gerações anteriores. Discussões à parte, se o erro foi
de uma forma ou de outra de promover sua criação, ou se a culpa é da própria
evolução humana, isto não mais importa. O que nos preocupa agora é como
resolver, e, talvez, estejamos até nos fazendo as questões erradas. Será que
deveríamos estar preocupados em resolver, ora, para revolver algo deve-se ter
um problema, será que o estamos raciocinando o caso erraticamente? Esta questão
permeia os sonhos dos pensadores e administradores de nossa geração. Como dito
por um desconhecido, talvez tenhamos que começar “pensar fora da caixa”. Será
que o não estaríamos tentando tratar uma doença que não existe, ou pior que não
tem cura? A história nos conta que, estamos em constante evolução e adaptação.
Será que não necessitaríamos de uma adaptação de nossos conceitos, não
estaríamos passando por um processo evolucionário?
Um fator importante é que evoluímos
mais tecnologicamente nos últimos 200 anos, do que nos 2000 anteriores. Se
pararmos um momento para pensar, talvez percamos o ponto de decisão, tamanha é
a rapidez com o qual a tecnologia evolui. A pouco mais de 50 anos não havia o
conceito de computador pessoal, hoje nem conseguimos mais trabalhar e sermos
competitivos sem eles.
Não se pode negar que a tecnologia traz
mais benefícios do que malefícios aos negócios, nesta afirmação iria mais
fundo, diria que sem a tecnologia, não seria mais possível manter um
empreendimento competitivo no mercado. Melhor que isso, em alguns casos o
sucesso do negócio dependeu de ações de tecnologia tomadas de forma assertiva
no momento correto.
Analogamente, como na descoberta das
possibilidades de utilização da energia nuclear, o seu uso para finalidades
pacíficas é uma grande vantagem estratégica, sua utilização como arma também o
é. A TI, com toda a certeza, desde que bem utilizada, pode ser um grande fator
para o sucesso ou de fracasso, basta para isso que as decisões para o seu uso
sejam tomadas com foco nos horizontes do seu mercado, estrategicamente alinhado
ao seu negócio.
Rodrigo
Landucci é professor de pós-graduação em Administração de Empresas da IBE-FGV,
é especialista nas áreas de Gestão de Pessoal, Marketing Empresarial, Técnicas
de Comunicação, Tecnologia da Informação, Gestão de Projetos, Liderança,
Negociação e outros.
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