ARTIGO – EXECUTIVOS BRASILEIROS NÃO TEM IDEIA DO QUE É CIBERSEGURANÇA

Por William Beer*
Enquanto algumas das maiores empresas
do mundo – Google, Apple e Microsoft, por exemplo – se unem para pedir ao
governo norte-americano reformas e restrições nas atividades de vigilância pela
internet, no Brasil a preocupação com a segurança da informação parece caminhar
a passos brandos no ambiente corporativo. Bastaria citar a invasão da NSA aos
dados da Petrobrás, uma das gigantes brasileiras, para sugerir a fragilidade
local perante potenciais ciberataques. A questão, no entanto, é bem mais
profunda do que os poços petrolíferos da estatal.
Resultados preliminares de uma
pesquisa realizada pela Alvarez & Marsal com 150 executivos sêniores de
empresas brasileiras mostra que 20% dos entrevistados não sabem quem é o
responsável pela segurança da informação em suas organizações. Outros 28% acham
que o assunto é apenas de responsabilidade de TI. Além disso, um estudo da
Symantec e do Ponemon Institute aponta que as companhias nacionais perderam R$
2,64 milhões em 2012 com violação de dados (erros humanos e falhas de
sistemas). Estamos falando de um dos principais riscos enfrentados por empresas
de todos os portes e em todo mundo, com prejuízos milionários, e quase a metade
dos executivos brasileiros patinam em relação a processos e responsabilidades
sobre cibersegurança.
Em outras palavras, mesmo com os
últimos vazamentos de informação no país (espionagem e ações de hackers em
sites do governo), os líderes empresariais brasileiros parecem estar com a
cabeça presa ainda no século passado.  Enquanto isso, os ataques pela
internet se tornam cada vez mais complexos e difíceis de evitar.
Essa inércia dos executivos é
perigosa. Neste ano o Brasil terá a Copa do Mundo e, em 2016, a Olimpíada.
Quantias significativas de dinheiro circularão pelo país e, certamente, serão
alvo de fraudes cibernéticas. Além disso, com o contínuo aumento no número de
ataque cibernéticos – em 2012 houve um crescimento de 42% segundo estudo
Internet Security Threat Report 18, da Symantec – a maioria das organizações no
mundo enfrentará uma crise nesse sentido em algum momento. Portanto, as
empresas precisam reconhecer que serão atacadas e estar prontas para responder
com rapidez e eficácia. Só assim elas
criarão a base para uma segurança cibernética mais inteligente, que
não seja encarada como um custo para a organização, mas como uma sólida
estratégia para o futuro dos negócios.
Por fim, a pesquisa da Alvarez &
Marsal ainda revela que 47% das empresas brasileiras afirmam que existe um
baixo nível de diálogo entre as equipes de segurança e os executivos. Em um
mundo moderno, onde as partes estão cada vez mais próximas e conectadas, manter
essa divisão é como estacionar no tempo. Qualquer organização que delega apenas
ao CISO (Chief Information Security Officer) ou ao CIO (Chief Information Officer)
a responsabilidade sobre a cibersegurança está se enganando. A segurança da
informação é um assunto que deve envolver tanto a área de TI como os executivos
do nível C (presidência e diretoria executiva), que precisam estar ativamente
envolvidos para criar uma ponte entre os negócios, a tecnologia e o
comportamento voltado à segurança, necessário em todos os níveis e da parte de
todos os funcionários. Esse já é o pensamento de muitas das grandes empresas
globais, e está na hora de o empresário brasileiro acordar para a nova
realidade da cibersegurança.
* William Beer é sócio da Alvarez & Marsal, empresa global de
serviços profissionais especializada em recuperação e gestão interina, melhoria
de desempenho, serviços de consultoria empresarial, segurança cibernética e
forense.

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