ARTIGO – O MELHOR MOMENTO PARA VENDER UMA EMPRESA

Marcos Nogueira Simões
O momento ideal
para se vender uma empresa seria, teoricamente, no ponto ideal de confluência
entre três ciclos de vida: o ciclo de vida da empresa, de seus sócios e do
mercado. Porém, sabemos por experiência que, na prática, esses três ciclos
muito raramente são coincidentes ou identificáveis com precisão.
Em geral,
desde seu nascimento, uma empresa sobrevivente passa por ciclos sucessivos de
criação, crescimento, maturidade e declínio. Esse ciclo pode durar desde várias
décadas até séculos nas empresas de maior sucesso. Já o ciclo de atuação dos
sócios na empresa, por sua vez, depende muito de fatores sucessórios, mas gira
em torno de, no máximo, 30 ou 40 anos por geração. E os ciclos de mercado no
setor específico de atuação da empresa dependem da tecnologia, produtos ou
serviços oferecidos e também da interação das forças competitivas do setor,
sendo extremamente específicos e de difícil generalização.
Em alguns
casos, os próprios empreendedores são as melhores pessoas para definir em que
estágio desses ciclos estão a empresa, o mercado e seus sócios atuais.  Porém, na maioria dos casos essa noção não se
mostra clara ou completa.
Na prática, o
melhor momento para se preparar para uma venda começa muito antes do surgimento
da oportunidade de vender a empresa e requer um preparo estruturado na forma de
objetivos e planos de ação consistentes. 
Muitas vezes, requer uma mudança na forma de pensar sobre a empresa. Como
paradoxo, o melhor preparo não necessariamente tem como objetivo a venda total
ou parcial da empresa ou de seus ativos. Acredito que até independe completamente
da hipótese de venda.
Em minha
opinião, o melhor preparo para venda ou para qualquer objetivo de valor futuro de
uma empresa tem início com a ideia de que a empresa é um investimento de seus
sócios e deve ser tratada como tal. Risco, retorno esperado, liquidez, prazo,
custo de capital, são alguns atributos de qualquer tipo de investimento em
imóveis, mercado de capitais, renda fixa etc. Mas surpreendentemente não são
atributos considerados na cultura, na estratégia e no cotidiano de muitas
empresas que tivemos a oportunidade de avaliar ao longo de quase 30 anos. Os
sócios empresários, em última instancia, são investidores em ações ou quotas de
sociedades de capital fechado, não muito distintos das ações negociadas em
bolsa de valores. Não obstante, curiosamente muitos empresários com os quais
tivemos contato se declararam com aversão ao risco do mercado de ações.
A partir do
conceito de empresa como investimento, o horizonte fica mais transparente para
planos de sucessão da gestão, estratégia de crescimento, captação de recursos e
políticas de gestão de riscos.
Por se tratar
de assunto de alta importância, complexidade e que demanda alto grau de
coordenação paralela ao dia-a-dia da empresa, aconselhamos muitas a contratação
cuidadosa de profissionais experientes e idôneos para apoio da empresa e de
seus sócios na elaboração e execução desses objetivos empresariais.
Afinal, neste
mundo de fusões e aquisições não é raro que as melhores vendas, com as melhores
avaliações de preço, ocorram justamente quando seus acionistas menos esperam ou
desejam. Na prática, o preparo para o mundo ideal começa hoje.

Marcos
Nogueira Simões Sócio-diretor
da Jequitibá Investimentos, empresa de assessoria financeira especializada em
fusões, aquisições e consultoria empresarial. Formado em economia e finanças
pela Universidade de Chicago, foi principal executivo financeiro de empresas
nacionais e estrangeiras no Brasil e nos EUA.  E-mail: [email protected]
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