BNDES AFIRMA QUE BRASIL VIVE UMA DE SUAS MAIORES RECESSÕES DESDE 1947

27 de fevereiro de 2016.
A economia brasileira
está mergulhada em uma das maiores recessões de sua história e a recuperação
não virá no curto prazo, de acordo com a visão de especialistas que debateram
as perspectivas de investimento no país nos próximos anos, em evento na Câmara
de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio). O desaquecimento do
consumo, aliado à incapacidade do governo de promover as reformas fiscais
necessárias e à desconfiança do investidor são os principais pilares que mantém
o cenário de grave retração. “A economia brasileira está mergulhada em uma das
três maiores recessões desde que se iniciou a contabilidade das contas
nacionais, em 1947. Talvez fique na historia como a maior, a depender de seus
desdobramentos”, afirmou Francisco Eduardo Pires de Souza, assessor da
presidência do BNDES.
De acordo com Souza,
o Brasil vive atualmente um momento de “colapso no investimento”, cujas taxas
vêm caindo vertiginosamente desde o segundo semestre de 2013. Esse cenário, explicou,
é resultado da diminuição do retorno sobre o investimento e do aumento do custo
médio do capital no país. “É o investimento que cria a capacidade econômica.
Sem ele, qualquer retomada será só espuma. Não vai durar muito tempo. O
investidor espera um retorno à frente, mas essa aposta depende da confiança no
futuro da economia. E esses índices de confiança despencaram”, disse.
As medidas utilizadas
pelo governo para driblar as crises de 2008 e 2011 vêm se mostrando incipientes
para promover uma saída do quadro atual, conforme destacou Marcelo Kfoury,
economista-chefe do Citi. À época, para impulsionar a demanda, o governo
apostou no aumento do gasto público, na isenção de impostos para automóveis e
eletrodomésticos, no corte de juros e no aumento de gastos sociais. “Esse
impulso não gerou crescimento. Pode até ter evitado uma recessão, mas trouxe o
desequilíbrio de uma demanda superaquecida em relação à oferta. Hoje, o governo
não tem mais as ferramentas necessárias para impulsionar o consumo”, explicou.
Com a ampliação da
percepção de risco no mercado, o desafio reside na capacidade de implantar
reformas, o que depende especialmente da esfera política. A crescente
instabilidade em Brasília, porém, vem deixando engessada a tomada de ações
essenciais como o corte de gastos públicos e redução de impostos, conforme
destacado pelos especialistas presentes no debate.
Para Ricardo Sennes,
coordenador-geral do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional de Relações
Internacionais da USP, não há crise institucional. “A crise atual é fruto do
amadurecimento das instituições do país, que estão passando por um rearranjo”,
afirmou. O pesquisador destacou que governo brasileiro tem ampla capacidade de
compreender os dados econômicos e, com isso, promoveu melhorias substanciais
tanto no ambiente econômico como social nos últimos 12 anos, contando com o
apoio da iniciativa privada.

Para o
diretor-executivo da AmCham Rio e moderador do debate, Robson Barreto, em vez
de apontar culpados, é necessário unir esforços para que o cenário de crise se
reverta o quanto antes. “O governo, o Congresso Nacional, o setor privado e a
população precisam trabalhar em conjunto em prol da recuperação, o que
significa não apenas iniciar mudanças de gestão, como também aceitá-las. Todos
são agentes importantes para a recuperação do país”, finalizou.
Fotos 1 e 2 – Evento na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio) debate economia brasileira.
Crédito: AmCham Rio
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