28 de julho de 2014.
Márcia Ameriot
O mês de julho está indo embora e levou consigo três grandes nomes da
literatura nacional. Além de João Ubaldo Ribeiro e Rubem Alves, essa semana nos
despedimos do grande sertanejo Ariano Suassuna, que nos deixou aos 87 anos, no
Recife. Ficamos todos meio órfãos. Consolam-nos os escritos de Alves e os
grandes personagens que Ubaldo Ribeiro e Suassuna nos herdaram, mas fica
a sensação de que mesmo que as cadeiras na ABL sejam ocupadas, no fundo, faltam
talentos atuais que ocupem o espaço que deixam esses grandes escritores. E é
que a ”safra” não parece ser das melhores e as vacas, caros leitores, estão
magras de dar dó, não é? Digam-me novos nomes de nossa literatura, por favor!
literatura nacional. Além de João Ubaldo Ribeiro e Rubem Alves, essa semana nos
despedimos do grande sertanejo Ariano Suassuna, que nos deixou aos 87 anos, no
Recife. Ficamos todos meio órfãos. Consolam-nos os escritos de Alves e os
grandes personagens que Ubaldo Ribeiro e Suassuna nos herdaram, mas fica
a sensação de que mesmo que as cadeiras na ABL sejam ocupadas, no fundo, faltam
talentos atuais que ocupem o espaço que deixam esses grandes escritores. E é
que a ”safra” não parece ser das melhores e as vacas, caros leitores, estão
magras de dar dó, não é? Digam-me novos nomes de nossa literatura, por favor!
Tentando não deixar-me vencer pelo pessimismo, escuto a coordenadora do
Centro de Documentação História da Fundação que dirijo contar, exasperada, que
as crianças que visitam o espaço expositivo não reconheceram a fotografia de
uma biblioteca mostrada em uma atividade – nunca tinham visto uma! Ah, mas o
“shopping center” sim, todas, absolutamente todas já tinham frequentado várias
vezes… Crianças de 4 e 5 anos de uma escola pública municipal de cidade de
interior.
Centro de Documentação História da Fundação que dirijo contar, exasperada, que
as crianças que visitam o espaço expositivo não reconheceram a fotografia de
uma biblioteca mostrada em uma atividade – nunca tinham visto uma! Ah, mas o
“shopping center” sim, todas, absolutamente todas já tinham frequentado várias
vezes… Crianças de 4 e 5 anos de uma escola pública municipal de cidade de
interior.
De onde vão surgir novos Suassunas, Ubaldos, Machados de Assis ou, vá
lá, Chicos Buarques de Hollanda?
lá, Chicos Buarques de Hollanda?
Lembrei-me de outra historinha, essa mais divertida, contada pela amiga
recém-solteira (por força de um pé bem colocado do ex-namorado, tenho que ser
honesta), de volta ao Brasil depois de anos parisienses, que reclamava – “além
de quase não encontrar homens disponíveis, tem sido difícil achar algum
que não cometa erros gritantes de ortografia e gramática num parágrafo de 4
linhas, amiga…”
recém-solteira (por força de um pé bem colocado do ex-namorado, tenho que ser
honesta), de volta ao Brasil depois de anos parisienses, que reclamava – “além
de quase não encontrar homens disponíveis, tem sido difícil achar algum
que não cometa erros gritantes de ortografia e gramática num parágrafo de 4
linhas, amiga…”
É, não está fácil para ninguém nessa época de internet conhecer quem
ainda saiba escrever e falar o bom e velho português. E olhe que nem precisa
ser um Machado de Assis, não; basta não assassinar a língua pátria!
ainda saiba escrever e falar o bom e velho português. E olhe que nem precisa
ser um Machado de Assis, não; basta não assassinar a língua pátria!
A solução? Leitura, leitura e leitura! Bibliotecas! Mais educação! Uma
escola mais divertida, que ensine de uma forma mais prazerosa, por meio da
troca, de uma relação de grupo, na qual o que sabe mais transfere conhecimento
ao aprendiz . O trabalho em grupo é uma das mais eficientes ferramentas de
aprendizagem, tornando o ato de aprender prazeroso e estimulante. “Ninguém
educa ninguém” nos lembra o mestre Paulo Freire numa bela página de Pedagogia
do Oprimido e “ninguém se educa sozinho” continua o grande mestre, porém
podemos perceber que a educação é um processo em que uns ajudam os outros.
escola mais divertida, que ensine de uma forma mais prazerosa, por meio da
troca, de uma relação de grupo, na qual o que sabe mais transfere conhecimento
ao aprendiz . O trabalho em grupo é uma das mais eficientes ferramentas de
aprendizagem, tornando o ato de aprender prazeroso e estimulante. “Ninguém
educa ninguém” nos lembra o mestre Paulo Freire numa bela página de Pedagogia
do Oprimido e “ninguém se educa sozinho” continua o grande mestre, porém
podemos perceber que a educação é um processo em que uns ajudam os outros.
Muitos pais e educadores estão focados na ideia de que a única coisa que
conta para o sucesso da criança é o seu QI. Se professores e pais querem
realmente que suas crianças alcancem sucesso a longo prazo, eles precisam pensar
de maneira mais ampla sobre as habilidades que elas precisam ter .
conta para o sucesso da criança é o seu QI. Se professores e pais querem
realmente que suas crianças alcancem sucesso a longo prazo, eles precisam pensar
de maneira mais ampla sobre as habilidades que elas precisam ter .
Li há algumas semanas a história do jovem acriano André Lucas Buriti de
Melo, 19, que conquistou uma vaga e bolsa integral para estudar na Universidade
Yale, uma das mais prestigiadas instituições norte-americanas. O
estudante também foi aprovado em mais quatro universidades dos EUA: Babson,
Brown, Duke e Georgetown. Uma frase do moço chamou-me a atenção e parece
confirmar o que penso: “Não adianta você pensar que ganhando cinco
medalhas de ouro em olimpíadas internacionais vai passar. As universidades querem
pessoas com tipo diferentes de vida. Que gostem de música, ciências, humanas. O
legal é que ele mostre suas intenções sobre o que quer fazer e como quer
contribuir para a sociedade. Isso que conta”
Melo, 19, que conquistou uma vaga e bolsa integral para estudar na Universidade
Yale, uma das mais prestigiadas instituições norte-americanas. O
estudante também foi aprovado em mais quatro universidades dos EUA: Babson,
Brown, Duke e Georgetown. Uma frase do moço chamou-me a atenção e parece
confirmar o que penso: “Não adianta você pensar que ganhando cinco
medalhas de ouro em olimpíadas internacionais vai passar. As universidades querem
pessoas com tipo diferentes de vida. Que gostem de música, ciências, humanas. O
legal é que ele mostre suas intenções sobre o que quer fazer e como quer
contribuir para a sociedade. Isso que conta”
O que está faltando na educação é um outro conjunto de habilidades, como
curiosidade, colaboração, determinação, disciplina , sociabilidade e
autocontrole, que ainda não se medem em testes. Tudo isso essa “escola do
futuro” deveria ensinar. Eu conheço uma escola assim. Mas fica para outra
conversa…
curiosidade, colaboração, determinação, disciplina , sociabilidade e
autocontrole, que ainda não se medem em testes. Tudo isso essa “escola do
futuro” deveria ensinar. Eu conheço uma escola assim. Mas fica para outra
conversa…
Márcia
Ameriot é superintendente da Fundação Romi, localizada em Santa Bárbara
d´Oeste. A profissional, da área de responsabilidade social empresarial e
desenvolvimento local sustentável, é jornalista, historiadora
e desenvolveu sua carreira em organizações como o IDIS (Instituto
para o Desenvolvimento do Investimento Social) e Fundação Tide Setubal. Tem
experiência internacional na área de violência doméstica e direitos da
mulher, tendo atuado por 12 anos na Itália, Chile e
México, onde foi uma das fundadoras da organização Mujer
Integral, da qual foi representante junto às Nações Unidas nos
trabalhos de revisão da Conferência de Beijig, em Nova Iorque. Márcia
é formada em Princípios de Gestão para Organizações do Terceiro Setor pela
Fundação Getúlio Vargas.
Ameriot é superintendente da Fundação Romi, localizada em Santa Bárbara
d´Oeste. A profissional, da área de responsabilidade social empresarial e
desenvolvimento local sustentável, é jornalista, historiadora
e desenvolveu sua carreira em organizações como o IDIS (Instituto
para o Desenvolvimento do Investimento Social) e Fundação Tide Setubal. Tem
experiência internacional na área de violência doméstica e direitos da
mulher, tendo atuado por 12 anos na Itália, Chile e
México, onde foi uma das fundadoras da organização Mujer
Integral, da qual foi representante junto às Nações Unidas nos
trabalhos de revisão da Conferência de Beijig, em Nova Iorque. Márcia
é formada em Princípios de Gestão para Organizações do Terceiro Setor pela
Fundação Getúlio Vargas.