COLUNA DA PROFESSORA E PSICÓLOGA ELINE RASERA

03 de outubro de 2014.
EMPRESAS QUE SE
RENOVAM PARA SEUS FUNCIONÁRIOS
Eline
Rasera
Quando se fala em renovação, logo vem
a  ideia de produtos, competitividade, consumidores e outras situações que
visam mudanças e mais mudanças para atender um mercado cada vez mais exigente.
Empresas são rápidas em buscar novas tecnologias, conhecimentos e utilizar da
máxima capacidade criativa para processar essas transformações.
Perfeito e necessário do ponto de
vista financeiro e, principalmente de sobrevivência da própria organização.
Mas o que dizer da necessidade de
renovar o ambiente de trabalho, as condições e  políticas internas e,
finalmente, a de transformar a cultura da empresa para atender  mudanças
que se processam naturalmente nos seres humanos, no transformar da sociedade e na
rede social do mundo?
Quando o foco é financeiro, mais
objetivo, fica fácil identificar necessidades e estabelecer prioridades e
mudanças. Novos produtos a partir da demanda do mercado consumidor ou da
concorrência, estabelece imediatamente ação para renovação. Investe-se em
pesquisas, novas contratações e desenvolvimento interno de funcionários
(técnicos), compra de máquinas e matéria prima diferenciada. Investimento alto
muitas vezes, porém, necessário e bem visto por todos: acionistas,
fornecedores, funcionários e mercado consumidor.
No entanto, quando se trata de
investir na dinâmica (interna) da organização para melhoria dos funcionários,
parece haver certa resistência por parte de uma grande maioria das empresas,
principalmente as nacionais, que  apresentam certos valores e crenças que
tendem a dificultar ainda mais.
Essa mudança interna diz respeito ao
local de trabalho, treinamento e desenvolvimento, liderança mais engajada com a
equipe, ambiente mais dinâmico e criativo e, principalmente clima amigável na
empresa. Tudo isso foi dito por jovens da geração Y, numa pesquisa realizada
pelaUniversum, que entrevistou mais de 200 mil estudantes das áreas
de negócios, engenharia e tecnologia da informação – pesquisa global (Exame.com
– 27.09.2014
).
Esses jovens desejam sim um bom
salário – “possibilidade de altos ganhos no futuro”, fazer carreira e sucesso
na vida pessoal e profissional. Isso não mudou no decorrer dos anos. A maioria
ainda quer trilhar esse mesmo caminho. Maslow, com sua teoria da
Pirâmide das Necessidades, explica o porquê, ou seja, na base da pirâmide, a
necessidade é fisiológica (comer, beber e outras); na segunda escala, as de
segurança (estabilidade, moradia, etc.) e assim por diante. No pico da
pirâmide, a necessidade de Alto realização.
Então, se essas necessidades são
decorrentes do fato de sermos humanos (e portanto, necessidades perenes), a
pergunta que fazemos é: por que as empresas brasileiras resistem em se
renovarem e  atender as novas gerações?
As organizações (no mundo) mais atentas
a isso já promovem, entre outras,  ambientes que, além de propiciarem um
clima mais amigável com salas de encontros para bate papos com cafés, liberdade
para descansar (e algumas até tirar uma soneca), hierarquia menos rígida com
acesso ao alto escalão e até férias de 1 semana ou mais, após alguns meses de
trabalho (diferente de aguardar 1 ou 2 anos para tirar 1 mês, sendo
obrigatório). Tudo negociado com líderes que apoiam e favorecem o crescimento
de seus funcionários.
De maneira mais discreta,  empresas
brasileiras também já estão providenciando mudanças no aspecto físico e na
política interna, mesmo com a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho)
necessitando urgente de uma revisão para atender  esse ”novo 
mercado” – leis às vezes rígidas, às vezes paternalistas.
Somos seres em evolução física e
psicológica. Estamos o tempo todo renovando e mudando nossa biologia e nossos
padrões mentais. Processo natural da vida. É o caminhar da humanidade.
E a geração Y, X e, em breve a Z,
estarão nos apresentando essas necessidades com muito mais força e poder de
renovação. E para as empresas, esse também será um fator  de
sobrevivência.
Eline Rasera,
psicóloga, coach e professora do curso de Pós-graduação em Administração de
Empresas da IBE-FGV.
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