COMO PAGAR AS DÍVIDAS E EVITAR QUE ISSO SE REPITA?

04 de fevereiro de 2016.
ARTIGO DE REINALDO DOMINGOS

A situação do
brasileiro em relação ao dinheiro está bastante preocupante, com perspectivas
de crescimento no endividamento. Ocorre que, com a crise, começa a ter reflexo
o crescimento do consumo nos últimos anos, quando boa parte dos brasileiros fez
financiamentos, empréstimos, parcelamentos, utilizou cheque especial ou pagou o
mínimo do cartão de crédito, ficando exposto aos juros bancários, que são
exorbitantes.
Assim, usar linhas de
crédito sem conhecer em detalhes o funcionamento do sistema é uma das faces do
comportamento de risco financeiro mais comum na cultura de endividamento.
É importante que os
consumidores saibam calcular os impactos de financiamentos (cartão de crédito,
cheque especial, financiamento da casa própria, do carro, de eletrodomésticos,
entre outros) em seus orçamentos, antes de optar por linhas de crédito, pois,
na maioria dos casos, se entra no ciclo do endividamento cuja saída é muito complexa.
Caminhos para mudança
A solução é fazer um
levantamento detalhado de todas as dívidas, priorizando as que possuem bens de
valor como garantia e evitar o corte de serviços indispensáveis. Deve-se também
priorizar as dívidas que têm as taxas de juros mais altas. Provavelmente serão
as dos empréstimos adquiridos junto ao sistema financeiro.
Se assim for, o
melhor é procurar o gerente e pedir que reúna num mesmo pacote as dívidas de
cheque especial, cartão de crédito e demais empréstimos e negociar uma linha de
crédito diferente, mais alongada, com juros médios de 2,5%, cuja prestação seja
menor do que o valor total dos juros que a pessoa pagava mensalmente. A partir
desse acordo com o banco, o devedor estará pagando não mais apenas os juros, e
sim o valor principal, fazendo com que a dívida seja efetivamente liquidada ao
longo do tempo.
Se não houver
possibilidade de acordo com a instituição financeira ou se a parcela negociada
não couber no orçamento, será melhor poupar para que, quando for procurado pelas
empresas de recuperação de crédito contratadas pelos bancos, tenha melhores
condições de negociar a quitação em valores menores.
Enfim, por mais que
acredite que chegou ao fundo do poço, sempre haverá alternativas; para isso,
basta ter perseverança e criar uma estratégia para reverter a situação. Nunca
se esquecendo, é claro, de projetar os sonhos para o futuro.
Ciclo do
endividamento
Outro ponto
importante em relação ao tema é a prevenção, e para isso é preciso ter em mente
que o ciclo do endividamento se constitui de causas como analfabetismo
financeiro, consumismo, marketing publicitário e crédito fácil; de meios –
cheque especial, cartão de crédito, crediário, crédito consignado, empréstimos,
adiantamentos e antecipação do IR –; e de efeitos – problemas conjugais,
problemas de saúde, desmotivação, baixa autoestima, produtividade reduzida,
atrasos e faltas no trabalho.
Em geral, a ciranda
financeira segue o seguinte compasso: se a prestação da casa, do carro ou outro
compromisso financeiro assumido não está cabendo no orçamento, a pessoa passa a
pagar todas as demais despesas com cartão de crédito ou cheque especiais,
imaginando que, assim, sobrará recurso para pagar suas principais dívidas.
Dentro de poucos meses, no entanto, já não conseguirá quitar a fatura do cartão
ou o cheque especial, até que entre algum recurso extra. Mas isso não acontece
sempre. Chega o começo do outro mês e a história se repete.
Quando se dá conta, a
pessoa está endividada de todos os lados, correndo o risco de ficar inadimplente
e sem linhas de crédito. Há quem provoque a própria demissão para usar os
recursos dos direitos trabalhistas para solucionar o problema. Quando percebem
que o dinheiro não é suficiente buscam empréstimo. E assim vai até chegar ao
fundo do poço.
Reinaldo Domingos,
mestre em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de
Educadores Financeiros (Abefin), autor do livro Terapia Financeira e mais de 20
outros relacionado a educação financeira.
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