CORRUPÇÃO E SONEGAÇÃO: HÁ DIFERENÇA?

29 de setembro de 2015.
ARTIGO DE EDGAR MADRUGA
Nestes tempos
turbulentos, o brasileiro está se tornando um verdadeiro especialista em
comentar as causas e efeitos da corrupção. 
Mas será que mesclar tanta discussão a novas e decididas atitudes não
seria a melhor forma de começar a mudar todo esse quadro?
Embora se aplique
perfeitamente às mais diversas áreas de atividade, a pergunta assume um sentido
bastante peculiar quando se foca na forma como muitos têm lidado, ao longo dos
anos, com a questão tributária em nosso país.
Sobretudo no que se
refere à busca de fórmulas para burlar uma carga de impostos, taxas e
contribuições cuja desproporção ao retorno recebido pelo cidadão frequentemente
se aponta como álibi absoluto, capaz de amenizar toda a sorte de
irregularidades.
Se a corrupção
representa usurpar do bem público em benefício de interesses particulares, o
efeito prático do ato de sonegar é exatamente o mesmo, já que seus malefícios
também privam a sociedade da justa contrapartida do Estado ao muito com que ela
contribui.
Outro argumento
clássico dos que tentam encobrir essa realidade é invocar o comportamento de
boa parte dos políticos como justificativa de seus próprios atos, seja ao
tentar subornar um agente do trânsito ou vender sem nota fiscal.  O que seria um pequeno desvio desses, frente
aos bilhões que vazam diariamente dos cofres públicos? Uma simples marola,
comparada ao tsunami que passa diariamente diante de olhos e ouvidos cada vez
mais atônitos Brasil afora, certo? Errado!
Falácias assim em
nada contribuem para que realmente nos tornemos um lugar mais bem visto, não só
pela pujança de uma economia até há pouco tempo mundialmente exaltada, mas sim
como uma pátria, que mesmo sem chuteiras tão brilhantes a festejar no momento,
resolveu pendurar a velha e odiosa “Lei de Gerson”.
Mas o relativismo
assumido por verdadeiros dogmas do passado tem sido pródigo em criar novos
conceitos no mínimo hilários. Ao perguntar, dia desses, a um amigo o que ele
achava de certa pessoa, fiquei perplexo ao ouvir: “é gente boa, mas com moral e
ética flexíveis”. Ora, seria então possível alguém ser mais ou menos
corrupto, ao sabor de suas próprias conveniências? Claro que não!
As transformações que
tanto almejamos, seja no silêncio de nossas consciências ou nos reclamos
alardeados nas ruas, devem começar por um profundo processo de reflexão.
Cobrar ética dos
outros é muito simples, mas pode se tornar um desafio gigantesco quando tomamos
a decisão de realmente colocá-la em prática. O esforço, porém, vale a pena,
pois será um legado a deixar não apenas ao próximo governo, do partido A ou B,
mas sim a todas as gerações que virão pela frente.
Edgar Madruga é
administrador de empresas, auditor e coordenador do MBA em Contabilidade e
Direito Tributário do Instituto de Pós-Graduação (IPOG).
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