GERAÇÃO Y E O AUTOCONHECIMENTO

07 de abril de 2015.
COLUNA DA PROFESSORA E PSICÓLOGA ELINE RASERA
Quem nasceu em meados de 70 até
meados da década de 90 provavelmente está bastante acostumado a serem definidos
como a “Geração Y” e, se não bastasse, a ouvir todo tipo de críticas a respeito
do comportamento dessa geração. Jovens impacientes buscam ascensão rápida,
mudam de emprego com grande facilidade, querem se projetar mesmo sem preparo,
“senhores de si” e outras mais.
Uma pesquisa da consultoria YCoach
com essa geração revelou que uma das características importantes para o
ingresso no mercado de trabalho, projeção profissional e a conquista de uma
carreira brilhante, ainda tem como principal obstáculo, lidar com as emoções.
Segundo o psicólogo Howard Gardner e
sua teoria das Inteligências múltiplas, temos sete tipos de Inteligências e
todas as pessoas têm um pouco das sete combinados dentro de si. No entanto,
cada pessoa tem um delas desenvolvido de modo mais forte e que se sobrepõe às
outras. Nesse artigo, duas dessas inteligências será nosso foco: Inteligência
Intrapessoal – uma das mais importantes para as conquistas no ambiente
organizacional, pelo menos para profissões que exigem a segunda mais
requisitada: a Inteligência Interpessoal.
Podemos conceituar Inteligência
Intrapessoal como a capacidade que um indivíduo possui de se conhecer, isto é,
o quanto e como identifica seus sentimentos, suas reações aos fatos da vida e
como lida com tudo isso, principalmente as emoções que de alguma forma causam
sofrimento e dor.
Quando um profissional apresenta
pouca capacidade nesse campo, não percebe como reage aos eventos do meio e
muito provavelmente estará apresentando comportamentos que não são adequados ao
momento. Alguns exemplos são bastante comuns no ambiente de trabalho: não saber
ouvir críticas ou levar para o lado pessoal; não concordar ou tentar explicar
um feedback negativo (ou construtivo), reclamar por não ser promovido conforme
era sua expectativa, ter conhecimento de ascensão de um colega e não concordar,
expor uma ideia e não aceitar as opiniões dos colegas e outros que são até
rotineiros no trabalho.
E a Inteligência Interpessoal, como o
próprio nome diz, é a capacidade de estabelecer relacionamentos “entre” as
pessoas de maneira adequada. Para isso, é necessário perceber as próprias
emoções como as dos demais. A esta última, denominamos “empatia”.
Parece que esse termo tem estado em
desuso ultimamente. Parece mesmo que a tecnologia tem ocupado um espaço onde as
conversas aconteciam pessoalmente e, assim, era possível aprender a “ler” os
sinais corporais, as expressões faciais do outro fazendo uma leitura das
emoções da outra pessoa. Dessa maneira, a interação acontecia quase que
naturalmente e as relações também. 
Atualmente, até as crianças são
educadas com eletrônicos e pouco contato com outras crianças, o que pode ser
prejudicial para desenvolver essas inteligências.
Roberto Santos, sócio diretor do
Ateliê RH, afirma que “é claro que existem exceções, mas a maioria dos Y tem
dificuldade de identificar suas próprias emoções e também as dos outros”.
E isso é que muitas vezes dão a eles
o apelido de arrogantes e de pouca empatia. Certamente essa deficiência depõe
contra o profissional porque “o mundo do trabalho se pauta justamente pela
qualidade dos relacionamentos que você trava com os colegas, subordinados e
chefes”, comenta Santos.
Porém, como todo comportamento que
não mais agrega esse também pode ser modificado.
Algumas dicas:
– Fale sobre seus sentimentos:
procure pessoas de sua confiança e de integridade moral para compreender e não
julgar esse momento.
– Entenda as razões que causam as
emoções: procure identificar o porquê de estar sentindo determinadas emoções
(raiva, tristeza, medo, etc).
– Observe as outras pessoas: olhar
atentamente para identificar gestos, expressões faciais procurando compreender
os sinais que são transmitidos por essa forma de comunicação.
– Ouvir e não somente escutar: nós
ouvimos pensando na resposta que queremos dar, e isso tende a causar
interpretações diversas de um mesmo assunto. Ouvir o outro e compreender as
razoes e a essência do teor da conversa.
– E finalmente, um bom profissional
da área de comportamento pode ajudar a elevar significativamente essa
capacidade, contribuindo assim para o crescimento profissional.
Eline Rasera é psicóloga, coach e professora
da IBE-FGV, especialista em Desenvolvimento Organizacional e Gestão de Pessoas.
Compartilhe:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Veja também

RODADA DE NEGÓCIOS PROMOVIDA PELO CIESP CAMPINAS MOBILIZA 140 EMPRESAS

A 1ª Rodada de Negócios promovida pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo …

Deixe uma resposta

Facebook
Twitter
LinkedIn