IMAGINE DEPOIS….

26 de janeiro de 2015.
COLUNA DO JORNALISTA VIEIRA JUNIOR
A Arena
Pantanal (Cuiabá – MT), um dos estádios mais belos do Brasil, construídos com
dinheiro público para a Copa do Mundo da Fifa 2014, está interditada após
apenas seis meses de vida e alguns jogos de uso. O estádio vai passar por
intervenções emergenciais e sanar “problemas construtivos diversos”, como
relatou a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa). O medo é que não haja
segurança para o estádio que custou aos bolsos dos brasileiros R$ 650 milhões,
um dos mais caros do evento e de todas as Copas.
Enquanto
muitos diziam “imagine na Copa”, sempre rebati: “não, imagine depois da Copa”.
Agora, essa afirmativa começa a ganhar cores, desenhos e formas na realidade do
país. Enquanto países de primeiro mundo fizeram o evento (e se arrependeram
depois) por muito menos, o Brasil se afundou em investimentos para fazer “A
Maior Copa de Todos os Tempos”. Não o conseguiu dentro nem fora de campo. E
ainda quebrou o país…
Japão e
Coreia (2002), Alemanha (2006) e África do Sul (2010) consumiram, juntas, US$
30 bilhões (US$ 16 bilhões, US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, respectivamente),
enquanto todas as Copas da história juntas teriam consumido US$ 75
bilhões.  No Brasil, os gastos chegaram a
cerca de R$ 35 bilhões para deixar estádios como a Arena Pantanal, que, além de
ser um “elefante branco”, está inacabado e carente de quesitos básicos para o
seu funcionamento. E dá-lhe mais dinheiro para mantê-lo.
Enquanto
isso, o Brasil se confrontou com uma das piores realidades de sua história. É
conhecimento básico saber que, para crescer, um país precisa de uma matriz
energética forte, investimento em tecnologia e recursos para exploração. Destes
três quesitos, apenas o último existe, e não é mérito dos governantes. Aliás, o
único recurso que poderia ter sido planejado para uma utilização duradoura está
a iminência do desaparecimento nas torneiras de boa parte dos brasileiros. Não
satisfeito, o governo, incompetente pela própria natureza, ainda deixou os seus
cidadãos sem saúde, segurança, estradas, transporte, educação e saneamento
básico. E sabe quanto seria necessário para universalizar o saneamento no
Brasil? Os mesmos cerca de R$35 bilhões, sem contar a redução de custos com
saúde. Agora, com o rombo batendo à porta, o novo ministro chega com o velho
costume de jogar a conta para o povo e anuncia um “pacote de impostos para
aumentar a arrecadação”. É como se ele dissesse: “Está na hora de pagar o
ingresso”  
O fato
é que a Copa se foi e o seu legado, que já contou até com um tal “Trem Bala”,
que nunca saiu do papel, é esse: um país sem dinheiro, enfrentando recessão
econômica e com estádios abandonados e caindo aos pedaços. Aos que diziam
“imagine na Copa”, deixo mais uma reflexão: Imagine depois da Olimpíadas.
Vieira Junior
– Jornalista, pós-graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio
Vargas (IBE-FGV)
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