INDUSTRIA DE CAMPINAS APRESENTA LIGEIRA RETOMADA DA PRODUÇÃO

O Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) regional Campinas em parceria com
o Centro de Pesquisas Econômicas da Facamp (Faculdades de Campinas)  divulgaram a pesquisa de sondagem industrial
referente ao mês de abril. O levantamento revela o que volume de produção, no
mês de abril de 2013, foi maior que o realizado no mês anterior para 40,0% das
empresas consultadas, ao passo que permaneceu inalterado para outros 40,0% e
foi menor para apenas 20%. Esse resultado é mais estável que o verificado em
março, quando 48,5% atestaram que haviam aumentado sua produção, mas 24,2%
atestaram que ela havia diminuído.

A elevação
do volume de produção teve reflexo no nível de emprego industrial da região.
Afinal, 30% das empresas declararam que aumentaram seu número de funcionários e
63,3%, que essa variável permaneceu estável, enquanto apenas 6,7% declararam
que houve diminuição. No mesmo mês de 2012, 45% haviam afirmado que tinham
reduzido seu quadro de funcionários.

A variação
no número de funcionários em abril de 2013 apresentou o melhor resultado dos
últimos 4 anos nos meses de abril. A utilização da capacidade instalada de
produção (UCIP) esteve entre 50,1% e 80% para 63,3% das empresas consultadas;
entre 80,1% e 100% para 20%; e entre 0% e 50% para apenas 16,7%. O resultado
foi positivo em relação a abril de 2012, uma vez que dobrou o percentual de
empresas cuja utilização da capacidade esteve entre 80,1% e 100%, com reduções
nas demais faixas.

Os
estoques acompanharam o bom resultado da UCIP, com aumento na proporção de
empresas que declararam que seus estoques diminuíram, sendo que 32,2% atestaram
que houve redução, enquanto, em abril de 2012, 24,2% haviam declarado o mesmo.

As
respostas a respeito do valor das vendas das empresas consultadas, por sua vez,
também se mostraram muito positivas, se equiparadas às de abril de 2010 (ano de
alto crescimento econômico no país). Além disso, mostraram o melhor resultado
desde esse período. Afinal, 76,7% das empresas responderam que suas vendas
foram maiores ou estáveis, ante a 40% em abril de 2012, enquanto apenas 23,3%
declararam que o valor das suas vendas foram menores.

Para o
economista e coordenador do Centro de Pesquisas Econômicas da Facamp, professor
Rodrigo Sabbatini, os empresários industriais da região de Campinas estariam em
compasso de espera, avaliando a situação econômica do país e da região querendo
disparar investimentos para o crescimento da produção. “Há indícios claros
disso, mas ainda não se refletiu numa contratação mais ampla e num crescimento
mais avançado”, diz. 

Para o economista
Rodrigo Sabbatini o que está faltando é um plano mais claro por parte do
governo para retomada dos investimentos públicos em infraestrutura. “O governo
investiu muito nessa tentativa de fazer concessão à iniciativa privada na área
de infraestrutura e isso ainda não deu certo e não deu certo porque a iniciativa
privada ainda não aceitou os termos das concessões. Está exigindo uma
remuneração maior para o investimento e o governo aparentemente está preparando
uma nova retomada das negociações. O fato é que o investimento em
infraestrutura está atrasado por conta dessa situação”, diz.

De acordo
com Sabbatini, quando o investimento em infraestrutura vier certamente vai
provocar investimentos privados. “As pessoas quando veem o crescimento através
das obras se sentem mais otimistas e não vai ser a inflação que vai impedir que
elas invistam. Em 2010, quando o país cresceu 7,5%, a taxa de investimento se
aproximou de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) . Quando há crescimento do
investimento todo o resto da economia reage positivamente”, disse.

A
inadimplência não apresentou grandes alterações e manteve-se estável, uma vez
que para 73,3% das empresas respondentes esse indicador permaneceu inalterado,
enquanto 23,3% responderam que houve aumento.

Os custos trabalhistas não sofreram
substantivas alterações, de acordo com as empresas respondentes: 78,6% delas
alegaram que essa categoria de custos não se modificou, ante 61,1% no mesmo
período de 2012. Os custos de matéria-prima, componentes e peças, entretanto, subiram
para 46,7% das empresas consultadas, enquanto para o restante, 53,3%,
permaneceu inalterado. Já os custos de energia, água e transporte tiveram o
melhor resultado dos últimos quatro anos: 13,3% das empresas atestaram que
esses custos diminuíram, contra zero de abril passado, e apenas 26,7%
declararam que esses custos aumentaram.

A sondagem industrial mostrou também que
o fluxo comercial da Região Metropolitana de Campinas com o exterior tem
apresentado uma tendência de aprofundamento do seu déficit comercial. Em março
de 20013, o déficit somou US$ 655 milhões, valor 43,7% superior ao observado no
mesmo mês de 2012. O baixo desempenho das exportações tem sido o grande
determinante dessa tendência, uma vez que as vendas para o exterior foram 26,9%
inferiores na comparação com março de 2012. No acumulado de 12 meses, a baixa
nas exportações é de 7,8%. As importações, por outro lado, apresentam tendência
oposta: a variação em relação ao ano anterior é de 11,8%, enquanto no acumulado
de 12 meses é de 6,1%. Logo, o aumento das importações contribuiu para o
agravamento do déficit, complementando a queda das exportações. Para o diretor
titular do Ciesp Campinas, José Nunes Filho a situação é preocupante. Segundo
ele,  houve um aumento da importação de
produtos de consumo da ordem de 38% e um aumento de apenas 13% nos produtos
intermediários que entraram na produção e uma queda de 8% na importação de bens
de capital, que seriam máquinas e equipamentos. “A importação de produto
terminado aumentou 38%, então muitas empresas ao invés de produzirem aqui  estão importando produto terminado  para vender no Brasil porque não tem mais
condições de competir com a economia lá fora por falta de competitividades da
economia nacional. Isso significa que a produção brasileira está caindo e estamos
exportando empregos”, afirma.

Para o diretor titular do Ciesp
Campinas, José Nunes Filho, isso reflete um processo de desindustrialização
muito claro. O professor Rodrigo Sabbatini disse não ter dúvida nenhuma de que
há desindustrialização e isso, na opinião dele atinge a indústria brasileira de
maneira generalizada. “O empresário tem que se defender e se para se defender
significa importar uma parte da sua produção e transformá-la minimamente no
Brasil, ou seja, se tornar quase que um representante comercial de produtos
importados, ele vai fazer e vai ganhar dinheiro e faz parte do negócio”,
afirma.
Foto 1 – Diretor Titular do Ciesp Campinas, José Nunes Filho e o professor da Facamp, Rodrigo Sabbatini
Fotos 2 a 4 – José Nunes Filho.
Crédito: Roncon & Graça Comunicações

 

Compartilhe:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Veja também

LIDE CAMPINAS PROMOVE ENCONTRO SOBRE INVESTIMENTO E MORADIA NOS ESTADOS UNIDOS

O Lide Campinas promoveu, nesta quarta-feira (24/04), na Casa Lide, em São Paulo, um encontro …

Deixe uma resposta

Facebook
Twitter
LinkedIn