PERFIL VOLUNTÁRIO PODE SER PONTO IMPORTANTE EM PROCESSO SELETIVO

O perfil do voluntariado no Brasil mudou e o que
antes era ligado apenas a questões pontuais em algumas ações pessoais e de
grupos religiosos ganhou espaço e a maior parte deste tipo de trabalho agora é
feito por empresas, que além de doar dinheiro, tempo e conhecimento, também
veem a iniciativa com bons olhos. Por isso, é bom aproveitar a experiência
obtida no trabalho voluntário, incluir no currículo e alavancar a chance de
contratação.
Integrantes do programa Brasil Voluntário,
convidados para atuar durante a Copa do Mundo da FIFA 2014 no país, chegaram a
ser criticados nas mídias sociais e em protestos realizados antes do evento. O
fato é que houve mais de 150 mil inscrições para apenas 14 mil vagas.
Os profissionais de RH consideram que a atividade
voluntária, em qualquer trabalho, contribui para uma preparação prática do uso
da criatividade e rapidez para lidar com os impasses diários. As pessoas que
praticam o voluntariado são mais generosas, comprometidas e capazes de
compartilhar, qualidades admiradas no mercado de trabalho moderno.
A especialista
em desenvolvimento organizacional da IBE-FGV, Rita Ritz, avalia que os
processos seletivos hoje em dia são mais holísticos e sistêmicos, ou seja, não
verificam apenas a questão técnica do candidato, mas também analisam a questão
comportamental, que é onde se enquadra o voluntariado. “É claro que se o
trabalho voluntário for feito na área de atuação do candidato, isto implicará
um ganho na vivência da competência técnica. Mas o que se avalia neste quesito
é a questão comportamental. E nesta análise mais holística da
contemporaneidade, os recrutadores estão interessados e preocupados em perceber
qual é o comportamento que eles estão trazendo para dentro da empresa”, avalia.
Segundo ela, os profissionais de RH
querem ver além das questões técnicas. “O que eles buscam é uma pessoa que
compartilha? É uma pessoa que é simpática ao outro, que sabe se colocar no
lugar do outro antes de tomar uma decisão? Enfim, quem é esta pessoa que está
se candidatando a ser um colega de trabalho, um futuro companheiro do dia a
dia? Isto importa tanto ou mais que somente a questão técnica”, diz.
A especialista da IBE-FGV também
explica que, atualmente, mapear aqueles candidatos que fazem algum tipo de
trabalho voluntário tem feito parte do processo seletivo e as empresas que
valorizam isto, com certeza, vão apreciar este tipo de experiência. “Estas
pessoas podem sim, indiretamente, colher frutos deste comportamento. Talvez não
diretamente, financeiramente, mas num futuro momento de competição quando isto
for considerada uma variável importante”, pondera.
Rita Ritz destaca, ainda, as
compensações intangíveis para o voluntariado. “Quem se voluntaria a um
trabalho, o faz pelo prazer que tem em troca desta realização. Então esta
também é uma forma de recompensa. E eu diria que, em alguns casos, é mais
importante que a recompensa financeira”, afirma.
Por isso mesmo, esses perfis são bem
vistos pelos recrutadores. “Geralmente porque apontam alguém que tem e pratica
a generosidade, o compartilhamento. São comportamentos importantes nos dias de
hoje para o trabalho em equipe. São pessoas comprometidas com uma causa e que
dedicam uma parte daquilo que têm de mais precioso, o seu tempo, em prol de
algo que tem como objetivo principal, o outro”, destaca.
O trabalho voluntário na Copa do
Mundo poderá proporcionar experiências diferenciadas no contato com pessoas de
todas as partes do mundo. E essa convivência diária em um megaevento
extremamente complexo e cheio de regras pode revelar virtudes e lapidar outras
como: flexibilidade, empatia, comprometimento, eficácia e eficiência, além de
muita paciência. “Isto, sem dúvida, traz aprendizados carregados de emoções que
ficarão impregnados na vivência da pessoa e desenvolve esses comportamentos que
são importantes para as empresas, além de ampliar a rede de relacionamentos, o
que também pode ser um capital valorado nas empresas”, diz Rita.

Ter sido voluntário para a Copa pode
ser um diferencial, mas dependerá também do perfil da função almejada e da
empresa contratante. “Sugiro que se coloque até para registrar o conhecimento,
a experiência vivenciada como voluntário da Copa, mas deve-se ter em mente que
somente um bom currículo não adiantará, se na frente do recrutador o
profissional se contradisser e se revelar diferente daquilo que se espera de um
pessoa voluntária”, conclui.
Foto: Professora Rita Ritz.
Crédito: Divulgação.
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