AFINAL, QUEM HUMANIZA O PROFISSIONAL DA SAÚDE?

14 de dezembro de 2015.
ARTIGO DE REGINA VIDIGAL GUARITA
Propor ações
envolvendo arte e cultura dentro dos hospitais, há algumas décadas, era algo
difícil de ser concebido e visto com inúmeras ressalvas pelos profissionais da
saúde responsáveis pelo atendimento. Afinal, o clima de leveza e descontração
gerado por estas atividades em nada parecia combinar com as dificuldades
naturais diariamente vividas por eles nestes locais.
Hoje, felizmente,
essa realidade faz parte do passado e cada vez mais os artistas e educadores
são requisitados em todas as áreas das instituições de saúde, num movimento sem
volta gerado graças à compreensão universal de que o tratamento humanizado é um
processo vital na recuperação física e psicológica do indivíduo.
Embora ainda haja
muito a se fazer no que diz respeito à humanização das relações nos hospitais,
é notável o grande avanço experimentado nos últimos anos nessa área.
Ao mesmo tempo,
porém, intriga olhar para trás e tentar entender por que jamais se pensou na
humanização voltada também aos profissionais da saúde. Não parece óbvio que,
para tratar os pacientes em sua plenitude, é preciso, em primeiro lugar, buscar
melhorar as condições de trabalho de quem cuida deles no dia a dia?
Enquanto muito pouco
se faz a este respeito, jornadas de trabalho exaustivas, pressão psicológica em
seu nível mais elevado e salários incompatíveis têm levado os profissionais da
saúde – desde o recepcionista, faxineiro, cozinheiro e até os médicos, passando
pela equipe de enfermagem – às estafas física e mental.
Para os auxiliares de
enfermagem, técnicos e enfermeiros, o cenário é ainda mais desafiador, pois são
eles os responsáveis pela linha de frente do atendimento, posição estratégica e
ao mesmo tempo delicada, à medida que os obriga a sofrer pressão de todos os
lados.
Firmou-se por aqui
uma visão distorcida de humanização, como se ela se limitasse a ações
esporádicas para trazer alguma leveza à dura realidade de nossas instituições
de saúde, quando na verdade deve ser concebida como modelo de gestão a ser
aplicado e fiscalizado no cotidiano das instituições. 
O sucesso de qualquer
meta nessa área precisa, portanto, passar pela valorização do profissional da
saúde, para que ele de fato compreenda o seu papel na instituição, seja
devidamente capacitado e saiba atuar de forma eficaz nas questões enfrentadas
pelo paciente.
A boa notícia é que
alguns hospitais parecem estar despertando para essa realidade e procurando
levar um novo olhar aos seus profissionais. Ainda é muito pouco, obviamente,
diante do panorama preocupante da saúde no País.
Mas da mesma forma
que o conceito de humanização para o paciente evoluiu nestes últimos anos, é
possível estender essas ações em larga escala também aos profissionais da
saúde, numa nova ordem que só tenderá a beneficiar todos nós que, querendo ou
não, um dia necessitaremos de seus serviços nos hospitais.
Regina Vidigal Guarita é
empreendedora social e diretora-presidente da Associação Arte Despertar
Compartilhe:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Veja também

ESPECIALISTA LANÇA LIVRO SOBRE MANDATO COM GESTÃO INTELIGENTE

O especialista em administração pública e consultor em gestão pública, Charles Vinicius acaba de lançar …

Deixe uma resposta

Facebook
Twitter
LinkedIn