COLUNA DA MÁRCIA AMERIOT

06 de outubro de 2014.
A Esperança e o medo
Márcia Ameriot
A
onda de liberdade que varreu o Oriente, o occupy New York e as manifestações de
2013 que culminaram em junho, com milhares de pessoas nas ruas pelo país afora,
todas elas “gritavam” por novas ideias, política limpa, mudança e ética.
Queremos mesmo uma sociedade melhor, melhores políticos, mais justiça, mais
igualdade como exigimos alguns poucos na rua e a grande maioria de nós brada
nas timelines do Facebook?
Por
que não o fazemos com o voto? É algo que deveríamos perguntar-nos. Enquanto
escrevo, vejo a lista de candidatos que concorrem esse ano às eleições. Muitos
estão em segundo mandato, alguns vários são herdeiros da pior espécie de
política que poderíamos eleger; alguns, inclusive, são filhos dos mesmos
políticos que dizemos querer banir do cenário político nacional. E, não será
surpresa se forem eleitos. Os políticos sabem que promessa de campanha é mantra
a ser repetido a cada quatro anos e não compromisso, de
fato, com o eleitor, que, na maioria das vezes tem memória curta. Nem mensalão,
nem trensalão, nem petrolão ao canto resistiram ao canto da sereia…
Por
que um país com uma democracia já consolidada como o nosso continua sem discutir
seriamente Política, com P maiúsculo e elege tiriricas? Por que a bandeira da
mudança, que tantos candidatos carregaram ao longo da campanha parece não ter
convencido? O que queremos? Que rumos queremos dar ao país?
O
discurso da violência e a arma do medo contra a esperança acabaram sendo mais
eficazes, com a ameaça de que tudo poderia ficar ainda pior. Acomodados,
acovardados, acreditamos ou, melhor dizendo, desacreditamos. 
Alguns
poderão argumentar que faltaram programas concretos de mudança; medidas
eficazes, mensuráveis, e sobraram as promessas de sempre: melhores transportes,
novos hospitais, mais dinheiro para a saúde. Mas não me refiro a isso, senão a
algo mais profundo, algo que fizesse com que esse desejo de mudança fosse tão
forte, tão firme, que movesse, emocionasse, contagiasse…
Por
que essa falta de esperança, esse ceticismo?
Na
TV, vejo cenas dos jovens manifestantes ocupando as ruas em Hong Kong e é
impossível não me lembrar de outro grupo de estudantes chineses, reunidos na
Praça da Paz Celestial, em 1989, há 25 anos. Há esperança, sim! Esses jovens
chineses são a prova, exigindo liberdades democráticas a Pequim! Tiananmen não
foi em vão! Do mesmo modo, as manifestações de junho não estão mortas; ainda
queremos mudanças, ainda queremos uma sociedade digna, políticos honestos.
Engana-se quem aposta contra a esperança! Ela vive, talvez adormecida, como o
fogo sob as brasas. É hora de soprar…
Márcia
Ameriot é superintendente da Fundação Romi, localizada em Santa Bárbara
d´Oeste. A profissional, da área de responsabilidade social empresarial e
desenvolvimento local sustentável,  é jornalista, historiadora
e desenvolveu sua carreira em organizações como o IDIS (Instituto
para o Desenvolvimento do Investimento Social) e Fundação Tide Setubal. Tem
experiência internacional  na área de violência doméstica e direitos da
mulher, tendo atuado por 12 anos na Itália, Chile e
México, onde foi uma das fundadoras da organização Mujer Integral, da qual foi
representante junto às Nações Unidas nos trabalhos de revisão da Conferência de
Beijig, em Nova Iorque. Márcia é formada
em Princípios de Gestão para Organizações do Terceiro Setor pela Fundação
Getúlio Vargas.
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