COLUNA DA TANTAS COMUNICAÇÃO COM JULIANA FREITAS

Leitores
de facebook e a disseminação do absurdo

Juliana Freitas

Desde a época em que se
falava que comunista comia criancinha, não há tantas teorias sem fundamentos
como as que existem hoje. “O Brasil comprou a Copa”, “O Brasil vendeu a Copa”,
“O Neymar não se machucou”, “Michael Jackson está vivo”, são, entre tantas
outras, histórias que se espalharam recentemente pelas redes sociais, em
especial pelo Facebook – a maior e mais popular das redes – e ganharam adeptos fora
delas.

É certo que as redes sociais
são um fenômeno de comunicação e podem, como uma via de mão dupla, ser uma
alternativa bacana ao monopólio da informação financiado por interesses
meramente políticos. Nelas, podemos comentar, contestar, pesquisar por temas,
participar de grupos e comunidades e, por fim, ter uma opinião própria. Mas parece
que não é o que está acontecendo. Os leitores de Facebook, como gosto de
chamá-los fazendo uma alusão à expressão leitores de Veja, são meramente
leitores. Não contestam e o pior, compartilham mensagens, teorias da conspiração,
imagens e vídeos adulterados, campanhas políticas, mensagens de ódio, entre
tantas outras baboseiras, como se fossem sua verdade, seus pensamentos, suas
opiniões.

O efeito Facebook deu às
pessoas a falsa ilusão de que a notícia pode ser “inventada”. Informar, meus
caros, é algo que exige muita responsabilidade, ética e conhecimento. É preciso
ter certeza do que está escrito antes de clicar em “publicar”.

Hoje, cada pessoa que tem um
perfil em uma rede social, tornou-se um comunicador. Mas, o que deveria ser uma
ferramenta de discussões sérias, de reclamações fundamentadas, de
compartilhamento de informações verídicas, virou um aglomerado de pessoas
fúteis, que só querem se divertir com o meme do momento e compartilhar a aberração,
o surreal, a mentira e a falta de ética.

E que fique claro que sou a
favor das críticas. Também me divirto com as piadas criativas dos brasileiros e
compartilho notícias (de fontes confiáveis). O que peço aqui é apenas um pouco
de bom-senso para que eu não tenha que sentir saudades dos “leitores de Veja”.