COLUNA DA TANTAS COMUNICAÇÃO COM RENATA ROSA

Cadê nosso orgulho?

Renata Rosa

E hoje o dia começou mais verde e
amarelo. Aos poucos, os brasileiros foram se rendendo ao patriotismo. Já se
pode ver milhares de bandeiras e a peça must have da estação é a verde e
amarela. O país do futebol não ficaria indiferente ao maior campeonato mundial,
mas por que esse orgulho apenas de quatro em quatro anos? Nem as Olimpíadas,
datas comemorativas ou feriados nacionais provocam tamanha euforia. E até o
Carnaval é somente para alguns.

Em plena era do excesso de
informação, a maioria das notícias realmente não são animadoras. O mercado está
vivendo dias de desaceleração e as previsões não são de melhoras. O BC reduziu
pela 4ª vez a expectativa de alta do PIB.

De acordo com especialistas a
inflação também não deve baixar. Os preços nos setores de comércio e serviços
continuam subindo, alavancados pela movimentação de clientes e aumento do
turismo durante o mundial, principalmente nas cidades sedes. Nem a água escapou
e já tem gente pagando cinco reais pela garrafinha.

Ainda assim, o varejo não está em sua
melhor fase. O IBGE divulgou no começo do mês que o comércio varejista teve o
pior mês de abril desde 2003. A culpa seria da desaceleração do crédito. A FGV,
por sua vez, informou que houve aumento no ICI, o Índice de Confiança da
Indústria em relação aos primeiros meses do ano. O resultado é devido a melhora
no equilíbrio dos estoques, mas que é preocupante o fato de setores como bens
duráveis e bens de capital ainda apresentarem grade volume de estoque.

A previsão da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) é que 3,2 milhões de pessoas ficarão
desempregadas no Brasil em 2014.

E aí não temos orgulho de nossa
terra, mesmo porque não nos orgulhamos de nós mesmos. Todos os dias nadamos
contra a maré, percorremos enormes distâncias entre casa e trabalho, deixamos
nossos filhos aos cuidados de terceiros, fazemos uma carga horária extenuante,
ganhamos salários menores do que desejávamos e lutamos demais para vitórias de
menos. Olhamos para tudo isso e nos sentimos derrotados.

Junte isso ao aumento geral no custo
de vida e o estresse da rotina diária. A impressão é que estamos sozinhos numa
imensidão de mar sem fim. Abandonados por um governo que deveria cuidar mais
dos seres humanos do que dos próprios egos, não temos Saúde adequada e a
Educação está à beira de um colapso. Justamente dois dos principais pilares de
sustentação da sociedade, para não citar tantos, estão em franco declínio.

Assustados com esses prognósticos
desanimadores, concentramos nossos esforços em nos sentir menos desprezíveis e
encontramos consolo em mazelas ainda mais dolorosas, todos os dias expostas e
incansavelmente exploradas por algumas mídias e programas. Aliás, com o
argumento de mostrar “a verdade nua e crua” ou “a vida como ela é”, somos
bombardeados por informações de todo o tipo de violência, como se a vida fosse
resumida em sofrimento e sangue. E aos que conseguem encontrar bom senso, resta
o consolo do botão off.

Mas, é verdade que as possibilidades
não são boas. Mas, temos de nos orgulhar de nós. Afinal, somos sobreviventes e
enquanto há vida, há esperança. E temos de nos orgulhar de nosso país. O ruim é
que existem pessoas más em todos os lugares: nas igrejas, nas escolas, nas
praças, nos parques, nas igrejas, nos conventos e também nos governos. Mas, o
Brasil não é feito só de gente assim.

Nesta terra que dá o que se planta e
cujas belezas naturais humilham outros que se acham melhores, tem muita gente
assim como nós, por exemplo. O que senti esta manhã foi um desejo imenso que
todos os dias fosse assim, um belo nascer do sol, bandeiras verdes e amarelas
tremulando ao vento, o pão nosso de cada dia e a família por perto. Os
especialistas que me perdoem, mas tenho sim, muito orgulho e muito amor, não
pelo errado, mas por tudo que ainda pode dar certo!