CRISE HÍDRICA – A VOLTA DAS CHUVAS E AS EMPRESAS

27 de março de 2015.
ARTIGO DA ENGENHEIRA AMBIENTAL MARCIA RAMAZZINI
A crise hídrica é uma realidade que
assola a região Sudeste. Muito se tem falado mas até agora nada foi feito pelos
governos estadual e federal ou agência reguladoras.
O racionamento que antes tinha
atingido somente as residências, agora já está afetando as indústrias. Em Minas
Gerais, as empresas já foram comunicadas que devem reduzir o consumo em 30%.
Mas, com a redução do consumo de água, haverá redução na produção e consequentemente
desemprego.
Caso a estiagem continue, as grandes
empresas deverão começar a sentir o racionamento a partir de setembro. As
grandes empresas possuem ETA (Estação de Tratamento de Água), a maioria já faz
o reuso, ou captação direta dos rios.
No Rio de Janeiro, as empresas já
estão recebendo agua de reuso, minimizando o volume utilizado dos rios.
A Região Metropolitana de Campinas
será extremamente afetada, visto que temos muitas empresas “hidrodependentes”,
como o caso da Refinaria de Paulínia, a maior do país. Sem água não há refino
de petróleo, o que acarretará efeitos em todo país.
Nós pertencemos à bacia doadora,
assim a nossa cota de captação de água foi reduzida, visando aumentar a demanda
para a Cantareira, que está em estado caótico.
A estiagem é um problema natural, mas
não é o responsável pela crise hídrica, a qual é decorrente da falta de
planejamento por parte do governo.
Ano a ano, o consumo foi sendo
aumentado, porém, não foram adotadas medidas sustentáveis na mesma proporção.
A solução do governo de unir o Rio
Jaguari ao Sistema Cantareira além de ser um programa de milhões também é
apenas um paliativo, que vai trazer problemas para nossa região.
Até agora não ouvimos por parte do
governo projetos que visem garantir o abastecimento pelos próximos 20 ou 50
anos, com medidas sustentáveis tais como, tratamento e reuso de água,
preservação das nossas nascentes, enfim, com relação a medidas a longo prazo,
nada foi apresentado.
Há 18 anos, Nova York adotou um
sistema junto aos fazendeiros locais e numa distância de 200  km passou a
incentivar a preservação das minas. Hoje a cidade é modelo. Para cada um dólar
gasto com preservação, evitou-se o gasto de sete dólares para estações de
tratamento. Hoje a cidade possui simplesmente sistema de filtragem da água
recebida. A população usa água das montanhas.
A Austrália. que é um país
praticamente formado por um deserto, é totalmente abastecida por água do mar,
que é dessalinizada e distribuída para o país. Apesar de não ser o ideal pelo
alto custo, visto que 50% do gasto é com energia, pelo menos é uma saída.
Enfim temos inúmeros exemplos e
modelos. O Brasil que tem a maior bacia hidrográfica do mundo e sofre com a
falta de água, principalmente na região que representa 60% do PIB.
Agora, com as chuvas de março nossos
reservatórios estão um pouco mais cheios, porém o problema continua, mas não
ocupa mais as primeiras páginas.
As ações tomadas foram punitivas
sendo que aumento das taxas não é solução. Porém, empresas que precisam de água
em seu processo já estudam viabilidade de deixar o estado de São Paulo perante
a crise iminente.
Vamos aguardar até o próximo apagão
ou rodízio de água e o assunto voltará a ser discutido.
Marcia
Ramazzini é engenheira ambiental e diretora da Ramazzini Engenharia.
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