EMPRESÁRIOS DE CAMPINAS MANTÉM PREOCUPAÇÃO COM ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA

“Eu disse que 2014 seria um ano morto, um ano
parado. Agora eu acho que 2015 pode ser um ano muito ruim com inflação, com
energia elétrica muito cara. Todos esses preços 
de controle público que estão represados por causa da eleição vão ser
soltos em 2015, depois da eleição. Passagens de 
transporte público, energia elétrica, todos  os custos que estão sobre o controle do
Estado vão explodir e nós vamos ter um problema de inflação muito sério porque
a inflação se você computar os custos reais hoje dos preços controlados dentro
do cálculo de inflação, a inflação seria em torno de 10%”. O alerta foi feito
pelo diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp)  regional Campinas (SP), José Nunes Filho.
As críticas do dirigente empresarial não
pararam por aí. José Nunes Filho também criticou o fato de ainda não ter
ocorrido racionamento de água em São Paulo e na grande São Paulo e disse que as
medidas anunciadas pelo governo do Estado de São Paulo, pode prejudicar novos
investimentos empresariais na região. “Se essas medidas do governo estadual de
suspender temporariamente as outorgas de água para a região e esse racionamento
da água que é servida para a bacia  do PCJ
(Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) pode no futuro inibir novos
investimentos”, disse.
José Nunes Filho aproveitou para alfinetar o
governo estadual. “A não ser que o governo estadual diminua o fornecimento da
nossa água porque nós somos geradores dessa água para São Paulo, que a Sabesp
diminua as perdas que ela tem na distribuição de água, que a Grande São Paulo
faça o racionamento de água até para preservar o sistema Cantareira, que pode
ser morto agora, se for utilizado o nível morto dele. Pode destruir o sistema. 
Ecologicamente seria dramático porque ele não teria como se recompor, então é
necessário que se faça racionamento em São Paulo. Isso é uma realidade hoje. Se
não fizer agora vai fazer em agosto e setembro. Não adianta querer esperar
terminar a eleição. Isso tem que ser feito já. Tem que ser uma medida de
responsabilidade e nós não podemos ser punidos para fornecer água para a Grande
São Paulo”, completou.
Nunes Filho também não poupou críticas às
ações do Governo Federal com relação à energia elétrica. Para ele o uso abusivo
das termelétricas para compensar a produção de energia das hidrelétricas nas
quais  os reservatórios estão abaixo do
limite vão gerar um impacto, no qual a população vai pagar a conta em 2015,
após as eleições. “As eleições estão prejudicando a economia do país. Essa
medidas que foram tomadas agora com relação aos preços da energia elétrica, a
forma como foi utilizada para subsidiar a energia elétrica que fez com que o
dinheiro público fosse emprestado a uma entidade não governamental para que ela
 financiasse o déficit da distribuição.
Como aval disso, nós vamos isso na conta de luz de 2015. Isso é ruim porque as
empresas de energia elétrica perdem valor na bolsa”, diz.
O Ciesp Campinas e o Centro de Pesquisas
Econômicas da Facamp (Faculdades de Campinas) divulgaram ontem a sondagem
industrial referente ao mês de fevereiro. A sondagem industrial revelou que a
variação do volume de produção verificada em fevereiro de 2014 apresentou um
resultado inferior ao verificado no mês de janeiro. Isso porque 46,7% das
empresas alegaram que o seu volume de produção foi inferior ao mês anterior,
10,3 pontos percentuais a mais que janeiro, ao passo que aumentou de 24,2% para
26,7% o número de respondentes que assinalaram não ter havido alterações no seu
volume de produção. Outros 26,7% assinalaram que houve aumento da produção,
resultado 12,7 pontos percentuais a menos que no mês anterior.
Com relação aos custos, os custos
trabalhistas e os custos com água, energia e transporte apresentaram um número
superior de respondentes que atestaram ter ocorrido aumento, se comparado a
fevereiro de 2013, enquanto o oposto ocorreu com os custos com matéria-prima.
Os custos trabalhistas aumentaram para 26,7% dos entrevistados, resultado 8,2
pontos percentuais superior ao registrado no mesmo período do ano passado, para
os demais 73,3% não houve alteração. Os custos com matéria-prima foram
superiores para 33,3%, ante 36,0% em fevereiro de 2013, e permaneceram inalterados
para 66,7%. Os custos com água, energia e transporte aumentaram para 28,6%,
16,6 pontos percentuais a mais que fevereiro de 2013, e permaneceu inalterado para
71,4%.
Os estoques também apresentaram resultados
piores que em fevereiro de 2013, já que houve um aumento de 10,2 pontos
percentuais em fevereiro de 2014, totalizando 25,0% das respostas. Para 50%, os
estoques se mantiveram no mesmo nível e, para 25%, ante 25,9% no período
anterior, houve redução dos estoques.

Os indicadores de investimento apresentaram
um resultado decepcionante, com grande parte dos respondentes assinalando que
não irão investir. No que tange às decisões de investimento em ampliação da
capacidade instalada, 53,3% responderam que não irão investir, o maior número
desde dezembro de 2013, e 6,7% que pretendem reduzir o nível de produção, ante
0% em janeiro de 2014 e dezembro de 2013. Ainda assim, 26,7% dos respondentes
assinalaram que pretendem atualizar o maquinário existente e 13,3% que irá
ampliar o número de máquinas. Com relação ao planejamento de investimento para
os próximos 12 meses, os resultados também contrariam o que foi observado em
janeiro, já que 46,7% atestou que não irão investir e 6,7% que irão diminuir o
investimento planejado. A maioria, 53,4%, irá reduzir o investimento planejado
ou não irá investir.
Fotos 1 e 2 – Diretor titular do Ciesp Campinas, José Nunes Filho.
Foto 3 – José Nunes Filho e o coordenador adjunto do centro de Pesquisas Econômicas da Facamp, José Augusto Ruas.
Crédito: Roncon & Graça Comunicações.
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