ESPECIALISTAS DO IBE-FGV APONTAM QUE FELICIDADE NO TRABALHO É QUESTÃO DE MUDANÇA DE HÁBITOS

21 de outubro de 2015.
Para a psicóloga, coach e
professora de Gestão de Pessoas do IBE-FGV, Eline Rasera, a vida moderna tem se
apresentado estressante em decorrência dos afazeres pessoais, profissionais,
sociais ou todos juntos. Por conta da pressa e da necessidade em atender a toda
essa demanda, as coisas são feitas ao mesmo tempo, interferindo nas percepções
sensoriais dos indivíduos. “Andamos, nos alimentamos, conversamos, checamos
computador, trabalhamos, cuidamos da família, praticamos esportes e outros.
Mas, fazemos tudo tão rápido que mal conseguimos prestar atenção ao momento da
realização”, exemplifica. “Evidentemente o corpo, físico e emocional, um dia
sinaliza as consequências desse estilo de vida com quadros como ansiedade,
apatia, depressão, taquicardia, esgotamento e doenças de todos os tipos, que
classificamos como infelicidade”, diz Eline.
Para a especialista, no ambiente de
trabalho não é diferente e, para ser feliz, é preciso mudança de hábitos. “Às
vezes, basta mudar pequenas atitudes ou comportamentos frente à rotina. É fazer
as mesmas coisas de forma diferente e não necessariamente migrar para outra
carreira ou profissão”, comenta.
Para a professora
doutora em Qualidade e especialista em Desenvolvimento Organizacional do IBE-FGV, Rita Ritz, o conceito de felicidade
ou infelicidade profissional é algo subjetivo, que tem significados diferentes
para cada pessoa. “Ter um bom salário, com certeza, é um fator motivador para o
funcionário. Sozinho, porém, pode não ser suficiente para garantir satisfação,
principalmente quando o ambiente de trabalho é ruim ou a atividade não faz
sentido para o colaborador”, explica.
Segundo Rita, o
importante é isolar todos os fatores e identificar exatamente aquilo que está
causando a infelicidade antes de tomar qualquer decisão.
As duas
especialistas concordam que a infelicidade profissional causa malefícios
psicológicos, como desânimo e tristeza, que pode evoluir para algo mais grave
impactando não só na vida do funcionário, como de toda sua família. Por outro
lado, o profissional feliz trabalha cada vez melhor, com qualidade e mais
comprometimento. “O funcionário se sente fazendo parte de algo maior e que faz
todo sentido na vida dele”, completa Rita.
Eline Rasera aponta o Mindfulness como
uma prática que pode ajudar. O estudo dessa modalidade já tem mais de 40 anos e
prega uma vida focada no momento presente, sem apego ao passado e ansiedade
pelo futuro. “É viver o aqui e agora e sem julgamentos. Experiências já tem
demonstrado a legitimidade da prática como uma intervenção eficaz para doenças
físicas e emocionais”, comenta.
Para adquirir esse hábito é preciso
eliminar crenças e adotar novos padrões de comportamento para obter uma vida
com mais qualidade. Os dois primeiros passos são escolha e decisão e os
próximos, a disciplina e a prática.
Para começar, a professora ensina a
dar foco nas pequenas atividades diárias e saborear cada momento. “Isso mesmo.
Sentir o sabor das coisas e o prazer de cada ação. Dar sentido e significado.
Abrir-se para a experiência única, numa atitude não crítica”, revela.
Uma pesquisa realizada no ano passado
indicou que 56% dos profissionais brasileiros afirmaram estar insatisfeitos com
o trabalho. A professora doutora Rita Ritz,
explica que essa percepção é multicausal. “Basicamente, a não realização ou o
não pertencimento ao ambiente tem grande responsabilidade nisto. Isto significa
que se o trabalho que a pessoa executa não tem significado para ela, por melhor
que seja o salário, a desmotivação vai estar presente”.
Para a
especialista, o clima organizacional é um fator de interferência na satisfação.
“Um ambiente no qual as pessoas não sejam confiáveis ou não sejam colaborativas
vai, com certeza, impactar em sua motivação e em sua sensação de felicidade”,
ressalta. O momento da vida pessoal e profissional, bem como a idade do
profissional também devem ser levados em conta.
Rita Ritz ainda
alerta que mais de 70% dos pedidos de demissão são feitos em decorrência do
chefe e não da empresa, em si. “Muitas vezes a infelicidade é causada pelo
relacionamento com a chefia/gestor. Nestes casos, o funcionário gosta da
empresa, a considera boa, mas não consegue conviver com o chefe”, destaca.
Uma mudança de área
dentro da própria empresa já pode resolver a questão, mas quando todas as
avaliações possíveis já foram feitas e, mesmo assim, o profissional tem a
certeza de que é o trabalho que o está deixando infeliz, a mudança de rumo
profissional passa a ser uma possibilidade a ser considerada.
Mas isto exige um
planejamento e, em geral, é de médio e longo prazo. Caso a mudança ocorra, o
apoio da família passa a ser primordial para colaborar com as dificuldades que
poderão surgir durante o percurso. “O apoio da família sempre ajuda, pois um
processo de mudança, quase sempre, indica um investimento e um novo recomeço. E
recomeço, por sua vez, implica uma possível diminuição salarial, em maior
jornada de trabalho, em um tempo necessário para se investir em novos
conhecimentos, entre outros fatores que, quando a família está a par e de
acordo, se tornam menos complicados”, termina a doutora.

Foto 1 – Professora Eline Rasera
Foto 2 – Professora Rita Ritz.
Crédito: Divulgação.

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