O FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE SOJA CERTIFICADA

24 de novembro de 2014.
ARTIGO DE ANA PAULA MALVESTIO E LARA MORAES
A soja é uma das
culturas agrícolas brasileiras cuja produção mais cresceu nas últimas décadas,
em torno de 240% nos últimos 20 anos, respondendo hoje por mais de 50% da área
plantada com grãos no país, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab). É também o produto agrícola que mais representatividade possui na
balança comercial. O complexo soja (grão, farelo e óleo) é o segundo mais
importante item na pauta de exportações do Brasil, ficando atrás apenas do
minério de ferro, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (Mdic).
Além do volume de
produção, a soja brasileira se destaca também pela alta qualidade. O grão
produzido no Brasil e seus subprodutos possuem elevado teor de proteína e
padrão de qualidade premium, o que
permite a sua entrada em mercados extremamente exigentes, como a União Europeia
e o Japão.
Nestes mercados, crescem
cada vez mais as pressões e exigências para que os produtores se adequem aos
parâmetros internacionais de sustentabilidade. É neste contexto que se insere a
certificação da cultura da soja, representada, sobretudo, pela RTRS (Round Table on Responsible Soy), instituição
criada na Holanda, em 2006, para assegurar o cultivo da soja de maneira
sustentável.
Para obter o
certificado da RTRS é preciso obedecer a cinco princípios básicos: cumprimento
legal e boas práticas empresariais, condições de trabalho responsáveis,
relações comunitárias responsáveis, responsabilidade ambiental e práticas
agrícolas adequadas. O pagamento que o produtor recebe pela soja certificada entra como crédito em uma plataforma de comercialização
e fica disponível para os produtores de soja o utilizarem em negociações com os
demais players do mercado.
Segundo representantes
da RTRS, o Brasil tem grande potencial de adequação às normas de
sustentabilidade nas fazendas produtoras de soja, uma vez que apenas 2% da
produção nacional é certificada. O Brasil é o país com maior volume de soja
certificada pela RTRS, cerca de 1,5 milhão de toneladas, 60% da produção
mundial, e a previsão é chegar a 2 milhões até
o fim do ano. No mundo, são 2,5 milhões de toneladas de soja certificada, o que
comprova a capacidade do produtor brasileiro em se adequar aos critérios de
certificação.
Mesmo com a
importância do Brasil neste cenário, existem alguns desafios para a adequação
às normas de certificação, a começar pelos custos para certificar uma
propriedade rural, que são elevados e podem variar de uma propriedade para
outra. O retorno financeiro para quem obtém a certificação também não é muito
maior do que o da soja não certificada.
A maior parte da soja
certificada no Brasil é produzida por grandes grupos agrícolas. Por atuar ao
longo de toda a cadeia, da produção à comercialização, eles se beneficiam da
possibilidade de separar o grão certificado do não certificado no momento da
armazenagem e também diluir os custos inerentes à obtenção da certificação.
Apesar dos desafios,
os benefícios da certificação são significativos e não se limitam ao valor
adicional na comercialização. Uma propriedade certificada, além de garantir
mercado premium para o seu produto,
atinge maior nível de profissionalização, o que se reverte em eficiência
operacional e financeira, permitindo uma gestão com foco em desempenho e
alinhando práticas de respeito ao meio ambiente e às gerações futuras, com
melhor retorno financeiro.
Foto 1 –Lara Moraes – Analista sênior do Centro PwC de Inteligência em
Agronegócio.
Foto 2 – Ana Paula Malvestio – Sócia da PwC Brasil e líder de
Agribusiness para o Brasil e Américas.
Crédito: Divulgação.

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