O MEDO NOSSO DE CADA DIA

22 de setembro de 2015.
ARTIGO DA PROFESSORA E PSICÓLOGA ELINE RASERA

Medo – situação de ameaça, desespero,
de perda de controle, e quando em excesso, o corpo pode sinalizar problemas com
falta de ar, taquicardia, suor frio entre vários outros.
Cada indivíduo responde aos eventos
da vida de uma maneira única, porém os sintomas físicos são iguais para todos
os humanos (alterando a intensidade). Dependendo da história e dos padrões
mentais definidos, cada pessoa apresenta maior ou menor tolerância às situações
de stress.
E por falar em situações de stress,
parece que estamos numa fase em que exemplos não faltam. No mundo, as guerras
nos deixam incrédulos diante da humanidade, as mudanças da natureza respondendo
ao ato insano do ser humano quanto à sua preservação, e em vários países,
principalmente no nosso, atitudes, no mínimo duvidosas, com “desgovernos” que
refletem diretamente no bolso e na saúde dos cidadãos.
Sim, principalmente na saúde. O
número de casos de pessoas com depressão tem aumentado muito, assim como é
significativo o aumento da chamada Síndrome do Pânico – “crise de ansiedade
aguda e intensa, com duração de 15 a 30 minutos e manifestações físicas”
– Luiz Vicente de Mello – psiquiatra. E pior que tudo, esse número
parece incluir jovens que deveriam estar construindo a vida e se divertindo com
ela. No entanto, surgem “aos montes” no consultório com sintomas que, se não
caracterizam a síndrome, pelo menos evidenciam um ataque de pânico. Medo de
tomar decisões e errar, querem vivenciar novas experiências, mas têm receio de
perder o emprego, jovens perto de realizarem o sonho profissional, pensando em
desistir para não comprometer a segurança, afinal, é assim que “pagamos” a vida
e sua manutenção.
Compreensível, muito compreensível.
Mas se por um lado temos um cenário pra lá de pessimista em relação à economia,
por outro temos a necessidade de crescer, aprender, construir um novo mundo.
Viajar, sonhar com novas perspectivas, tomar decisões sem medo de errar, e se
errar, recomeçar, mudar de área, de emprego, desviar a carreira para novas
experiências mundo afora. Jovens desejosos dessa vida com temor de fazer
qualquer coisa que comprometa seus futuros. E o futuro parece estagnado, preso
a uma rotina de manutenção, sem desafios, sem criação e sem realização.
Mas embora seja esse o momento
existente (cenário politico e social), sentir-se indignado diante das barbáries
humanas, ler as noticias e, mais uma vez, um sentimento de impotência tomando
conta do ser, e até mesmo diante das intempéries da natureza, “falando-nos” da
sua escassez, ainda temos a capacidade de escolher, e isso, agora, é muito
importante.
E quando escolhemos, escolhemos
também as consequências. E quando assumimos as consequências, podemos escolher
sem medo. E se tiver com medo, não mude, mas aceite a vida como ela é. Ponto
final!
Uma vez ouvi de um “grande mestre”
que o ser humano sofre principalmente porque cria conflitos. Sim, essa é a pior
de todas as escolhas, ou seja, não escolher e viver desejando situações
opostas, com forças divergentes. O corpo interpreta como situação de “Luta
ou Fuga
” e reage mobilizando todas as funções para responder a esse
“perigo”. E assim, tendo esse padrão como comportamento habitual, pode
instalar-se os sintomas relativos ao pânico.
Portanto, a palavra é “escolha”.
Escolha não sofrer, escolha uma opção, escolha que pode errar e perder ou
escolha não mudar. E aceite as consequências da escolha.
Simples? Sim e não. Depende do que
quiser escolher.
Eline Rasera é psicóloga, pós-graduada em
Recursos Humanos pela FGV; especialista em Psicologia Organizacional pelo CRP;
mais de 25 anos de experiência em coordenação da área de Gestão de Pessoas;
sócia diretora da Consultoria Anel Gestão de Pessoas; Coach pelo ICI-
Integrated Coaching Institute e estudos pela Escola Europeia de Coaching –
Lisboa; professora do curso de pós-graduação da IBE-FGV.
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