OS DESAFIOS DA SUCESSÃO FAMILIAR NO BRASIL

ARTIGO DE AMILCAR PAVAN

Segundo a definição do Sebrae, “um negócio familiar é a interação de dois sistemas separados, a família e o negócio, que estão conectados. As empresas familiares podem incluir diversos membros da família, tanto na parte administrativa quanto como acionistas e membros da diretoria”.

Para John A. Davis, Fundador e Presidente do Cambridge Family Enterprise Group, os dois sistemas se tornaram três, sendo: a família, o negócio e a propriedade. “Algumas dessas pessoas são donas, algumas são membros da família, outras são ambos. E alguns também são gerentes da empresa”.

No Brasil, esse modelo de administração corresponde a mais de 80% das empresas no país.  E não para por ai, segundo o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2021. A estimativa é de que as empresas familiares são responsáveis por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e empregam cerca de 75% da mão de obra no país.

Porém, do início de seu próprio negócio até a chegada ao sucesso corporativo, há um longo caminho, entre esforços e dedicação para percorrer. Para as empresas familiares existe um desafio ainda maior, que é como e quando iniciar o processo de sucessão familiar. Passar o negócio em diante, para herdeiros ou membros da família, é uma prática comum nas empresas que seguem esse modelo de administração. Entretanto, segundo divulgado na 10ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares, revelada no ano de 2021, apenas 24% das organizações se preparam para a sucessão, uma etapa fundamental para a prolongação do sucesso de sua companhia.

Segundo levantamento mundial feito pela The Economist e pelo Family Business School, entre 2004 e 2008, somente um terço dessas organizações conseguem seguir o modelo para a segunda geração da família e, dentre essas, apenas 15% chegam à terceira geração. Os números são ainda mais assustadores se olharmos somente para o nosso país. Uma pesquisa feita pela PwC revelou que essa falta de planejamento no Brasil faz com que apenas 5% das empresas cheguem à terceira geração à frente dos negócios.

Os problemas que um sucessor pode encontrar são diversos, como: uma taxa de juros alta, mudanças grandes no quadro atual de funcionários, tendo que trazer pessoas tão eficientes quanto as atuais, mudanças nos shoppers, entre outros. É um leque de desafios em que as empresas precisam preparar seus sucessores. Estar preparado para essas dificuldades pode ser sinônimo de sucesso e longevidade ao modelo de negócio.

Localizada no interior de São Paulo, a rede de supermercados que administro realiza a sucessão familiar.  Atualmente estamos caminhando para implementar a terceira geração da família em nossos negócios. O que faz termos sucesso em nosso meio? Um jeito que conseguimos implementar para garantir o nosso sucesso é o conselho consultivo da empresa. Ele nos auxilia a fazer as transições e manter o modelo de gestão alinhado com a expectativa da rede.

Pode parecer uma alternativa fora do comum no mercado de varejo, mas é uma forma que lidamos com o nosso crescimento nos últimos anos. Isso garante que os mais novos membros familiares possam fazer uma gestão inteligente e assumir a parte administrativa ao longo do tempo, sem pular etapas e sem estar qualificado para a função que a pessoa irá exercer.

Claro que existem outras formas, tão eficientes quanto a nossa, que ajudam no processo de passagem de bastão. Dessa maneira, é possível manter o desempenho que a empresa entrega. Por conta disso, é necessário fazer um estudo de cada estrutura familiar e a forma que a instituição trabalha para poder gerar sucesso futuramente.

O melhor a se fazer é começar o processo de sucessão o quanto antes, assim evitando desgastes e insucesso no modelo de negócio.  É preciso se preparar e alinhar a expectativa da empresa com todos os membros familiares que serão colocados na área administrativa para continuar tendo sucesso.

 

Amilcar Pavan é formado em Publicidade pela PUC-Campinas em 2005 com MBA em Inteligência de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é um dos sócios-proprietários do Flex Atacarejo e Asp Horti-mercado, com unidades em Valinhos e Vinhedo.

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