POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA REINVENTADA

26 de fevereiro de 2016.
ARTIGO DE JANA NELSON

O México e o Brasil
se reuniram para discutir a expansão do acordo de investimento bilateral. Não é
um acordo de livre comércio; é um acordo de investimento. A nuance é
importante. Este acordo significa o fim de uma batalha silenciosa de três anos
entre as duas maiores economias da América Latina sobre exportações de
automóveis. Isso também significa o culminar de uma política externa brasileira
discreta. Este acordo é um dos muitos que o chanceler Mauro Vieira tem
promovido em meio à crise econômica no Brasil e uma falta de interesse político
no livre comércio. Não é um acordo de livre comércio, mas é uma excelente
alternativa.
Desde que assumiu o
cargo, durante uma crise económica e uma aprovação historicamente baixa do
governo Dilma, o chanceler brasileiro, discretamente, fez dos limões uma
limonada. O “Novo Modelo para Acordos de Investimento” é uma dessas limonadas
do Ministro Vieira. No âmbito desta iniciativa, ele renovou investimentos e
acordos econômicos com Moçambique (Março de 2015), Angola (Abril de 2015),
Malawi (Junho de 2015), Colômbia (Setembro de 2015), e agora com o México,
depois de um ano de negociações `as quais começaram em maio de 2015.
O atual partido no
poder tende a não ser favorável a acordos de livre comércio. E, por um lado, o
Brasil não precisa de um acordo de livre comercio–as 200 milhões de pessoas
que conformam seu mercado interno são o suficiente para atrair muitas
multinacionais. Mas, por outro lado, o mercado interno não é grande o
suficiente para compensar ser deixado de fora de algo tão grande como um Acordo
Transpacifico unido a um Acordo Transatlântico.
O Ministro Vieira
entende suas limitações políticas domésticas, mas também reconhece que o Brasil
não pode se dar ao luxo de estar economicamente isolado. Este “novo modelo”
é sua maneira de ter sol na eira e chuva no nabal. Ao negociar a assinatura
destes acordos, o Brasil constrói boa vontade política e estabelece as bases
para potenciais acordos de livre comércio quando o ambiente político for
propício.
A reunião de alto
nível desta semana no México e os seus resultados não devem passar
despercebido. Embora não seja vinculante, a negociação expande o acordo de
investimento assinado em maio de 2015, inclui discussão de cooperação
aduaneira, cooperação bilateral em matéria de turismo, cooperação em assuntos
consulares, e até mesmo abre a porta para a cooperação em acordos regionais,
incluindo o MERCOSUL e Aliança do Pacifico. O México é o oitavo maior parceiro
comercial do Brasil, com grande potencial de crescimento. Há mais de 30 CEOS
brasileiros em empresas globais no México. E há várias marcas mexicanas no
Brasil que são frequentemente consideradas nacionais – Fogões Continental e Pão
de forma Pullman, são exemplos.
O Ministro Vieira
começou seu mandato como Ministro de Relações Exteriores com um Itamaraty
desmoralizado.  Embora discretamente e
com cautela, desde que foi empossado, o Ministro Vieira tem injetado
criatividade, pró-atividade, e ordem necessária no Ministério das Relações
Exteriores. O Novo Modelo de Acordos de Investimento é um exemplo, mas também o
são os frequentes comunicados de imprensa sobre temas globais que o Itamaraty
agora produz; o lento, porem deliberado esforço de apoio `as diplomatas
mulheres; e as inúmeras visitas a países amigos que ele tem feito recentemente,
que não ‘e uma tarefa fácil em tempos de redução de custos.
A aula inaugural do
Ministro Vieira deste ano no Instituto Rio Branco incluiu uma referência ao
chanceler Azeredo da Silveira que disse “A melhor tradição do Itamaraty é
saber renovar-se.” Este também parece ser o legado do Ministro Vieira — a
reinvenção da política externa brasileira.
Jana Nelson é
vice-presidente da Speyside
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