SINDUSCON-SP ALERTA QUE FUNDINGS DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL ESTÃO EM XEQUE

Os dois fundings de financiamento habitacional, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), estão em xeque e ameaçam a recuperação do mercado imobiliário. O Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando a correção do FGTS e, se decidir pelo fim da TR (Taxa Referencial), a repercussão será devastadora e poderá reduzir o alcance do programa Minha Casa, Minha Vida à faixa 3. E os bancos, super aplicados na exigibilidade da aplicação dos recursos da Poupança em crédito imobiliário, elevaram os juros e dificultaram o acesso aos financiamentos. Ainda assim, o ciclo de negócios manteve resiliência nos primeiros meses do ano, com elevação das vendas e diminuição de lançamentos.  “Na região, a procura para a aprovação de plantas de novos empreendimentos imobiliários se mantém, porém as incertezas em relação aos financiamentos também persistem e nos trazem preocupação para os próximos meses”, comentou o diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marcio Benvenutti. A preocupação maior é com a retomada efetiva do segmento de construção de empreendimentos habitacionais de interesse social (habitação para a baixa renda), que gera movimento em toda a cadeia produtiva.

Por outro lado, com relação a mão de obra, Benvenutti afirmou que o problema de falta de profissionais qualificados para o setor da construção na região, como ocorreu de forma mais intensa no ano passado, se encaminha para um nível de normalidade. Interrompidos em razão da pandemia da covid-19, o diretor anuncia a retomada dos cursos de qualificação em parceria com o Senai, para a formação de mestre de obra. Serão iniciados cursos para pedreiro, carpinteiro e eletricista.

Segundo o presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan, o crédito imobiliário está escasso e o resultado das vendas não é animador, com preços reduzidos dos imóveis, não havendo justificativa para otimismo no mercado. Esta visão foi corroborada por Odair Senra e Mauricio Bianchi, vice-presidentes da entidade. O momento é convidativo para o comprador, mas os bancos dificultam o acesso ao crédito, comentaram.

Eduardo Capobianco, representante do SindusCon-SP junto à Fiesp, observou que a forte restrição ao crédito e os juros elevados influenciam a redução dos lançamentos e deverão afetar o mercado no futuro.

Para Eduardo Zaidan, vice-presidente da entidade, o mercado está vivendo um momento de mau humor com a inflação e os juros altos, além do fato de o presidente do Banco Central ter declarado que ainda não está garantida a responsabilidade fiscal, condição para a redução dos juros.

De acordo com Zaidan, o arcabouço fiscal apresentado pelo governo passa necessariamente por um aumento da arrecadação. Ele informou que o Grupo de Trabalho sobre a Reforma Tributária do SindusCon-SP avança, com subsídios técnicos para demonstrar que a construção deve ser excepcionalizada de uma futura alíquota única do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) a ser criado. “Os produtos da construção não são bens de consumo, e sim ligados a investimentos”, afirmou.

Perspectivas do crédito habitacional

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), comentou que o caso Americanas tornou o mercado bancário ainda mais restritivo na concessão de crédito. E mostrou que os dois principais fundings da habitação, FGTS e SBPE, estão em xeque.

Em sua apresentação, a economista mostrou que houve crescimento de 44% das contratações com recursos do FGTS para o financiamento da habitação, e de 12% no número de unidades financiadas, nos primeiros dois meses do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Caso subam os juros por consequência de uma eventual decisão do STF pela mudança da correção dos depósitos do Fundo, haverá forte impacto, e o programa Minha Casa, Minha Vida giraria apenas em torno da faixa 3.

No SBPE, as contratações vêm declinando, com quedas de 15% nas contratações e de 30% no número de unidades, no primeiro bimestre, comparado ao mesmo período do ano passado. O crédito está mais restritivo e caro, afetando o ciclo de negócios em andamento. A captação líquida da Poupança segue baixando e os bancos estão super aplicados, comentou Ana Castelo.

Ela mostrou uma simulação sobre o efeito negativo que a elevação dos juros no crédito imobiliário tem sobre a renda exigida das famílias, o valor das prestações e a consequente exclusão das famílias do acesso ao financiamento. Mesmo assim, há resiliência por parte do mercado imobiliário, que reduziu o volume de lançamentos, mas elevou as vendas. No mercado da cidade de São Paulo, as vendas do segmento econômico cresceram, e as do segmento de médio e alto padrão continuaram puxando para cima o resultado final. A questão é até quando esta resiliência vai se manter, prosseguiu a economista.

 

Foto: Diretor do Sinduscon Campinas, Marcio Benvenutti e o presidente do Sinduscon-SP, Yorki Estefan.

Crédito: Divulgação.

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