A PROFISSIONALIZAÇÃO DO CHÃO DE FÁBRICA

07 de maio de 2015.
Ocupar um cargo de auxiliar de produção nos dias atuais não é mais
tarefa fácil. Com o avanço da tecnologia e, sobretudo, a complexidade dos
processos produtivos, as indústrias passaram exigir níveis de formação mais
altos em todas as áreas, inclusive naquelas que um dia já foram chamadas de
“chão de fábrica”.

De acordo com a especialista em desenvolvimento organizacional do IBE-FGV, Rita Ritz, isso tem acontecido porque o
nível de competição tem se tornado altíssimo, o que tem feito com que as
companhias busquem incessantemente pela inovação e diferenciação. “Existe uma
demanda por profissionais que tenham a capacidade de fazer a leitura de uma
situação antes de executar uma tarefa e isso impacta diretamente no nível de
formação”, destaca Rita.
De acordo com a especialista, as organizações passaram a perceber que as
pessoas são um diferencial. “O nível de orientação de um profissional
influencia até mesmo em questões mais básicas, como segurança. Aquele
pensamento de produção linear, em que o funcionário desempenha uma função quase
que mecânica, desaparece, dando espaço para um profissional que sabe analisar o
cenário e tomar decisões”, aponta.
Líder do mercado de papéis térmicos na América Latina, a OJI Papéis Especiais é uma das empresas que tem vivido essa realidade. Hoje, para ser
contratado como auxiliar de produção da empresa, o mínimo exigido é a formação
de ensino médio. Ademais, conhecimentos em matemática e português são tidos
como quesitos fundamentais, cursos de informática ou do setor são diferenciais
e tudo é avaliado desde o currículo. 
Segundo o vice-presidente da empresa, Agostinho Monsserocco, todo esse
processo se faz necessário pelas características das funções que serão
exercidas. A empresa, que possui quase 600 profissionais e produz mais de 70
mil toneladas de papel por ano, conta com um processo produtivo de alta
tecnologia, com operações e monitoramentos feitos, em sua maioria, por
softwares. Para se ter uma ideia, quase todos os profissionais da OJI possuem um
computador, e-mail, acesso à internet e são responsáveis por um relatório ao
fim de cada turno. “Por isso é importante uma capacidade analítica, que
posicione o funcionário, de fato, como um profissional”, conta.

De acordo Rita Ritz, as empresas têm enfrentado dificuldades de
encontrar esses profissionais, tendo em vista que o sistema educacional do
Brasil não tem preparado bem os futuros trabalhadores. “A alternativa é a
formação dentro da própria organização”, diz.

Foi o que aconteceu com Ivam Amorim Costa. Ele conta que, antes de
começar a trabalhar na OJI, sempre buscou aperfeiçoar a formação, fazendo
cursos de informática, logística, ISO 9001 e 14001, e contabilidade, além de
treinamentos. “Toda esta base de cursos me ajudou”, diz.

Após ser admitido, ele começou a aproveitar as oportunidades oferecidas
pela empresa. Hoje, ele faz o curso de Técnico em Química, com metade dos
custos bancados pela OJI. “Esse investimento auxilia muito no desenvolvimento
das atividades cotidianas e me dá a chance de continuar crescendo para poder
melhorar a minha vida pessoal e profissional, além de ajudar a organização”,
afirma.   
Para Monsserocco, a formação interna é uma alternativa viável e
rentável. “Quando encontramos um bom profissional, temos que valorizá-lo. Hoje,
a nossa taxa de rotatividade é baixíssima e quase 80% dos profissionais dizem
que querem continuar trabalhando aqui pelos próximos cinco anos. Esses são os
benefícios de uma seleção bem feita, valorização pessoal e profissional”,
aponta.

Foto 1 – Especialista em desenvolvimento organizacional da IBE-FGV, Rita Ritz.
Foto 2 – Vice-presidente da OJI, Agostinho Monsserocco.
Foto 3 – Funcionário da OJI, Ivam Amorim Costa.
Crédito: Divulgação.

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