ARTIGO DE PAULO PERROTTI

05 de novembro de 2014.
O novo e maravilhoso
mundo dos games
Paulo
Perrotti
Em uma visão
superficial, seria muito simples reduzir os jogos eletrônicos, ou games como
são comumente conhecidos pelos aficionados, a códigos binários que podem ser
lidos e decodificados em equipamentos eletrônicos ou qualquer outro tipo de
dispositivo assemelhado, tais como os tradicionais computadores ou os mais
modernos celulares smartphones, tablets ou
consoles próprios de vídeo game, dentre eles os mais conhecidos PlayStation ou
XBox. De fato, tecnicamente, os games não passariam de programas de computador
que serviriam basicamente para nos divertir e entreter, de uma forma
despretensiosa e sem compromisso.
Mantendo-se ainda uma
abordagem simplista a respeito do tema, chegaríamos à conclusão de que apenas a
Lei de Software (Lei 9.609/98) seria o único e exclusivo dispositivo legal
adequado para regular os games, em todos os seus âmbitos e circunstâncias.
Afinal, é assim que o
mercado tradicional de tecnologia encara os jogos eletrônicos: como uma criação
composta meramente de códigos fonte, desenvolvida principalmente por empresas
de Tecnologia da Informação, personificada em um Software e fruto dos esforços de dezenas de
desenvolvedores tecnólogos formados em informática.
Entretanto, não é só
assim que os mercados mais modernos encaram os games, conforme foi possível
constatar na mais recente missão brasileira de desenvolvedores de jogos
eletrônicos ao Canadá, liderada pela Abragames e que contou com a participação
da Câmara de Comércio Brasil Canadá, com destaque para a participação da
delegação em um dos mais renomados e representativos eventos do mundo a
respeito do assunto: o MIGS – Montreal International Game Summit.
A verdade é que o MIGS
evidenciou aos participantes, de uma forma direta e objetiva, as mais diversas
e criativas faces do que seria um game. De fato, nos bastidores, são empregados
roteiristas, atores, designers, sonoplastas, produtores, psicólogos,
pesquisadores e até mesmo advogados, dentre uma enorme gama de profissionais,
que visam identificar, estudar, interpretar e codificar as mais diversas formas
de emoção e sentimento, traduzindo-as em jogos eletrônicos, com o fim de
seduzir o usuário e transportá-lo a um novo mundo de sensações e experiências.
Neste panorama, o
desenvolvedor de software, como conhecemos,
tem uma relevância relativizada, já que são empregados inúmeros tipos de
conhecimento e expertise para a concepção de um jogo eletrônico, gerando um
ecossistema heterogêneo e propício para a exploração e desenvolvimento de um
mercado, cuja sinergia ainda é pouco compreendida no Brasil. Não é difícil
constatar que o mercado de games é capaz de gerar e manter os mais diversos
tipos de emprego. Trata-se de uma economia limpa, criativa e sustentável e que
desenvolve também subprodutos, tais como o licenciamento de personagens,
produções áudio-visuais tais como filmes e desenhos, brinquedos, roupas,
colecionáveis e até alimentos.
Por isso é que a maioria
dos aplicativos eletrônicos mais modernos utiliza uma filosofia chamada
“gamification”, ou seja, exploram o uso de técnicas e mecânicas de jogos, 
como a teoria da diversão e a recompensa positiva, para melhorar em relação às
abordagens tradicionais de qualquer tipo de serviço ou aplicação comercial,
sobretudo no que se refere a envolver pessoas em processos seletivos e metas de
produção, a se familiarizarem com novas tecnologias, agilizar seus processos de
aprendizado ou treinamento, desenvolver suas competências e tornar mais
agradáveis tarefas consideradas tediosas ou demasiadamente repetitivas.
A conclusão é que o
mercado de jogos eletrônicos, ou games, transcende o mundo da tecnologia, sendo
o principal protagonista de uma emergente Indústria do Entretenimento, que
envolve também a Cultura, a Arte e a Educação. O Brasil terá de acompanhar
essas tendências, com políticas de incentivo que entendam essas diferentes
demandas e criem oportunidades para este novo mundo, que é irreversível e veio
para ficar.
Paulo Salvador Ribeiro Perrotti é sócio no Perrotti e Barrueco
Advogados Associados. Consultor e Advogado é Pós-Graduado em Administração de
Empresas e especializado em Direito de Informática e Mercado Financeiro.
Compartilhe:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Veja também

VIRACOPOS ESTÁ RECEBENDO TRÊS NOVOS VOOS CARGUEIROS REGULARES SEMANAIS DA LATAM VINDOS DA EUROPA

O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), passou a receber a partir de abril …

Deixe uma resposta

Facebook
Twitter
LinkedIn