AS MELHORES PROFISSÕES PARA O FUTURO

31 de agosto de 2015.
ARTIGO E MARCELO VERAS
Quando iniciei a
minha faculdade de engenharia química, em 1990, havia quatro engenharias
clássicas (mecânica, elétrica, civil e química) e algumas “nascendo” (produção,
alimentos, entre outras). Mas as clássicas eram as clássicas. No total, creio
que não passava de 100 o número total de denominações de cursos superiores no
Brasil, divididos entre ciências humanas, exatas e biológicas. Quando concluí o
meu curso, já havia, só nas engenharias, 32 modalidades com 56 ênfases. Hoje,
passam de 100. Surgiram engenharias como: petróleo, açucareira, genética,
bioquímica e várias outras. Este processo não se deu apenas nas engenharias.
Vários outros cursos engravidaram e pariram filhos com os mais diversos nomes,
todos no caminho de uma especialização e um foco maior em alguma área de
conhecimento.
Não tenho nada
contra o termo “especialização”, muito pelo contrário. Na medicina, por
exemplo, isso é fundamental. Eu não gostaria de ser tratado de um problema
sério no pulmão por um clínico geral. Nem você, concorda? Nesta área, sempre
buscamos o maior especialista no assunto. Em outra carreira clássica, Direito,
a especialização também é fundamental para uma carreira de sucesso. Mas
Medicina e Direito são, na minha visão, as duas únicas carreiras que devem
continuar com essa demanda de especialistas. Nas demais, creio que a conversa
será outra.
Desde 2009 bebo
na fonte das tendências e gestão da inovação. O meu sócio e amigo Luis
Rasquilha, hoje um dos caras que mais entende de futuro e inovação no mundo,
desenvolveu um estudo chamado “o futuro das carreiras e as carreiras do futuro”
e ministra palestras sobre o tema. Já o assisti falando sobre isso pelo menos
cinco vezes. E a cada vez saio mais incomodado. Nesse estudo ele apresenta as
50 profissões do futuro. Veja, não estou falando de cursos do futuro, mas sim
de carreiras do futuro. A pergunta que faço a mim mesmo ao final é sempre a
mesma: “Que curso superior existe hoje que pode formar um profissional para
fazer isso?”. A resposta é assustadora: quase nenhum. Mas saio sempre com algo
a mais na cabeça: Uma convicção quase religiosa de que um profissional para
lidar com essas demandas e oportunidades de carreira não pode ser um
especialista, mas sim um generalista.
Essa discussão é
boa, longa e polêmica. É melhor ser um especialista ou um generalista? No caso
de Medicina e Direito já dei a minha opinião. Nas demais carreiras, vou fazê-la
agora, sem muitos preâmbulos.
Quando olho para
as tendências mapeadas para os próximos 20-30 anos, conhecimento que hoje tenho
acesso fácil e contato frequente, entendo claramente que muitos produtos,
serviços, negócios e, por consequência, demanda por profissionais, ainda não
foram sequer inventados. Talvez mais de 50% das coisas que vamos comprar, das
empresas que vão existir e das atividades profissionais ainda não foram
inventadas. E quem chega a essa conclusão constrói rapidamente uma convicção:
“Por que vou me especializar em algo se não tenho certeza que isso vai existir
no futuro?”. O açúcar, como conhecemos hoje, vai existir no futuro? A fonte de
energia do futuro será o petróleo? Se isso tudo virar peça de museu, o que
acontecerá com alguém formado em engenharia açucareira ou de petróleo?
Obviamente esses profissionais não vão morrer, mas terão que desenvolver novos
conhecimentos e mudar de área. Isso não é o fim do mundo, mas vai dar muito
trabalho.
O tema é longo e
o espaço limitado. Portanto quero deixar apenas uma reflexão e uma provocação
para que você pense no assunto, busque mais informações e tire suas conclusões.
Mas a minha visão é muito clara sobre isso. Acho que, no futuro, a competência
mais demandada será a que chamo de “capacidade de aprender a aprender”. Ou
seja, como as mudanças virão cada vez mais disruptivas, sobreviverá e crescerá
aquele profissional que for um bom generalista e que possa transitar por várias
carreiras e profissões quando surgir uma nova oportunidade, aprendendo
rapidamente o que tiver que ser aprendido. Nesse sentido, a minha recomendação
é que se busque profissões cada vez mais amplas e menos especializadoras. Até o
próximo!
CEO da Atmo
Educação, Marcelo Veras é sócio e membro do conselho
da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial
e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos, possui
experiência de 25 anos em empresas como Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM,
ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional
e Atmo Educação. Autor/Organizador dos livros “Métodos de Ensino para
Nativos Digitais” (Atlas, 2010) e “Gestão de Carreira e Competências” (Atlas,
2014), é mediador do FAB – Future Advisory Board, grupo
de CEOs da Região de Campinas, que se reúne bimestralmente para
discutir Futuro e Tendências.
Marcelo Veras é
graduado em Engenharia Química, com Pós-Graduação em Gestão de Produção, MBA
Executivo em Marketing e em Gestão de Negócios, além de Master em
Tendências, Coolhunting e Gestão da Inovação.
  
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